"Vamos continuar a beneficiar deste fascinante microclima. Até ao próximo ano, esperemos que a inflação já tenha descido um pouco e que estejamos a ser mais bem-sucedidos no nosso mandato". Christine Lagarde despediu-se do Fórum do Banco Central Europeu (BCE) com os desejos para daqui a um ano: o vento deverá manter-se uma realidade em Sintra, mas a inflação espera que já não seja um problema. Aliás, a presidente da autoridade monetária, tal como os pares dos EUA e Reino Unido deixaram a garantia de que continuarão a subir juros enquanto for preciso.
Os ventos fortes que os banqueiros centrais enfrentaram na serra de Sintra não foram impedimento para deixarem o seu lado mais "hawkish" voar. Multiplicaram-se os sinais de que as políticas monetárias ainda não estão suficientemente restritivas e, mesmo quando chegarem a esse ponto, irão manter-se por lá durante um longo período de tempo.
"A política ainda não foi restritiva o suficiente por tempo suficiente", disse Jerome Powell, presidente da Reserva Federal (Fed) dos EUA Um dos bancos centrais que mais cedo começou e mais subiu juros desde o início do ciclo – em 15 meses foi um total de 500 pontos base –, a Fed resolveu no início do mês fazer uma pausa na estratégia.
"O que lhe estamos a chamar é uma manutenção dos atuais níveis de taxas de juro", disse o norte-americano. Avançou que "há mais restrição" monetária no futuro e admitiu mesmo que a Fed voltar a fazer subidas em mais do que um encontro consecutivo não é uma hipótese fora de questão.
Em sentido contrário, o Banco de Inglaterra (BoE) surpreendeu o mercado na última reunião de política monetária ao subir juros mais do que o esperado (em 50 pontos base) e não deverá ficar por aqui. O governador da autoridade monetária britânica, Andrew Bailey, sublinhou que "temos trabalho a fazer".
Desde 2021, cerca de 95% dos bancos centrais de todo o mundo subiram as taxas de juro de referência, de acordo com dados do Banco de Pagamentos Internacionais (BIS). É mais expressivo do que durante a crise inflacionista dos choques petrolíferos nos anos 1970 e mais intensa ação sincronizada de acordo monetário global em décadas.