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Guterres: Pressa de substituir petróleo e gás russos pode precipitar aquecimento global
"Os países podem ficar tão afetados pela falta imediata de combustíveis fósseis que negligenciam ou menosprezam as políticas de redução do uso de combustíveis fósseis", disse o secretário-geral das Nações Unidas, numa declaração vídeo, num evento da revista The Economist.
21 de Março de 2022 às 15:59
Os países que lutam para substituir o abastecimento russo de petróleo, gás e carvão por qualquer alternativa disponível podem alimentar a "destruição mutuamente garantida" do mundo através das mudanças climáticas, alertou o secretário-geral das Nações Unidas.
António Guterres afirmou que a estratégia de "qualquer outra coisa" que está a ser adotada pelas principais economias para acabar com as importações de combustíveis fósseis da Rússia por causa da invasão da Ucrânia pode matar as esperanças de manter o aquecimento global abaixo de níveis perigosos.
"Os países podem ficar tão afetados pela falta imediata de combustíveis fósseis que negligenciam ou menosprezam as políticas de redução do uso de combustíveis fósseis", disse, numa declaração divulgada através de vídeo, num evento organizado pela revista The Economist.
"Isto é loucura. A dependência de combustíveis fósseis é uma destruição mutuamente assegurada", alertou.
A Alemanha, um dos maiores consumidores de energia russa, quer aumentar o fornecimento de petróleo a partir do Golfo e acelerar a construção de terminais para receber gás natural liquefeito.
Nos Estados Unidos, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse, no início deste mês, que a guerra na Ucrânia constitui uma razão para os produtores norte-americanos de petróleo e gás "aumentarem a extração no solo do próprio país".
Posicionando-se contra este tipo de estratégia, Guterres lembrou que o momento atual deve servir para "pisar no acelerador em direção a um futuro de energias renováveis".
As declarações do secretário-geral das Nações Unidas foram feitas numa altura em que os cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU iniciaram uma reunião de duas semanas para finalizar o último relatório sobre os esforços mundiais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, que estão a aumentar a temperatura média do planeta.
Um relatório separado, divulgado no mês passado, revelou que metade da humanidade já enfrenta sérios riscos devido às alterações climáticas e refere que a situação vai piorar a cada décimo de grau de aumento do calor.
Segundo Guterres, a meta estabelecida no acordo sobre o clima assinado em Paris - de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius - está "ligada às máquinas de suporte de vida" porque os países não estão a fazer o suficiente para reduzir as emissões.
Com temperaturas já cerca de 1,2°C mais altas agora do que antes da industrialização, manter a meta de Paris exige um corte de 45% nas emissões globais até 2030, sublinhou.
Mas após uma queda do aumento constante da temperatura, no período mais crítico da pandemia de covid-19, em 2020, quando uma grande parte do mundo estava "parada" e confinada, as emissões voltaram a crescer acentuadamente no ano passado.
"Se continuarmos assim, podemos dizer adeus a [alcançar a meta de aumento máximo da temperatura de] 1,5 graus", avisou, lembrado que "mesmo 2ºC podem estar já fora do alcance. E isso seria uma catástrofe".
Na sua mensagem, António Guterres instou as economias mais desenvolvidas e as emergentes a fazerem cortes significativos de emissões de gases, inclusive acabando rapidamente com a sua dependência do carvão -- o combustível fóssil mais poluente -- e responsabilizando as empresas privadas que continuam a apoiar o seu uso.
António Guterres afirmou que a estratégia de "qualquer outra coisa" que está a ser adotada pelas principais economias para acabar com as importações de combustíveis fósseis da Rússia por causa da invasão da Ucrânia pode matar as esperanças de manter o aquecimento global abaixo de níveis perigosos.
"Isto é loucura. A dependência de combustíveis fósseis é uma destruição mutuamente assegurada", alertou.
A Alemanha, um dos maiores consumidores de energia russa, quer aumentar o fornecimento de petróleo a partir do Golfo e acelerar a construção de terminais para receber gás natural liquefeito.
Nos Estados Unidos, a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, disse, no início deste mês, que a guerra na Ucrânia constitui uma razão para os produtores norte-americanos de petróleo e gás "aumentarem a extração no solo do próprio país".
Posicionando-se contra este tipo de estratégia, Guterres lembrou que o momento atual deve servir para "pisar no acelerador em direção a um futuro de energias renováveis".
As declarações do secretário-geral das Nações Unidas foram feitas numa altura em que os cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU iniciaram uma reunião de duas semanas para finalizar o último relatório sobre os esforços mundiais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, que estão a aumentar a temperatura média do planeta.
Um relatório separado, divulgado no mês passado, revelou que metade da humanidade já enfrenta sérios riscos devido às alterações climáticas e refere que a situação vai piorar a cada décimo de grau de aumento do calor.
Segundo Guterres, a meta estabelecida no acordo sobre o clima assinado em Paris - de limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius - está "ligada às máquinas de suporte de vida" porque os países não estão a fazer o suficiente para reduzir as emissões.
Com temperaturas já cerca de 1,2°C mais altas agora do que antes da industrialização, manter a meta de Paris exige um corte de 45% nas emissões globais até 2030, sublinhou.
Mas após uma queda do aumento constante da temperatura, no período mais crítico da pandemia de covid-19, em 2020, quando uma grande parte do mundo estava "parada" e confinada, as emissões voltaram a crescer acentuadamente no ano passado.
"Se continuarmos assim, podemos dizer adeus a [alcançar a meta de aumento máximo da temperatura de] 1,5 graus", avisou, lembrado que "mesmo 2ºC podem estar já fora do alcance. E isso seria uma catástrofe".
Na sua mensagem, António Guterres instou as economias mais desenvolvidas e as emergentes a fazerem cortes significativos de emissões de gases, inclusive acabando rapidamente com a sua dependência do carvão -- o combustível fóssil mais poluente -- e responsabilizando as empresas privadas que continuam a apoiar o seu uso.