Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Gomes Cravinho admite que errou e lamenta ter nomeado ex-diretor para empresa pública

O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou esta quarta-feira que "sobrestimou" o currículo do ex-diretor-geral de Recursos da Defesa, atual arguido numa investigação judicial, e que foi "um erro" nomear Alberto Coelho para uma empresa pública.

Manuel de Almeida / Lusa
08 de Fevereiro de 2023 às 13:19
  • ...
"Eu sobrestimei os 19 anos de diretor-geral, sobrestimei aquilo que tinha sido todo o currículo do doutor Alberto Coelho, (...) sobrestimei essa análise, essa parte da análise, e sobrestimei a outra parte que vem presente no relatório da auditoria [da Inspeção-Geral da Defesa Nacional]. Portanto, há aí um erro, que eu reconheço a posteriori", afirmou João Gomes Cravinho.

O governante, que tutelou a Defesa entre 2018 e 2022, falava na comissão parlamentar de Defesa, onde foi ouvido a requerimento do PSD, audição em que também participou o secretário de Estado da Defesa Nacional, Marco Capitão Ferreira.

Gomes Cravinho frisou que, na altura em que decidiu nomear Alberto Coelho para a empresa pública ETI - Empordef Tecnologias de Informação, o ex-diretor tinha "40 e tal anos de serviço, 19 anos como diretor-geral e um serviço prestado ao ministério", a que acresce o facto de a Inspeção-Geral de Defesa Nacional (IGDN), numa auditoria à derrapagem das obras no antigo Hospital Militar de Belém, ter considerado que não estava "em causa a boa-fé" de Alberto Coelho nessas obras.

"A minha presunção naquele momento, e penso que do lado da IGDN terão pensado a mesma coisa (...) é que, na ânsia de mostrar resultados, de mostrar a obra, o diretor-geral tinha atropelado todos os procedimentos devidos e tinha produzido a obra, mas com muitas inconformidades legais, como diz o relatório da IGDN. Naquele momento não tinha razões para duvidar da boa-fé, e o relatório da IGDN também coloca nesses termos as suas conclusões", salientou.

O atual ministro dos Negócios Estrangeiros disse que "lamenta muito" ter feito essa nomeação e reiterou que, se tivesse na altura a informação que tem hoje, "nunca a teria feito".

"A avaliação que fiz na altura foi que o capital de conhecimento, o percurso do doutor Alberto Coelho, teriam utilidade. Não tinha elementos que permitissem pensar em má-fé e, portanto, a nomeação para a ETI seguiu o seu percurso. Agora, se foi um erro? Claro que foi um erro", reconheceu.

Questionado pelo deputado do Chega André Ventura sobre se a ideia de nomear Alberto Coelho para a Empordef partiu de Marco Capitão Ferreira, na altura presidente da idD - Portugal Defence, Gomes Cravinho respondeu que ambos tinham "um diálogo regular, corrente" e que o nome de Alberto Coelho surgiu nessa discussão.

"Agora, quem se lembrou em primeiro momento, em que momento da conversa, em qual conversa das muitas que a gente vai tendo? Não lhe sei dizer, até porque não tem importância nenhuma. Eu assumo a minha responsabilidade, e o senhor Marco Capitão Ferreira também seguramente que a assume", frisou.

Gomes Cravinho fez ainda uma cronologia dos acontecimentos desde 2020, altura em que foi tomada a decisão de reconverter o antigo Hospital Militar de Belém num Centro de Apoio Militar à covid-19 - obra que derrapou de 750 mil euros para 3,2 milhões.



Ver comentários
Saber mais João Gomes Cravinho Hospital Militar de Belém PSD Alberto Coelho política executivo (governo) defesa parlamento ministros
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio