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França avisa que vai lutar "em todas as fases" contra o acordo UE-Mercosul
"A França lutará em todas as fases ao lado dos Estados-Membros que partilham a sua visão", disse a ministra do Comércio Externo interina.
França vai lutar "em todas as fases" do processo de aplicação do acordo União Europeia (UE)-Mercosul, disse esta sexta-feira a ministra do Comércio Externo interina, sublinhando que o anúncio do acordo de Montevideu não supõe a sua assinatura.
"A luta não acabou", afirmou Sophie Primas na rede social X, rejeitando categoricamente este acordo de comércio livre devido ao impacto que este possa ter sobre o setor agrícola.
#Mercosur : le combat n'est pas terminé.
Ce qu'il se passe à Montevideo n’est pas une signature de l’accord, mais la conclusion politique de la négociation. Celle ci n'engage pas les États membres.
C'est maintenant au Conseil européen puis au Parlement européen de s'exprimer.… — Sophie Primas (@sophieprimas) December 6, 2024
A responsável francesa indicou que agora o Conselho Europeu e depois o Parlamento Europeu têm de se pronunciar.
"A França lutará em todas as fases ao lado dos Estados-Membros que partilham a sua visão", concluiu.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que esteve em Montevideu para selar o acordo com o Mercosul, disse que hoje "é um dia histórico", que a aliança entre os dois blocos está a ser "fortalecida" e está a ser enviado "uma mensagem clara e poderosa ao mundo".
Na quinta-feira, quando se soube que Von der Leyen se encontrava na capital uruguaia, o Presidente francês, Emmanuel Macron, recordou a posição do seu país, que considera o acordo "inaceitável no seu estado atual".
"Continuaremos a defender incansavelmente a nossa soberania agrícola", afirmou Macron.
A França queixa-se que este acordo permitirá a entrada na UE de produtos que não cumprem as normas europeias de saúde ou ambientais e que isso representa uma concorrência desleal que prejudicará gravemente os seus agricultores e criadores de gado. Critica ainda que o acordo não tenha integrado o Acordo Climático de Paris.
A Comissão Europeia quis avançar com o acordo nas últimas semanas, de mãos dadas com a maioria dos países da UE, e em particular a Alemanha e a Espanha, num momento de grande debilidade política para Macron face à crise política que a França está a viver, com a queda do Governo do primeiro-ministro, Michel Barnier, na quarta-feira devido a uma moção de censura apoiada pela esquerda e pela extrema-direita.
Esta crise enfraqueceu Macron não só em França, onde cada vez mais vozes pedem a sua demissão, mas também entre os seus homólogos no Conselho Europeu.
Todos os partidos políticos franceses estão contra o acordo UE-Mercosul, como deixaram claro nas votações organizadas na semana passada na Assembleia Nacional e no Senado.
Além disso, o setor agrícola também está esmagadoramente contra e, de facto, esta oposição tem sido a primeira razão para os protestos dos agricultores que têm ocorrido há várias semanas em toda a França.
Segundo o FNSEA-JA, o principal sindicato agrícola, os protestos vão intensificar-se em resposta ao passo dado por Von der Leyen em Montevideu.