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Fórum para a Competitividade piora estimativas para o PIB e alerta para "bomba-relógio" no colo da banca
O Fórum para a Competitividade espera agora uma contração do PIB entre 8% e 10% este ano e uma recuperação de apenas 1% a 4% em 2021.
O Fórum para a Competitividade reviu em baixa as suas estimativas para o PIB este ano devido à degradação dos indicadores neste quarto trimestre.
Este organismo, que em novembro antecipou uma quebra do PIB entre 7% e 9%, considera agora que a contração será mais profunda, podendo chegar aos 10%.
"Há o risco crescente de o 4º trimestre ser pior do que o esperado, pelo que Fórum para a Competitividade revê em baixa a sua estimativa do PIB de 2020, para entre -8% e -10%", lê-se no relatório divulgado esta quinta-feira, 3 de dezembro. O intervalo está alinhado tanto com as perspetivas da Comissão Europeia, que antecipa uma quebra de 9,3%, como do Governo, que espera uma contração menos acentuada de 8,5%.
O Fórum para a Competitividade concretiza que a confiança tem piorado em todos os setores em novembro, desde a construção, que "assistiu a uma forte desaceleração das vendas de cimento", ao turismo, que registou em outubro "um novo recuo na recuperação".
Além disso, refere, "as medidas de confinamento aplicadas a partir de novembro poderão ainda agravar as condições económicas", tal como o "desemprego oculto" que tem sido camuflado pelas medidas de apoio às empresas e ao emprego, mas que se poderá revelar nos próximos meses.
No que respeita ao próximo ano, o Fórum antecipa um crescimento do PIB entre 1% e 4%, com Portugal a registar "uma retoma mais lenta do que a da UE". A estimativa é mais pessimista do que a da Comissão Europeia e do Governo, que apontam para uma recuperação de 5,4%.
"Para 2021, há sinais positivos, como a proximidade de uma vacina, mas também muita incerteza, até pela possibilidade de uma terceira vaga da pandemia",indica o relatório. "Dado o baixo peso do sector digital e a elevada proporção do turismo (o mais prejudicado), a economia portuguesa deverá ter uma retoma mais lenta do que a da UE".
O Fórum para a Competitividade aproveita também para deixar críticas ao Governo, que apostou tudo nas moratórias – deixando uma "bomba-relógio" no colo dos bancos – e agora aposta tudo na bazuca europeia.
"O Governo apostou tudo nas moratórias, deixando uma "bomba relógio" para o setor financeiro enfrentar nos próximos anos. E agora aposta tudo na "bazuca" Europeia, esperando que o dinheiro de Bruxelas (que ninguém sabe quando chegará) resolva todos os problemas", sublinha. "Portugal tem de se preocupar com a sustentabilidade orçamental e as garantias públicas aos empréstimos são um risco orçamental elevado".
O organismo vai mais longe e refere que a crise induzida pela pandemia e a "incipiente" resposta do governo dão razão aos que têm defendido nos últimos anos uma consolidação orçamental estrutural e uma redução da dívida pública. "Se Portugal tivesse uma dívida pública em torno dos 60% poderia agora acomodar os efeitos dos estabilizadores automáticos (um total de 10% PIB entre 2020 e 2022) e apoiar a economia em outros10% PIB (colocando o país ao nível dos que mais apoiaram a economia nesta crise na Europa)", concretiza.