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Fernando Medina: Governo é "absolutamente incapaz" de aproveitar plano Juncker

Os primeiros projectos que Portugal candidata para financiamento ao abrigo do plano Juncker, apresentado esta tarde em Lisboa pelo vice-presidente da Comissão Europeia Jyrki Katainen, foram apresentados de forma "atabalhoada e displicente", acusa o secretário nacional do PS.

16 de Março de 2015 às 19:45
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Fernando Medina comentou ao final da tarde o plano de relançamento do investimento na Europa, conhecido como plano Juncker. De acordo com o secretário nacional do PS, trata-se de um programa "muito importante, porque apesar das limitações, aponta prioridades muito claras", e evidencia que a "Europa está a mostrar sinais claros de mudança". Porém, ao mesmo tempo, "este programa é tudo o que o Governo português sempre negou", e, por isso, Medina antecipa que o Executivo vai ser "incapaz" de o aproveitar.

 

O Governo liderado por Pedro Passos Coelho, "em primeiro lugar, negou que necessitássemos de uma resposta europeia"; depois, "negou em absoluto a necessidade de investimento de iniciativa pública", além de negar "em absoluto os elementos que permitiriam a Portugal recuperar mais rapidamente da crise". "Por isso temos hoje em Portugal uma situação verdadeiramente dramática de falhanço do ajustamento, que se traduziu num retrocesso de mais de 10 anos em investimento económico", denunciou Medina.

 

Em suma, "temos um Governo que é absolutamente incapaz de aproveitar estas novas oportunidades", e do que "se trata hoje é de ser capaz de agarrar com as duas mãos as oportunidades de mudança que a Europa está a colocar". "A melhor maneira de vermos a forma incapaz que o Governo tem de enfrentar os problemas é ver a forma atabalhoada, displicente e pouco trabalhada com que a lista dos primeiros projectos foi apresentada", denunciou Medina.

 

Da listagem "constam muitos dos projectos que foram abandonados nos últimos anos", como "o apoio ao investimento em energia eólica ou na construção de barragens", o que para o PS revela "pouca ou nenhuma convicção" do Executivo nas obras que propôs.

 

Investimento devia ser concentrado na qualificação e reabilitação urbana

 

Mas, garante Medina, na listagem de projectos também há ausências de "fundo", como um "programa concreto de investimento dirigido à superação dos nossos problemas estruturais". "Não encontrarão um programa destinado à qualificação dos jovens, ao combate ao abandono escolar, destinado a promoção do sistema científico" ou "de apoio à inovação das nossas empresas". Em resumo, "não encontrarão nada [na lista de projectos] que ajude Portugal a sair da crise".

 

O também vice-presidente da câmara de Lisboa defende que a principal prioridade para investir é na "na qualificação dos nossos jovens", porque é "no baixo nível de qualificação dos nossos jovens que está um elemento essencial" do problema. Por outro lado, seria essencial investir em reabilitação urbana, e "conjugar um investimento capaz de reduzir a dependência energética do exterior mas também dinamizar o sector da construção civil".

 

Cavaco? "Os portugueses querem o PIB mais alto possível"

 

Instado a comentar as declarações optimistas do Presidente da República, que na manhã desta segunda-feira antecipou que o crescimento da economia portuguesa possa chegar aos 2%, Medina foi evasivo. Primeiro, afirmou que "os números do PIB serão conhecidos no final do ano" e que "os portugueses esperam que sejam os mais altos possível".

 

Mais à frente, novamente questionado sobre o mesmo assunto, rejeitou fazer mais considerações: "não é esse o meu papel".

 

Medina também foi cauteloso a interpretar as palavras de Cavaco Silva, esta manhã, numa conferência com o secretário-geral da OCDE. Cavaco disse que nenhum "Governo pode deixar de ter na primeira linha a sustentabilidade da dívida pública" nem "das finanças". É um aviso a um futuro Governo PS? "Não leio dessa forma, não é o elemento central que gostaria de salientar", acrescentou.

 

Sobre a proposta socialista de alterar o modelo de nomeação do governador do Banco de Portugal, Medina não disse se é ou não preciso alterar a Constituição, como defende, por exemplo, o constitucionalista Jorge Miranda. "Não quero entrar num debate jurídico sobre a matéria, a questão é política. É saber se queremos fazer a alteração da nomeação e em que momento", sustentou, manifestando a disponibilidade do PS para alterar "já" esse modelo. Ou seja, a tempo da escolha do substituto de Carlos Costa.

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