Notícia
Euro com espaço para recuperar
Na passada semana o foco foi o andamento do euro face ao dólar americano (USD) e ao Iene japonês (JPY). A moeda europeia manteve a sua trajectória descendente, acabando por passar, mesmo que apenas...
As «yields» dos «Bunds» alemães começaram por seguir o euro, mas a resistência deste à paridade aliada a dados benignos na zona euro levaram as «yields» a terminarem a semana em queda. As «yields» dos «Treasuries» norte-americanos foram afectadas por indicadores económicos fortes, com os dados do mercado de trabalho (benignos) a não serem suficientes para anular as perdas da semana.
Segundo os analistas do Banco Espírito Santo Investimento (BESI) , «esta semana, e até ao final do ano acreditamos que as “yields” deverão manter-se em “range trade”, com alguma pressão para subida via consolidação da recuperação económica na zona euro e sinais de sobreaquecimento nos Estados Unidos», pois vão ser divulgados dados económicos importantes em ambas as regiões. Quanto ao EUR/USD, com indicadores de preços nos EUA e de crescimento na Alemanha, estes analistas são da opinião de que «o euro poderá recuperar ligeiramente».
Brasil: confiança nas políticas económicas suporta recuperação do Real
No Brasil, a semana passada foi marcada pela significativa recuperação do USD face ao Real (BRL) que terminou a semana a 1.877 (início a 1.923). Aproveitando uma altura em que o Fundo Monetário Internacional (FMI) voltou a discutir a possibilidade de reduzir o nível mínimo de reservas líquidas, o mercado encarou com optimismo novas intervenções do Banco Central no mercado cambial. Esta actuação revela uma opção por combater as pressões inflacionistas via utilização de reservas, evitando subir as taxas de juro (pior para a credibilidade das políticas económicas). O sucesso das intervenções do Banco Central foi «ajudado» pelo anuncio de medidas que aumentam a oferta de USD por parte dos bancos na altura da passagem do ano e também pela intenção do Governo em pagar parte do empréstimo concedido pelo FMI. No entanto, «apesar do cenário mais optimista, o aumento dos vencimentos de dívida previstos para Dezembro aliados ao risco de aceleração da inflação poderão comprometer esta evolução do BRL», explicam os analistas do BESI.
EUA: performance económica continua a superar as expectativas
Nos Estados Unidos (EUA), os dados continuam a apontar para uma economia forte, embora o ritmo de crescimento comece a dar alguns sinais de moderação. Além disso, as pressões de preços mantêm-se controladas, excluindo os aumentos dos preços da energia. Os últimos dados económicos, especialmente os do mercado de trabalho, dão assim espaço à Reserva Federal norte-americana (Fed) para manter as taxas na sua próxima reunião de 21 de Dezembro, sem perder credibilidade na condução da política monetária aguardando novos dados que indiquem a política a seguir no início de 2000. Assim, os analisas do BESI continuam a acreditar que «o Fed deverá subir taxas novamente no primeiro trimestre de 2000, pois a recuperação económica global e uma fraca moderação da procura interna deverão continuar a pressionar o já apertado mercado de trabalho, ao mesmo tempo que preços de “inputs” mais elevados se deverão começar a traduzir nos principais índices de preços». Neste contexto, «serão necessários fortes ganhos de produtividade de modo a conter a inflação sem necessidade de abrandar significativamente a procura», avança o BESI.
Japão: GDP do 3º trimestre será o dado mais aguardado
No Japão, perante a força do JPY, o Banco do Japão (BoJ) voltou a intervir no mercado no início da passada semana, uma vez que se verificam sinais de que a apreciação da moeda está a ter um impacto negativo nas exportações. No entanto, o efeito foi pouco duradouro, uma vez que as intervenções não parecem implicar uma expansão da oferta de moeda por parte do BoJ. Esta semana o foco do mercado será a divulgação do PIB do 3º trimestre – determinante para o JPY (via expectativas de recuperação económica) será a componente de consumo privado – as expectativas do mercado apontam para uma queda face ao anterior trimestre, embora se mantenha a tendência de recuperação.
Zona euro: BCE manteve «target» para M3, foca necessidade de reformas estruturais
Na zona euro, o cenário de recuperação económica, liderada por França, mantém-se. No entanto, essa recuperação não parece ser ainda suficiente para reduzir os diferenciais de crescimento face aos EUA, cuja economia continua a surpreender positivamente. Além disso, continuam por definir questões que comprometem a estabilidade da zona euro, como sejam a harmonização fiscal e políticas microeconómicas. Assim, o euro manteve-se sob pressão, tendo o EUR/USD quebrado temporariamente a paridade na passada semana. Focando a necessidade de reformas estruturais que elevem o ritmo de crescimento potencial do PIB na zona euro, o BCE manteve o «target» para o crescimento do M3 (PIB potencial: de 2 a 2,5%). Esta decisão também sinaliza a intenção por parte do Banco Central Europeu (BCE) de manter a credibilidade da sua política monetária (importante para o euro), devendo subir as taxas novamente no 1º semestre de 2000.
Reino Unido: BoE deverá manter as taxas inalteradas quinta-feira
No Reino Unido, esta semana o Banco de Inglaterra (BoE) irá reunir-se pela última vez desde o final do ano, devendo optar por manter as taxas inalteradas, avançam os analistas do BESI. Segundo estes, «embora acreditemos que o ciclo de subida de taxas não está ainda concluído, o BoE dispõe de algum espaço para manter uma posição de “wait and see”». Além de alguns receios relacionados com o Y2K, tem-se dado uma estabilização nos sinais de recuperação económica (não implicam revisão em alta das expectativas) e verificam-se novos dados de que os preços no retalho se encontram sob pressão descendente.
Portugal: Produção industrial recupera em Setembro
Em Portugal, a indústria começa a dar sinais de recuperação, em linha com o que se verifica na generalidade dos países da zona euro. Como foi anunciado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o índice de produção industrial relativo a Setembro subiu 0,8% numa base anual e 34,2% em termos mensais (a elevada taxa de crescimento compensa a pesada redução observada em Agosto, mês tradicional de quebra da actividade). Os analistas do BESI esperam assim que « a recuperação económica na zona euro continue a impulsionar a indústria nacional».