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Estudo encomendado pelo Governo propõe criação de um "gestor do doente"

Peritos recomendam ao Ministério da Saúde que crie uma equipa de mais de 7.000 profissionais para acompanhar de perto os doentes crónicos. Além de aumentar a qualidade dos cuidados esta medida poderia evitam gastos desnecessários.

17 de Abril de 2014 às 20:43
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Os centros de saúde devem passar a ter profissionais que se encarreguem de garantir que os doentes com várias doenças crónicas recebem os cuidados apropriados ao mais baixo custo e que os mesmos cumpram o seu papel. Desta forma aumenta-se a qualidade dos cuidados prestados e diminuem-se custos, frisa um grupo de técnicos no relatório com propostas para a integração dos níveis de cuidados de saúde, encomendado pelo Ministério da Saúde.

 

Os técnicos alertam que o paradigma de doença mudou em Portugal. O crescimento do número de doentes crónicos e da prevalência de multimorbilidade (presença de duas ou mais doenças crónicas num mesmo doente), "obriga a uma visão integral do doente". E por isso é preciso um "acompanhamento mais próximo e personalizado de doentes com elevado nível de risco" para "reduzir a fragmentação de cuidados" e "garantir a continuidade ao longo de todos os níveis de cuidados e locais de prestação".

 

O recurso a estes "gestores de doentes com elevado risco clínico e financeiro" permite "de acordo com alguns estudos, alcançar uma redução da utilização dos cuidados hospitalares, nomeadamente redução do número de internamentos desnecessários, redução da demora média, redução da recorrência à urgência e até da necessidade de cuidados continuados”, lê-se no relatório colocado esta quinta-feira em discussão pública até 17 de Maio.

 

No fundo trata-se de criar uma figura que “acompanha personalizadamente o doente com condições clínicas e socioeconómicas complexas ao longo de um contínuo de cuidados”. Algumas das funções desse gestor passam pela referenciação do doente e a facilitação da ligação entre os elementos das equipas de saúde. O papel do gestor passaria ainda por promover o auto-cuidado, ou seja a educação do doente, garantir a adesão à terapêutica e gerir a “utilização adequada dos serviços e recursos”, bem como assegurar a prestação dos melhores cuidados ao mais baixo custo e proceder, caso se justifique, à renovação do receituário.

 

Algumas das funções desse gestor passam pela referenciação do doente, pela promoção da educação do doente, por garantir a adesão à terapêutica e gerir a utilização adequada dos serviços e recursos, bem como assegurar a prestação dos melhores cuidados ao mais baixo custo. 

Os técnicos citam recomendações internacionais para referir que “seriam necessários aproximadamente 7.500 gestores de caso a nível nacional” para dar resposta a cerca de 6% da população que tem mais de cinco doenças crónicas. Cada gestor ficaria responsável por 80 doentes.

 

Sistema nacional de referenciação

 

O grupo técnico não se limita a uma recomendação. Entre a lista de propostas consta ainda a criação de um sistema nacional de gestão de referenciação que garanta “a transição de um doente entre diferentes serviços e níveis de cuidados de saúde”. Esse sistema seria formado por recursos humanos e técnicos e haveria balcões físicos para facilitar a comunicação com os doentes e familiares. “O entendimento deverá passar pelo princípio de que a referenciação é tão relevante como o acto de prestação de cuidados de saúde em si”, escrevem os peritos.

 

Para que esta medida seja possível, é preciso também definir e aplicar “critérios de referenciação e prioridades em cada área” e é preciso também uma equipa própria. E para garantir o seu sucesso seria preciso, segundo os técnicos, associar “o processo de referenciação a uma valorização financeira do mesmo”.

 

Estas e outras propostas são apresentadas pelos próprios técnicos como "base" e "princípio" para o debate em torno da integração dos níveis de cuidados de saúde em Portugal. O interesse por este tema “reside essencialmente no pressuposto de que uma prestação com melhores níveis de integração de cuidados de saúde permitirão alcançar também melhores níveis de desempenho”, pode-se ler na introdução do documento. “

 

Os especialistas alertam para o facto de a "fragmentação da estrutura da oferta de cuidados de saúde” conduzir “a uma possível duplicação de procedimentos e de custos de transacção que não permite a gestão e decisão conjunta sobre processos clínicos ou afectação de recursos".

 

Embora o Ministério da Saúde frise que estas são apenas propostas do Grupo de Trabalho e que só mais tarde, e depois de outros contributos, decidirá o que fazer e se adopta ou não as recomendações, a verdade é que o programa de Governo prevê "experiências de financiamento global, de base populacional, por capitação ajustada, integrando cuidados primários e hospitalares".

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