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Estado terá de gastar até 556 milhões para travar impacto da inflação nas famílias pobres

Os alimentos que mais pesam nos orçamentos familiares são a carne (21,7%), o pão e cereais (15,2%) e o peixe (14,6%). No caso das famílias com rendimentos mais baixos estes valores sobem para 24,5%, 17,3% e 12,5%, respetivamente. Para travar estes aumentos o Estado teria de transferir entre 158 e 662 euros por ano para cada agregado, aponta estudo da Nova SBE.

Uma subida acentuada dos bens alimentares pode afetar mais as famílias de rendimentos mais baixos, uma vez que gastam uma maior parte do seu salário em alimentação.
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13 de Abril de 2022 às 11:25
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A subida da inflação e o aumento dos preços da alimentação atinge sobretudo as famílias com rendimentos mais baixos, com menor poder de compra e que gastam uma percentagem maior dos salários em bens de primeira necessidade e em serviços, aponta um estudo da Nova Business School.   


E são necessários "entre 133 e 556 milhões de euros para que o Estado anule o impacto da subida da inflação nas famílias mais pobres". Ou seja, seria necessário transferir "entre 158 e 662 euros" anuais "para cada agregado, conclui o estudo "Portugal, Balanço Social", assinado pelos investigadores da Nova SBE, Bruno P. Carvalho, Mariana Esteves e Susana Peralta.


Para chegar a estes números os investigadores analisaram "a estrutura dos orçamentos familiares consoante o nível de rendimento das famílias", com base nos microdados do Inquérito às Despesas das Famílias de 2015/16, o último realizado pelo INE.


De acordo com o estudo – divulgado esta quarta-feira e que resulta de uma parceria entre a Fundação "la Caixa", o BPI e a Nova SBE – em março o índice de preços do consumidor subiu 5,3% face ao período homólogo, "o valor mais alto desde 1994", dizem os investigadores. A categoria da alimentação e bebidas subiu 11% e a energia foi de 19,8%, "o valor mais elevado desde fevereiro de 1991".


Perante estes aumentos, "as famílias mais pobres gastam uma proporção maior das suas despesas em bebidas alcoólicas (duas vezes mais do que as mais ricas), nos produtos alimentares (1,7 vezes mais), nas comunicações (1,5 vezes mais), na saúde (1,4 vezes mais) e habitação (1,2 vezes mais)", sublinha o estudo.


As despesas com a alimentação representam 14,3% das despesas totais dos agregados, o que traduz cerca de 2.914 euros por ano. Nesta categoria, os alimentos "que mais pesam nos orçamentos familiares são a carne (21,7%), o pão e cereais (15,2%) e o peixe (14,6%). Para os mais pobres os pesos são de 24,5%, 17,3% e 12,5%, respetivamente".


No reverso, as despesas com peixe, leite, queijo e ovos, fruta e açúcar/confeitaria têm menor peso nos orçamentos das famílias com menores rendimentos.


No que toca ao acesso à Saúde, as despesas das famílias com menores rendimentos com o SNS representam 6,7% dos orçamentos dos agregados, apesar de "gastarem cerca de metade do valor absoluto, em euros, do que gastam as famílias mais ricas".


Já as despesas com a habitação representam 31,9% das despesas totais dos agregados residentes em Portugal, "o que equivale a cerca de 6.501 euros anuais". O peso das rendas no orçamento dos "agregados mais pobres é 6,9 vezes superior ao dos mais ricos; o da eletricidade e gás é 1,6 vezes superior", diz o estudo.

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