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Espanha pode impor perdas aos accionistas e obrigacionistas da banca (act.)

Os deputados espanhóis estão a analisar a possibilidade de obrigarem os investidores que detenham acções e dívida júnior na banca a absorverem perdas nos casos de reestruturação.

22 de Junho de 2012 às 15:21
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A notícia está a ser avançada pela Bloomberg, que cita uma fonte com conhecimento deste plano.

Esta partilha de encargos faz parte das condições que estão a ser negociadas com a União Europeia, no âmbito de um resgate à banca espanhola que pode ascender até 100.000 milhões de euros, referiu a mesma fonte, que pediu anonimato.

Sublinhe-se que a dívida sénior é a dívida que tem prioridade de pagamento sobre qualquer outro tipo de dívida, aquando de pagamentos ou em caso de incumprimento. Já a dívida júnior, vulnerável em caso de ‘haircut' (desconto), está subordinada as todas as dívidas e é a última a ser paga.

Os depositantes que tenham comprado instrumentos subordinados, como acções preferenciais, poderão estar parcialmente protegidos das perdas, através de um plano de compensação que está a ser ponderado, disse a mesma fonte à Bloomberg.

A partilha de custos com os investidores foi uma medida tomada também pela Irlanda aquando da ajuda da troika ao seu sector bancário [mas que implicou um resgate do país]. A Irlanda angariou cerca de 15 mil milhões de euros (correspondentes a cerca de 10% do seu PIB) desde 2009 através desta medida de envolvimento nas perdas depois do desmoronamento do mercado imobiliário ter afundado o sector financeiro, lembra a agência noticiosa.

Em 2010, a Irlanda introduziu legislação de emergência, permitindo ao Estado impor perdas sobre os detentores de acções da banca e de obrigações júnior no mesmo sector. O país ainda tentou envolver também os detentores de obrigações sénior, mas o BCE rejeitou devido ao receio de que isso pudesse minar a confiança no sistema financeiro.

Segundo o ministro espanhol da Economia e das Finanças, Luis de Guindos, Espanha enviará na segunda-feira a carta com o pedido oficial de ajuda à sua banca. O pacote de resgate ao sector financeiro do país deverá estar concluído a 9 de Junho, declarou ontem o vice-presidente da Comissão Europeia e responsável pelos Assuntos Económicos, Olli Rehn.

Os resultados da avaliação à banca espanhola por parte de duas consultoras independentes, a Roland Berger e a Oliver Wyman, foram ontem apresentados: as instituições financeiras espanholas sob maior “stress” vão precisar de um mínimo de 16.000 milhões ou um máximo de 62.000 milhões de euros consoante se concretize o cenário benigno ou adverso previsto.

Recorde-se que o relatório do Fundo Monetário Internacional relativo aos “testes de stress” realizados às instituições financeiras de Espanha foi apresentado no dia 8 deste mês, tendo o FMI dito que as necessidades de recapitalização estão compreendidas entre 40 e 60 mil milhões de euros.

Os 14 grupos bancários analisados foram o BFA-Bankia, Bankinter, BBVA & Unnim, Banco Mare Nostrum (BMN), Caixabank & Civica, Catalunyacaixa, Ibercaja & Caja3 & Liberbank, Kuxtabank, NovacaixaGalicia, Popular & Pastor, Sabadell & CAM, Santander, Unicaja & CEISS e Banco de Valencia .

A maioria das necessidades está concentrada nas entidades nacionalizadas ou em vias de o serem (Bankia, Catalunya Caixa, Novacaixagalicia e Banco de Valencia), segundo os resultados das duas auditoras. Hoje a agência de notação financeira Fitch cortou o “rating” do BMN, do Liberbank e do Banco de Castilla-La Mancha (CLM) para “lixo”.


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