A economia do Brasil contraiu 0,2% em 2003, situação que não se verificava há 11 anos, anunciou hoje o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. A quebra do Produto Interno Bruto (PIB) ficou a dever-se aos cortes na despesa pública e redução do consumo privado e investimento.

Lula da Silva venceu as eleições presidenciais de Outubro de 2002 com a promessa de impulsionar o crescimento da economia brasileira. Nesse ano o Produto Interno Bruto cresceu 1,9%, mas em 2003 a economia encolheu, bloqueada pelas altas taxas de juro e redução do investimento público.

Em Fevereiro do ano passado o Banco Central do Brasil aumentou as taxas de juro para os 26,5% - valor mais alto dos últimos quatro anos - e manteve-as nesse nível até Junho.

Só a partir da segunda metade do ano é que a instituição liderada por Henrique Meirelles iniciou uma trajectória de queda no preço do dinheiro, trazendo os juros para os 16,5% com sete cortes em apenas seis meses.

A reacção das empresas a essas taxas – pelo menos no primeiro semestre - foi reduzir o investimento e despedir trabalhadores, o que por sua vez levou a uma redução do consumo das famílias. Desde a recessão de 1992 que o PIB do Brasil não recuava.

No quarto trimestre a economia brasileira contraiu 0,1% face ao período homólogo do ano anterior, crescendo 1,5% em relação ao terceiro trimestre.

Em termos sectoriais, apenas a agropecuária cresceu, aumentando 5%, enquanto a indústria recuou 1% e os serviços encolheram 0,1%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelou também que a taxa de desemprego subiu para os 11,7% em Janeiro, depois de, em Dezembro, ter sido de 10,9%.