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Economia global mostra primeiros sinais de recuperação
Lentamente, e no meio da incerteza, a economia mundial emerge da hibernação imposta pela pandemia da covid-19.
Com os governos a relaxar as medidas que fecharam empresas e a permitir que os consumidores viajem e regressem às compras, indicadores de dados de alta frequência e confiança sugerem cada vez mais que a pior recessão global desde a Grande Depressão atingiu um fundo.
Segundo um novo conjunto de indicadores de atividade diária da Bloomberg Economics, quase todas as economias monitorizadas registaram uma retoma da atividade desde o fim de março e início de abril, embora nenhum país esteja ainda próximo dos níveis pré-vírus. Alemanha, Japão e França estão entre os que mais recuperam, enquanto a atividade na Espanha e Reino Unido continua relativamente fraca.
Um legado de maior desemprego, falências e receios relacionados com a saúde também indica que a recuperação deve ser lenta após o impulso inicial. Uma recuperação completa é improvável antes da descoberta de uma vacina. Ainda existe o risco de o vírus provocar uma segunda onda, obrigando a que voltem a ser impostas restrições.
"No geral, a situação está a melhorar, mas é um processo lento", disse Torsten Slok, economista-chefe do Deutsche Bank Securities, em entrevista à Bloomberg Television. "Estamos no fundo do desfiladeiro e a olhar para cima."
Os políticos trabalham para dar impulso à subida com mais estímulos económicos. Na quarta-feira, o Japão anunciou mais de 1 bilião de dólares em apoios extra para famílias e empresas, enquanto a Comissão Europeia lançou um pacote de 750 mil milhões de dólares de euros para ajudar as economias mais atingidas do continente.
Os investidores mostram sinais de confiança. As bolsas europeias subiram devido aos sinais contínuos de reabertura das economias, que contrastam com o aumento das tensões China-EUA sobre Hong Kong.
Na China, o epicentro original do vírus, os primeiros indicadores de maio sugerem que a recuperação continua. Os índices oficiais dos gestores de compras devem mostrar uma subida, com uma forte recuperação do setor dos serviços, de acordo com a Bloomberg Economics.
Nos EUA são evidentes alguns sinais. A maioria dos indicadores do mais recente painel semanal da Bloomberg Economics de dados de alta frequência, alternativos e baseados no mercado, mostra uma leve, mas constante melhoria em relação a níveis extremamente baixos. Os dados incluem pedidos de subsídio de desemprego, crédito à habitação e viagens de avião e transporte público. As reservas nos restaurantes também estão a aumentar, embora ainda muito abaixo dos nívies anteriores.
Quanto à Europa, o relaxamento das restrições também permite a recuperação das economias. As lojas começam a reabrir, assim como restaurantes em muitos países, e dados de alta frequência que medem desde a mobilidade das pessoas a reservas de restaurantes mostram o início de uma recuperação.
Alguns indicadores de confiança e atividade também estabilizaram após quedas nos dois meses anteriores, reforçando a ideia de que a economia da zona do euro está no auge da crise.
Na quinta-feira, o índice de confiança divulgado pela Comissão Europeia mostrou uma pequena melhora em maio.
No Reino Unido, junho será um mês importante. As escolas podem reabrir, e há um cronograma para a reabertura de lojas após dois meses difíceis. Mas será um avanço cauteloso. O Reino Unido ultrapassou a Itália e a Espanha em casos de vírus e tem o maior número de mortes na Europa.
Apesar da recuperação da atividade, a maioria dos economistas descarta a ideia de recuperação em forma de V.
"Existe divergência entre Wall Street e a ‘Main Street’, disse Nouriel Roubini, professor da NYU Stern School of Business, à Bloomberg Television, em referência ao contraste entre as perspetivas do mercado financeiro e a realidade das empresas. "A recuperação será anémica. Algo como um U."