O produto interno bruto de Espanha sofreu uma queda histórica de 18,5% no segundo trimestre, face aos três meses anteriores. Um desempenho que foi mais negativo do que o esperado pelos economistas, que apontavam para uma quebra em cadeia de 16,6%.

Na variação homóloga a queda foi ainda mais forte: 22,1%.

Entre as pares europeias que já divulgaram o PIB, a economia espanhola regista até agora o pior resultado no segundo trimestre. Um desempenho que reflete o confinamento mais profundo já que Espanha foi dos países  onde a pandemia da covid-19 mais se propagou no segundo trimestre e o país vizinho é também fortemente dependente do turismo, uma atividade que praticamente paralisou neste período.

França anunciou esta manhã uma queda em cadeia de 13,8% (homóloga de 19%) e ontem a Alemanha também tinha anunciado uma queda de dois dígitos no seu PIB. O Eurostat anunciou uma queda homóloga de 15% no segundo trimestre e entre os 10 países com dados não há nenhum com uma quebra mais forte do que Espanha.

O El País assinala que esta queda do PIB é a maior desde pelo menos a Guerra Civil e que nos primeiro seis meses do ano a economia espanhola sofreu uma quebra de 300 mil milhões de euros na sua produção. No primeiro trimestre o PIB tinha recuado 5,2%.

Esta evolução homóloga do PIB no segundo trimestre é o resultado do colapso do consumo das famílias (21,2%), do investimento empresarial em bens de capital (25,8%) e das exportações (33,5%). O emprego medido em horas trabalhadas caiu 21,4%, um declínio maior do que a destruição de empregos equivalentes a tempo inteiro, que caiu 17,7%, assinala a Lusa.

Com a contração a superar as previsões no segundo trimestre, a economia espanhola encaminha-se para uma quebra anual que também terá dimensões históricas. O Banco de Espanha previa uma queda do PIB entre 16% e 21,8%, sendo que ao cenário menos pessimista correspondia uma queda de 11,6% no ano e ao mais negro uma contração de 15,1%. Ainda segundo o jornal espanhol, a Guerra Civil levou a economia espanhola a uma recessão de 26,8% em 1936.

O instituto de estatísticas de Espanha alertou para dificuldade em avançar com esta primeira estimativa para o PIB do segundo trimestre, avisando que será provável que os números sejam alvo de uma revisão acentuada.