O ex-presidente da Comissão Europeia considera que os fundos comunitários negociados entre os países são "suficientes". Para Durão Barroso "a questão vai ser mais como utilizar o dinheiro porque não é por falta de dinheiro", visto que "é de facto uma pipa de massa, quase que uma orgia financeira", disse em entrevista ao Observador.

"Dito isto, sabemos que a capacidade de absorção dos Estados em relação ao dinheiro comunitário é muito variável. Portugal não está numa má posição aí, mas também não é como já ouvi dizer o melhor. Longe disso", acrescentou.

Durão Barroso alerta, por isso, que "é essencial, mesmo decisivo no nosso país", que haja capacidade administrativa para gerir e aplicar os fundos estruturais." Recomendaria muita transparência na utilização desses fundos", apontou, sugerindo a criação na Assembleia da República de uma comissão de acompanhamento de utilização de todos estes fundos.

"Nestas alturas, com estes desafios excecionais, justifica-se ainda maior intervenção da Assembleia da República. Aliás, isso é uma ajuda ao governo. Os governos só podem ganhar com maior transparência", referiu.

Quanto ao regresso à política nacional, Durão Barroso diz que apesar de ser uma "honra" para qualquer português ser Presidente da República, não pensa em voltar a ocupar qualquer cargo político em Portugal. E preferiu não comentar se iria repetir o apoio que em 2016 deu a Marcelo Rebelo de Sousa para Belém.