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Diamantes podem ultrapassar metais como melhor investimento
Pela primeira vez em 25 anos, a produção de diamantes está a diminuir e isso poderá tornar as mais cobiçadas pedras preciosas do mundo num melhor investimento do que o cobre, níquel e zinco, que são este ano as «commodities» com melhor «performance».
Pela primeira vez em 25 anos, a produção de diamantes está a diminuir e isso poderá tornar as mais cobiçadas pedras preciosas do mundo num melhor investimento do que o cobre, níquel e zinco, que são este ano as «commodities» com melhor «performance».
A produção mundial das minas diamantíferas deverá cair 2% em 2015, diz James Picton, analista do sector na W.H. Ireland, citado pela Bloomberg. A produção aumentou cerca de 9% nos últimos cinco anos, de acordo com o Conselho Mundial dos Diamantes, sedeado em Nova Iorque, com as companhias mineiras a procurarem novos depósitos de forma a satisfazerem a crescente procura.
Um aumento dos preços irá aumentar as receitas dos produtores African Diamonds e Pedra Diamonds, de acordo com a Merrill Lynch e o JPMorgan Chase. A queda na produção surge numa altura em que aumenta a compra destas pedras preciosas, sustentada pelas economias em expansão da China e Índia. Só a China já duplicou as compras de jóias em cerca de 20% este ano, de acordo com a Diamond Forecast, empresa de estudos deste sector com sede em Londres.
Os diamantes têm «os melhores fundamentais», afirma Evy Hambro, que gere o World Mining Fund da Merrill Lynch. «A disparidade entre oferta e procura é muito maior do que com outras ‘commodities’», acrescenta o mesmo responsável.
Os diamantes em bruto não são transaccionados nos mercados de «commodities». Em vez disso, a gigante sul-africana De Beers – que vende 60% dos diamantes brutos em todo o mundo – leva a cabo 10 vendas anuais a um determinado grupo de clientes de países conhecidos pela lapidação de diamantes, como a Bélgica e Israel. Isso faz com que as acções dos produtores de diamantes sejam a forma mais fácil de investir nestas pedras preciosas.
«Estou bastante optimista quanto aos diamantes, atendendo à situação global da oferta e procura. Das 170 empresas diamantíferas de todo o mundo, apenas 25 estão a produzir», disse à Bloomberg um analista do JPMorgan, Ian Henderson. Uma delas é a African Diamonds, sedeada em Dublin, cujo preço dos títulos quase triplicou este ano. Outro é a Sierra Leone Diamond, com sede no Reino Unido, que opera no Ocidente de África e cujas acções também triplicaram de preço.
Os preços dos títulos da Petra Diamonds, com sede no Reino Unido e que explora em Angola, África do Sul e Botswana, subiram 52%. Em contraste, o índice Bloomberg World Mining de 48 empresas, que inclui a OAO GMK Norilsk Nickel – maior produtora mundial de níquel – está em alta de 21%.
«Os diamantes têm toda a capacidade para registar uma melhor ‘performance’ do que os metais de base nos próximos anos», segundo Andrew Ferguson, da New City Investment Managers. «Atendendo aos elevados aumentos da procura e aos desequilíbrios da oferta, espero bons retornos», afirmou à Bloomberg.
Uma ameaça à subida dos preços consiste no aumento de diamantes sintéticos. Desde 1955, quando a General Electric desenvolveu um processo para criar gemas sintéticas para uso no polimento e corte de ferramentas, a utilização de diamantes não-naturais subiu fortemente, sendo hoje responsável por cerca de metade de todos os diamantes.
A corrida aos mercados de «commodities», que está agora no quinto ano, catapultou os preços das matérias-primas para recordes. A cotação do cobre mais do que duplicou no ano passado, o níquel está em alta de 77% e o ouro valorizou quase 50%, atingindo um máximo de 26 anos no passado mês de Maio. Em Londres, o ouro negociava a 646,3 dólares por onça no final da semana passada.
Mas, para chegar ao aumento médio do preço dos diamantes desde 1948, «o ouro teria que estar agora em torno de 750 dólares. Para chegar ao preço dos diamantes mais puros e de melhor qualidade, o ouro teria que estar a ser transaccionado em torno dos 2.000 dólares», segundo James Picton.
O valor dos diamantes brutos deverá aumentar em 30% nos próximos seis anos, de acordo com o mesmo responsável.