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Daniel Bessa: "A economia portuguesa é viciada em crédito"

O economista alerta para a fragilidade dos sinais de retoma devido à descapitalização das empresas. Para Daniel Bessa, a "economia portuguesa é viciada em crédito". Também Ferraz da Costa considera que as empresas "estão excessivamente dependentes da banca".

02 de Abril de 2014 às 19:09
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Daniel Bessa alertou esta tarde no Porto para a fragilidade dos sinais de retoma e diz que o problema está na falta de capitais próprios das empresas, apesar da melhoria das condições de crédito.

 

"A economia portuguesa é viciada em crédito", disse o director-geral da Cotec numa conferência sobre o financiamento da economia e o mercado de capitais no Fórum para a Competitividade.

 

"O que não está superado [com o desagravamento da crise] é a insuficiência de capitais próprios em Portugal. Poderia ser diferente? Não sei. Chegamos a uma economia com níveis manifestamente excessivos [de crédito]. Como é que se chegou a este ponto? As empresas tinham taxas de juros muito baixas. Era extraordinário como para aqueles níveis de dívida e risco as taxas de juro eram tão baixas" adiantou.

 

"Não quero dizer nada dos bancos, mas havia níveis excessivos [de crédito]. Mas se a sanção era nula e o risco pequeno, porque é que vou responsabilizar quem se endividou", afirmou.

Bessa diz que "não sabe se consegue" resolver o problema dos capitais próprios das PME e relembrou a "luta" de Luís Laginha de Sousa, presidente da Euronext, para levar estas empresas ao mercado de capitais.

 

"Como é que alguém que não tem dinheiro consegue aumentar os capitais próprios e o controlo? Mesmo com contas que sosseguem os accionistas como faço um aumento de capital?". O economista diz que é difícil arranjar resposta.

 

"Alguns ex-ministros das Finanças deviam estar calados por uns anos"

 

Por sua vez, o presidente do Fórum para a Competitividade, Ferraz da Costa, que as empresas "estão excessivamente dependentes da banca" e pediu que fosse dado "mais tempo" nas reflexões do Fórum para a Competitividade aos mercados de capitais.

 

O responsável disse ainda que muitas das mudanças que se fizeram nos últimos anos foram muito positivas e que "alguns ex-ministros das Finanças deviam estar calados por uns anos" em vez das intervenções que têm feito nos últimos tempos com críticas à política do Governo.

 

Ferraz da Costa diz que "quase todos nós identificamos coisas que regularmente se podiam fazer com qualidade. São simples mas têm efeito no tempo e nos agentes económicos".

 

O presidente do Fórum para a Competitividade salientou que "faz sentido olhar para o mercado de capitais como elemento para fomentar estratégias mais ambiciosas". 

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