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Da rota do romance à Tasca do Chico

Vista do rio, do ar, da terra, Lisboa tem muitas ofertas. Voos com "champagne" a bordo, ruas percorridas num carrinho de golfe. Os "hostels" familiares atraem cada vez mais. Vinho tinto, sardinha e fado continuam a cativar.

20 de Agosto de 2010 às 14:51
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Lá em cima, uma taça de "champagne", um "Amo-te" panorâmico na avioneta que traça a rota do romance. Uma espécie "The love boat" em versão aérea. E mini. Cá em baixo, uma "segway", um "buggy", um "side car". Veículos há muitos. Uma paragem junto aos pezinhos de porco de coentrada, bacalhau ou sardinhas assadas, vinho tinto e um fado vadio. Galos de Barcelos em cima de um sino pintado de verde, uma noite na Tasca do Chico. Eles compram, agora menos, mas compram. Os turistas em Lisboa. E querem ambientes familiares. Cenas "cosy".
Estão quase apeados, o semáforo verde, as buzinas, as cabeças louras. O "buggy" vermelho não arranca. Arrancou. Mais dois turistas a caminho do Castelo. Uma hora num carrinho de golfe custa 28 euros. Numa "segway" fica a 18,5 euros. Pululam os veículos alternativos nas ruas de Lisboa. Vista do Tejo, o preço alcança os 20 euros. Vista do ar, a Grande Lisboa chega aos 111 euros.



São 20 minutos e o romance está no ar. A avioneta sobrevoa a baía de Cascais: "Veja Portugal de uma maneira diferente e sinta-se nas nuvens. Diga 'Amo-te' e sinta-se único (...) sinta-se nas asas do Cupido. Mínimo: duas pessoas", anota o folheto Air Nimbus, empresa de turismo aéreo. As rotas multiplicam-se e apelam aos amantes de golfe. "Conheça do ar os 'greens' e prepare os seus 'shots'", anuncia. São 40 minutos a sobrevoar a Quinta da Marinha e outras quintas por 136 euros.

Turismo "at home"



Veja Portugal de uma maneira diferente e sinta-se nas nuvens. Diga 'Amo-te' e sinta-se único (...) sinta-se nas asas do Cupido. Mínimo: duas pessoas

Folheto Air Nimbus
Os "hostels" brotam das ruas. Não, já não são apenas para turista pé descalço. Há ricos, menos ricos e casais com filhos. O ambiente é de família e isso atrai. Está na berra. Lá está o Living Lounge Hostel, na Rua do Crucifixo, cadeira centenária de dentista em jeito de "chaise longue", relva sintética, garrafas de plástico transformadas em candeeiro.



As ofertas querem-se personalizadas. Pelo menos, que assim o pareçam. O Living Lounge Hostel lançou o serviço de "beach transfer". Por 18 euros, o turista vai à praia da Galé, tem uma aula de "surf" e almoça na praia. "Mojitos" incluídos. Não faltam jantares "at home" feitos de bacalhau com broa e carne de porco à alentejana. Assinatura do "chef" António, cozinheiro que veste a farda de guia e dá a conhecer aos hóspedes uma Lisboa com paragem na Feira da Ladra. Mas é a cozinha tradicional portuguesa, com vinho tinto pelo meio, que mais anima os turistas. "Lunch? Drink?".


Homens de branco e preto desgastam-se na calçada portuguesa, decoradas com ementas gigantes que exibem o selo da Lonely Planet: "Tradicional Portuguese Food", lê-se aqui. "Vinho e sardinha", lê-se acolá. Shakil, da Índia, lá está, a servir as mesas do restaurante Muni, na Rua dos Correeiros. "Este mês está bom, está", diz. Mas eles, os turistas, vêm e pedem o prato do dia. Ou, então, dividem quatro pratos por sete pessoas, frisa Shakil.



À noite aterram na Tasca do Chico, no Bairro Alto, ou nas ruas de Alfama que mantêm vivo o fado vadio. Um brinde para a despedida. Um "souvenir", quem sabe. Daqueles que pouco mudam. Os eléctricos amarelos decorados com bolas de vidro cheias de água e um mini Mosteiro dos Jerónimos a boiar lá dentro. Os chinelos de enfiar no dedo com as cores da bandeira nacional. As camisolas do Ronaldo. Ora lá vão elas. Dois miúdos espanhóis com o português estampado no peito. "Lunch? Drink?"

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