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Crescer com boas condições económicas não afastou pobreza para 12%
Taxas de pobreza são, porém, bastante mais elevadas entre quem cresceu com dificuldades. Para quem não teve acesso a equipamento escolar e livros ou necessidades básicas de alimentação superam os 30%.
Ter crescido com boas condições económicas tenderá a limitar mais as situações de pobreza em idade adulta, mas ainda assim não impede um em cada dez indivíduos de viverem hoje com rendimentos abaixo de 591 euros por mês, o limiar de pobreza nacional atualizado no final do ano passado.
Segundo o INE, era no último ano essa a situação de 12,2% dos indivíduos – hoje com 25 a 59 anos – que descreviam a situação económica do contexto familiar em que viviam aos 14 anos de idade como moderadamente boas, boas ou muito boas.
Este é um dos valores divulgados em mais uma libertação de dados com origem no mais recente inquérito às condições de vida e rendimento da população, desta vez sob o tema da transmissão de vantagens e desvantagens sociais de pais para filhos.
A taxa de pobreza para quem cresceu em boas condições económicas é mais baixa do que aquela que se verifica para a população em geral (17% em 2022), mas surge, por exemplo, acima daquela que ocorre entre a população empregada em geral (10%).
Já comparando com quem cresceu em muito má, má ou moderadamente má situação económica, representa cerca de metade. Ter crescido neste contexto representa um risco de pobreza de 21,2%.
As taxas são sobretudo elevadas entre quem, em casa, tinha falta de livros e equipamento escolar (32,1%) ou não via satisfeitas as necessidades de alimentação básicas (32,8%), mostram ainda os dado de inquérito.
Os novos dados do INE que cruzam situação atual de quem está nas faixas principais da idade ativa com o contexto familiar na adolescência mostram taxas mais elevadas de pobreza, sobretudo, entre quem tem pais de nacionalidade estrangeira. Um em cada quatro indivíduos nascidos de mães ou pais estrangeiros encontravam-se em situação de pobreza neste último inquérito.
O contexto de escolaridade dos país também é relacionado com o indicador principal de pobreza, com as taxas entre quem cresceu com pais que concluíram pelo menos o ensino secundário a serem mais baixas. Ainda assim, são superiores entre filhos de mães licenciadas (8,6%) quando comparadas com as de filhos de pais licenciados (6,8%).
Os valores aumentam, no entanto, para mais do dobro entre quem cresceu com pais cuja escolaridade não ia além do 9º ano (17,3% quando se analisa a situação do pai e 17,2% no caso da mãe).
Os dados mostram ainda que os níveis de escolaridade mais elevados dos pais tendem a ser mais tarde acompanhados pelos filhos. Mais de 90% dos filhos de pais com ensino secundário ou superior frequentaram também o ensino secundário ou superior.
A situação é bastante diferente entre filhos de pais que estudaram, no máximo, até ao final do ensino básico, onde pouco mais de metade estudou além do 9º ano.