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Há 6% da população em privação severa de habitação

Publicação do indicador foi retomada pelo INE e compara com uma percentagem de apenas 3,9% em 2020.

João Cortesão
15 de Março de 2024 às 12:19
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A percentagem da população que vivia, no último ano, em sobrelotação e em condições insalubres – sem casa de banho dentro de casa, com infiltrações ou falta de luz natural – atinge os 6%, numa forte subida relativamente aos últimos dados disponíveis, de três anos antes.

 

O indicador, parte dos dados do inquérito às condições de vida e rendimentos da população, é divulgado nesta sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) depois de a sua publicação ter sido interrompida em 2020 e em 2021.

 

A taxa de privação severa de habitação no país conhece uma forte subida, comparando com um valor que era de apenas 3,9% em 2020.

 

Os dados do INE mostram que, como esperado, a privação severa de habitação afeta sobretudo a população em risco de pobreza, com uma taxa de privação de 14,8%, sendo que na restante população – rendimentos acima de um limiar de 591 euros por mês – a taxa de privação severa é de 4,2%.

 

Há também uma maior concentração de população a viver em condições habitacionais severamente degradadas nas zonas urbanas, onde a taxa de privação atinge os 7,7%. Nos meios rurais é de 3,3%.

 

São sobretudo as crianças e adolescentes o grupo sob maior impacto da degradação das condições de habitação para a população, com a taxa de privação severa de casa a alcançar 10,7% entre quem tem até 17 anos – ou seja, um em cada dez menores em Portugal.

 

Na população entre 18 e 64 anos a taxa é de 6,2%, enquanto entre maiores de 65 anos é bastante mais baixa, de 2,2%.

 

Segundo o INE, mais de um quinto das famílias com crianças (21,1%) vivia em sobrelotação, sendo que perto de metade vivia igualmente em casas insalubres.

 

Já "se se realizar um exercício de simplificação, em que apenas se consideram os problemas relacionados com as instalações sanitárias e a qualidade das estruturas físicas básicas do alojamento (teto, paredes, soalho, janelas), observa-se que 33% da população vivia, em 2023, com privação em pelo menos um dos itens considerados" indica também o INE.

 

As infiltrações e humidade são o principal problema, afetando 29% da população.

 

Os dados agora publicados pelo INE também atualizam a taxa de sobrecarga com custos de habitação, um dos principais indicadores sob vigilância nas políticas sociais europeias.

 

Segundo o INE, no ano passado a percentagem da população que vivia em agregados em que os custos da habitação consumiam pelo menos 40% do rendimento disponível foi de 4,9%.

 

Aqui, observa-se uma redução ligeira face à taxa apurada em 2022, que tinha sido de 5%.

 

Segundo o INE, no ano passado18,8% da população em risco de pobreza encontrava-se em sobrecarga das despesas em habitação, comparativamente a 2,0% para o resto da população.

 

"A taxa de sobrecarga era mais elevada para os residentes em áreas predominantemente urbanas, 6,2 %, descendo para 5,2% para os residentes em áreas mediamente urbanas e para 2,6 % para os residentes em áreas predominantemente rurais", junta.

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