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Consegue fazer-se, hoje, um discurso positivo em Portugal?

Portugal vale a pena. Como vale a pena ter um discurso positivo, sem, no entanto, esquecer os problemas e as suas causas. São, afinal, lições para o futuro. Os gestores, políticos, economistas, empresários contactados pelo Negócios aceitaram o desafio e explicam por que se pode, ainda hoje, em Portugal ter um discurso positivo. Os portugueses, as empresas, a história são a força dos seus argumentos. É de um país com quase 900 anos de história que falamos. Por isso, esta crise, mais uma nessa longa história, será, daqui a uns tempos, não mais do que uma nota de rodapé.

30 de Maio de 2012 às 14:00
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Fernando Pinto
Presidente da TAP


Em momentos difíceis e de retracção económica, como aquele que hoje atravessamos à escala global e, particularmente, em Portugal, a solução passa, em grande parte, por encarar e avaliar a situação com rigor e realismo, aproveitando oportunidades, mas, acima de tudo, mantendo uma atitude positiva e de mudança, não baixando nunca os braços e somando o trabalho e os esforços de todos, seja qual for a organização ou empresa, independentemente da sua dimensão ou natureza de negócio.

A aviação é, por excelência, um sector fortemente competitivo e dinâmico, cuja importância vai muito além do fornecimento de serviços de transporte aéreo, e que contribui em larga medida para o progresso económico e social. Cria e multiplica emprego, directo e indirecto, e impulsiona o desenvolvimento de actividades tão importantes como o Turismo, por exemplo.

Mas é também um sector muito sensível e exposto aos efeitos de inúmeros factores, alguns deles exógenos ao próprio negócio, e que, embora fora do seu controlo, acabam por repercutir-se seriamente sobre a sua actividade.

Prova disso são os últimos anos, ao longo dos quais a aviação tem sofrido o impacto negativo de tantas e variadas circunstâncias, dando mostras de grande capacidade de resposta e resiliência.

A TAP, como as suas congéneres, não é excepção nem ficou imune às consequências. Por isso mesmo, mudou, adaptou-se e reinventou-se. E, apesar das dificuldades, conseguiu reposicionar-se estrategicamente, expandir a sua rede, crescer, tornar-se mais eficiente e renovar-se. Viveu profundas mudanças, mais do que duplicou a sua actividade, e reafirma-se hoje na cena internacional com novo fôlego, designadamente em mercados tão importantes como sejam o Brasil ou África, onde viu reconhecida e premiada a sua liderança.

Tal resulta, naturalmente, de uma aposta da TAP que deu certo, e que tem exigido ao longo dos últimos anos um trabalho árduo e contínuo, que é suportado no esforço e no empenho de todos na empresa. É um trabalho persistente, de equipas, que fazem todos os dias a diferença, ao entregarem-se, com vontade e espírito positivo, acolhendo os nossos Clientes numa verdadeira atitude de braços abertos.




António Bernardo
Presidente da Roland Berger para Portugal e Espanha


A minha opinião é que é possível ter um discurso positivo em Portugal. Estamos a implementar um conjunto de medidas que acordámos com a troika, que são indispensáveis para o equilíbrio da nossa economia, nomeadamente ao nível de redução do défice e da redução do endividamento.

Esta necessidade de medidas drásticas acontece numa altura em que a grande maioria das economias dos países europeus está em recessão, estagnada ou com reduzido crescimento, o que torna a implementação das medidas mais dolorosas.

O desenvolvimento das exportações mostra que muitos dos nossos empresário estão a "meter mãos-à-obra" e a procurar novos mercados para colocar os seus produtos e serviços.
Devemos também estar atentos à necessidade de implementar medidas que favoreçam o crescimento.

Por outro lado é uma boa altura para:
- reestruturar empresas e focar no "core business"
- consolidar indústrias através de fusões e aquisições
- comprar activos que estão em bom preço para quem tem liquidez.
Em síntese, discurso positivo, porque estamos a passar um período de grande sacrifício, para preparar o país para um futuro sustentável.




António de Melo Pires
Director-geral da Volkswagen Autoeuropa

Focar na solução em vez do problema pode ser a via para adoptar um discurso positivo no meio desta crise em que Portugal está mergulhado.

O discurso negativista e o derrotismo não são solução. Atirar dinheiro ao problema, como muitos advogam, tão pouco, vai resolver a crise definitivamente.

É necessário não cometer os mesmos erros que nos trouxeram para esta situação e lembrar que os fluxos monetários que inundaram Portugal, nos primeiros anos da adesão da UE [União Europeia] e que criaram uma falsa sensação de prosperidade, foram, em parte, responsáveis por esta situação em que nos encontramos.

A crise apenas pode ser resolvida com maior produção e produtividade. Portugal tem a capacidade para sair deste problema, uma vez que todas as crises podem ser transformadas em oportunidades, aproveitando-as para mudar.

Se a Europa está em crise e não nos compra os produtos, temos de os ir vender a outras paragens. Quanto mais depressa resolvermos esta situação, mais fácil será retomar o caminho do crescimento.




Luís Laginha de Sousa
Presidente da NYSE Euronext Lisbon


Mais do que o discurso, é fundamental actuar com uma perspectiva positiva. A realidade é sempre composta de aspectos positivos e negativos e, em momentos difíceis como os que vivemos, há que fazer um esforço adicional para identificar e valorizar os pontos positivos (que felizmente continuam a ser muitos) embora com cuidados adicionais na forma de os comunicar.

Os mercados ensinam-nos que por muito duradouras e abundantes que sejam as más notícias (ciclos de baixa), estas também acabam por dar lugar às boas notícias (ciclos de alta). A conjugação das convicções próprias, com o contacto regular com vários intervenientes no nosso ecossistema, levam-me a concluir que a maioria dos problemas que enfrentamos é ultrapassável, e grande parte das soluções depende, essencialmente, da nossa vontade individual e colectiva.




Luís Salvado
CEO Novabase


Sim, só depende de nós. Podemos olhar para o país de duas formas. Numa, vemos um país periférico, pequeno à escala global, com um baixo nível de qualificações e mergulhado numa crise económica e financeira.

Noutra, contemplamos um território com excelentes infra-estruturas, não só as mais tradicionais mas também terciárias (plataformas de pagamento, comunicações avançadas, etc.). Um país onde a qualidade dos quadros superiores e dos investigadores é reconhecida em todo o lado.

Uma nação bafejada por um clima ameno e solarengo, com uma fantástica gastronomia. E nós - portugueses - temos ainda uma vantagem enquanto povo: a nossa enorme adaptabilidade e capacidade de lidar com a adversidade. Este Portugal, Atlântico, resistente, construtor de "pontes" entre o velho e o novíssimo mundo, tem o essencial para triunfar num planeta cada vez mais diverso, cosmopolita e mutante. Só depende de nós.




Miguel Cadilhe
Ex-ministro das Finanças


Se me pede para ver uma luz, dir-lhe-ei que é cedo. Vejo bons sinais, só que vêm das lições dos erros do passado. Desde logo, lição 1: temos de manter duras políticas de ajustamento e realizar reformas estruturais que aliás tardam.

Graças a isso, e a outras coisas, lição 2: temos de puxar pelos factores permanentes da competitividade externa.

E, para evitar recair no erro, lição 3: precisamos de instituições fortes, independentes e temíveis. Veja o caso das finanças públicas. Durante anos, elas foram empurradas até à insustentabilidade que é vizinha da desonra. E muitas vezes serviram os não "transaccionáveis".
Alguns de nós anteviram a rota de colisão, mas debalde. Restam perguntas que são lições: Por que teimaram os políticos em errar? Pior, por que não foram eles, a tempo, travados pelas instituições de vigilância da República? Não têm elas missões, meios e chefias à altura?




José Basílio Simões
Presidente da ISA


Sim, consegue-se e deve-se ter um discurso positivo hoje em Portugal. Para isso é necessário deixar de focar o discurso nas dificuldades, que inegavelmente vivemos mas que são um dado adquirido, para o centrar nos objectivos que pretendemos alcançar como nação e na forma como cada um de nós pode e deve contribuir para os alcançar.

Para isso, todos devemos substituir a lamentação pelos insucessos e pela exaltação dos bons exemplos. Se todos os dias partilharmos a história de alguém, individual ou empresa, que, apesar do ambiente adverso, esteja a ser bem sucedido, vamos perceber que afinal não é impossível, vamos perceber que outros como nós estão a atingir os seus objectivos e a contribuir para que Portugal vença esta etapa que, afinal de contas, não é mais árdua que várias outras que já percorremos ao longo da nossa história.

E esse caminho percorre-se simplesmente com uma atitude empreendedora, fazendo sempre mais do que nos é exigido, colocando metas elevadas para nós próprios, não tendo receio de arriscar e de ousar dar mais um passo, seja por conta própria, seja por conta de outrem.

É isso que na ISA procuramos fazer todos os dias e incentivamos todos aqueles que connosco interagem a fazer também. Quer ajudando os nossos clientes a fazerem mais com menos, gerindo melhor os seus recursos energéticos, hídricos ou outros, através de políticas de sustentabilidade, quer ajudando os nossos colaboradores ou outros empreendedores que nos procurem a desenvolverem os seus próprios projectos que, através da ISA Academy, validamos, melhoramos e apoiamos até que se possam emancipar e enfrentar o mercado de uma forma robusta. Acreditamos que, por esta via, reforçamos o ecossistema de Inovação e Empreendedorismo e que este é o caminho para Portugal sair desta crise mais forte e preparado para alcançar o sucesso que os portugueses empreendedores merecem.




Manuel Santos Vítor
Advogado, sócio e administrador da PLMJ


Acredito com convicção num futuro positivo. Penso assim, desde logo, por causa da qualidade das pessoas com quem lido, a começar pelos profissionais no meu escritório, e que todos os dias dão provas de serem iguais ou melhores do que os profissionais de qualquer outro país nos mesmos ramos de actividade. Todos os dias vejo provas irrefutáveis de enorme profissionalismo, de elevada produtividade e de excelência de resultados.

Falo com jovens que trabalham arduamente nas escolas e faculdades, estimulados por profissionais do ensino de elevado gabarito, e que delas saem bem preparados e em condições de entrar no mundo do trabalho, aqui ou em qualquer lugar.

Tomamos conhecimento de iniciativas de investigação e desenvolvimento e de investigação científica do mais alto nível internacional. Vemos intelectuais, escritores, poetas, artistas, cientistas, advogados, gestores, empresários, atletas conhecidos e respeitados internacionalmente, designadamente pelos seus pares.

Sei como este país evoluiu nos últimos 30 anos. Lembro-me das crises e do FMI nos anos 70 e 80 do século passado e como cada crise parecia gravíssima e infindável. Lembro-me de como era difícil acreditar que viriam dias melhores. E vieram! Os que dizem que estamos à beira do abismo ou não se lembram desse passado ou eram demasiado novos.




António d' Orey Capucho
Ex-presidente da Câmara de Cascais e Presidente da Fundação D. Luís I


Não é fácil, mas não só se consegue ter um discurso positivo hoje em Portugal, como me parece imperativo que essa tónica seja acentuada especialmente por todos os responsáveis nas diversas áreas que influenciam a sociedade, designadamente na política, no mundo empresarial e na comunicação social.

A recessão económica, o desemprego, a austeridade não podem ser consideradas uma fatalidade. Poderá não passar de uma profissão de fé, mas é essencial que, para ultrapassarmos as dificuldades do presente, exista uma expectativa generalizada de que poderemos e saberemos vencer a crise.

Para tanto é essencial definir claramente os desígnios e a estratégia. Quem não acredita na vitória entra em campo derrotado. Quem não convence a equipa de que é possível ganhar não é líder.




Abel Sequeira Ferreira
Presidente da Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado


Portugal tem uma História de feitos únicos e inspiradoras vitórias sobre a adversidade. Portugal tem uma profunda afinidade com o mundo do futuro, onde o Pacífico e o Atlântico se cruzam.

E, para lá da bruma sebastianista e do pessimismo mediático, Portugal tem incontáveis histórias de sucesso em empresas que criam riqueza e emprego e que, em condições extremamente difíceis, continuam a atrair investimento mostrando uma capacidade de resistência inigualável.

A prova está, por exemplo, no aumento continuado das exportações ou na recente colocação total do aumento de capital do BES e dos empréstimos obrigacionistas da EDP e da Semapa.

E, se soubermos chegar a acordo sobre o que queremos para o nosso país, mais do que positivo, o discurso sobre Portugal poderá ser realista e optimista.




Rui Amendoeira
Sócio Executivo da Miranda Correia Amendoeira & Associados


Hoje em dia, temos tendência em tomar a espuma pela onda. Achamos, arrogantemente, que o mundo começa e acaba no nosso tempo, o efémero parece-nos perene, temos dificuldade em recordar o passado, porque esquecemos a História, e o futuro acaba no curto prazo.

Porém, antes do nosso tempo de crise, houve muitas crises passadas e Portugal conseguiu superar todas. Portugal é uma espécie de veterano de guerra. Já lutámos pela independência contra potências estrangeiras, já fomos invadidos, já sobrevivemos a um terramoto bíblico, enfrentámos várias revoluções, perdemos o ouro e as especiarias, e ainda estamos de pé. A crise que agora nos apoquenta vai ser ultrapassada como todas as outras o foram. Por mais omnipresente que a crise nos pareça hoje, no futuro será apenas uma nota de rodapé na História de um país com quase 900 anos.




Paulo Andrez
Presidente da EBAN


Sim. Existem três boas razões (positivas) para investir, neste momento, em "startups" em Portugal, tornando-se "business angel":

1ª Razão - Criar uma empresa, hoje, requer muito menos investimento.
Devido à crise, os fornecedores de equipamentos ou serviços apresentam preços muito mais competitivos, podendo nalguns casos atingir os 50% de redução, em comparação com o que se praticava há três anos. Muitos fornecedores inclusive aceitam partilhar algum risco dos novos negócios.

2ª Razão
- Talento disponível e a preços competitivos.
Hoje é muito mais fácil encontrar, no mercado, recursos humanos altamente qualificados disponíveis com preços mais competitivos do que há três anos.

3º Razão
- Incentivos fiscais e fundos de co-investimento existentes.
Em Portugal, existem os Fundos de Co-Investimento do programa Compete, tanto ao nível de "business angels" como de capital de risco formal, permitindo, desta forma, a um investidor participar em projectos ("startups") com maior volume financeiro.

Em Portugal, existe ainda uma dedução de 20% do investimento em novas empresas até 15% da colecta de IRS, apesar de haver alguns tectos conforme os escalões.




João Miranda
Presidente da Frulact


É uma forte mensagem, que motiva e condiciona de forma positiva a nossa atitude, e que estimula e faz acreditar quem se vê confrontado com dificuldades. Nunca deixando de sermos racionais e conscientes da situação actual que o país e a Europa vivem, o discurso só pode ser positivo. Em termos sociais, os portugueses sempre mostraram uma grande maturidade nos momentos mais difíceis, rejeitando acções de violência, e privilegiando o esforço e a solidariedade para se superarem colectivamente.

Em termos empresariais, os gestores portugueses estão mais preparados que os seus congéneres europeus, pois a internacionalização é algo que sempre esteve na estratégia das nossas PME, pelas dificuldades naturais da falta de dimensão do mercado doméstico. As nossas empresas e os nossos produtos estão ao nível dos melhores. O aumento das exportações em tempo de crise tem surpreendido os próprios políticos, mas não surpreende os empresários. Haja estímulo e os resultados ainda serão melhores.

Eu acredito em Portugal e no superar colectivo deste momento menos bom.




Eduardo Paz Ferreira
Professor Catedrático da Faculdade de Direito de Lisboa (FDL) e Presidente do IDEFF


Saúdo vivamente a iniciativa do Jornal de Negócios de pedir que em 800 caracteres se opine sobre os motivos para ser optimista ou pessimista quanto a Portugal, convidando-nos a uma forma de austeridade já defendida pelo Padre António Vieira.

Os poucos motivos para ser optimista em Portugal vêm da evidente tendência para quebrar o unanimismo oficial e para abandonar um paralisante sentimento de pecado. Dito isso, parece-me desnecessário dizer que negativas são todas as tentativas para evitar que isso aconteça e, como nada do que se passa ou decida em Portugal é relevante, aquilo que é verdadeiramente positivo é a verificação de que a opinião pública e a política europeias começam a mudar e que aquilo que, ontem, era ousadia insensata de radicais desligados da realidade tende a tornar-se ideia quase consensual. Assim se vá a tempo.




Pedro Norton de Matos
Partner da MyChange


As crises são também oportunidades de mudança. Nesse sentido, o discurso e práticas positivas têm um efeito multiplicador, contagiando e inspirando os outros.

A oportunidade de repensar os pressupostos em que o modelo de desenvolvimento assentou nas últimas décadas, provocando inúmeros desequilíbrios sociais, económicos e ambientais , pode permitir a criação de uma nova ordem mais sustentável em que os comportamentos de solidariedade, civismo, minimização do desperdício e do hiperconsumo conduzam as pessoas e a sociedade a um maior equilíbrio e níveis de felicidade. Há inúmeros recursos mal utilizados (pessoas, terra, mar, energia, etc.) e o potencial de aumento de eficiência e produtividade é enorme.

O fundamental é o desenvolvimento de uma mentalidade de empreendedorismo, como atitude, sabendo que o que o Estado-providência não mais será o garante do bem-estar. Implica proactividade e espírito de iniciativa, de cada um e da comunidade. Essa é uma grande mudança na nossa cultura.

O empobrecimento relativo da classe média não me parece o tema central, mas sim as famílias que não chegam sequer a esse patamar, não tendo acesso a educação e cuidados de saúde.
No meu dia-a-dia, envolvido em vários projectos, tenho o privilégio de conviver com o meio universitário. Em particular, no projecto Green Festival , a nossa equipa está instalada no IADE , universidade da criatividade. Todos os dias sou confrontado com um discurso e práticas positivas, vendo jovens com brilho nos olhos e a acreditarem no futuro (em Portugal ou no mundo global ). Muito inspirador.

A construção de um mundo melhor e mais justo está nas nossas mãos e passar do diagnóstico à acção é o fundamental. Cada um pode ser agente de mudança e ter o poder transformador.




José Ramos
Presidente da Toyota Caetano Portugal


Sou optimista por natureza e acredito no meu País e sobretudo nos portugueses, pelo que sempre alimentei e continuarei a alimentar um discurso positivo, sem dúvida, mas realista e consistente. A capacidade de trabalho dos portugueses, em geral, o rasgo de iniciativa dos empresários e o sentido de responsabilidade que todos têm demonstrado perante o actual clima de austeridade são emblemáticos de um povo confiante no futuro.

Porém, este sentimento de optimismo, e não de resignação, não pode ser manchado por demagogias nem por acções contraditórias, esperando-se de todos, mas em especial do Governo, um discurso de verdade.

Lamentavelmente, no caso concreto do sector automóvel, e apesar do encerramento de empresas e consequente desemprego (devido a quebras do mercado superiores a 50%), a forma como o Governo tem gerido a situação melindra o sentimento positivo e o discurso consistente de que tanto necessitamos.

As várias reuniões da ACAP com o Governo, onde ficaram provadas as consequências do aumento do ISV [imposto sobre veículos], assim como a quebra abrupta nas receitas fiscais, foram totalmente ignoradas, com a agravante de terem sido adoptadas medidas que acentuam ainda mais a situação e contradizem o discurso político, cuja credibilidade é determinante para manter a ordem e incutir em cada português um sentimento de esperança.




Mário Assis Ferreira
Presidente da Estoril-Sol


Somos um povo cujo ADN está marcado pela bipolaridade comportamental: facilmente resvalamos da euforia inconsistente para a depressão desmobilizadora.

E, todavia, vivemos num país que, como destino turístico, oferece condições ímpares, as ofertas culturais são inúmeras - pese embora pouco se aposte na Cultura como factor de identidade nacional, - os índices de criminalidade são relativamente baixos e, apesar dos actuais constrangimentos orçamentais, demonstramos, sem excessivas manifestações de inconformismo, uma notável capacidade de adaptação a um inevitável clima de austeridade.

Somos, em suma, um país com as fronteiras mais antigas da Europa e soubemos enfrentar, ao longo da nossa História, múltiplas crises que conseguimos ultrapassar.

Nesta crise - a pior das nossas gerações - qual é o nosso problema?

É o de vivermos das más notícias, não sentindo a alegria de boas novas, de quaisquer evidências de progresso.

Ou seja, não valorizamos Portugal dentro de uma Europa velha e desnorteada.

Mas herdámos, felizmente, os genes da audácia e a experiência de marear.

Por isso, somos o que quisermos ser!




Carlos Melo Ribeiro
Administrador-delegado da Siemens Portugal


Claro que sim. Não só se consegue como devia ser obrigatório para todos os responsáveis deste País.

Uma equipa vencedora só se constrói com o contributo das qualidades e das vantagens competitivas de cada um. (Nunca se vence evidenciando os defeitos ou as desvantagens próprias).

Se há uma coisa que já devíamos ter aprendido com a História é que "todas as crises são passageiras" e são sempre oportunidades para se realçar um futuro mais próspero. Disse um grande filósofo: "Se julgamos um peixe pela sua habilidade de subir às árvores ele vai sentir-se estúpido a vida toda".

Todos temos algo de bom para contribuir para o nosso País e é nestas alturas que precisamos de nos unir, para, mais uma vez, sairmos bem desta crise, como sempre fizemos na nossa Grande História. Vamos todos fazer o que temos de fazer e o resultado será mais rápido do que se espera.




Carlos Vasconcellos Cruz
Presidente do Fyron Group


Perguntam-me se é possível ter hoje um discurso positivo em Portugal. A minha resposta inequívoca é SIM. Só pode ser essa!


Por vários motivos, que passo a explicar:
a) Porque ser positivo é uma forma de estar e de viver, por oposição à visão derrotista e negativa de quem não dá valor ao que tem, ainda que pareça ou seja pouco.
b) Porque é nos momentos mais difíceis que ser positivo mais falta faz e mais benefícios proporciona.
c) Porque tudo é relativo , e nós tendemos a fechar-nos nos nossos "pequenos mundos", esquecendo o "Grande Mundo" que nos rodeia.
d) Porque tudo tem soluções, mesmo nos casos em que as mesmas transcendem a compreensão humana.
e) Porque atrás de cada dificuldade há uma oportunidade.
f) Porque o mundo , a história e a vida são feitos de ciclos positivos e negativos - e há que aprender a tirar o máximo partido dos primeiros e a minimizar os efeitos dos segundos.
g) Porque o tempo não pára, e cada minuto que perdemos a concentrar -nos em sentimentos e factos negativos estamos a perder uma oportunidade de tentar construir alguma coisa que nos traga um melhor amanhã.
h) Porque Portugal tem um passado de que se deve orgulhar, atravessa um muito difícil presente mas tem de saber e acreditar que vai construir um futuro melhor.
i) Porque nos momentos mais duros descobrimos novas dimensões de resistência, solidariedade e capacidade de dar.
j) Porque o País está ávido de encontrar um caminho que corte com a péssima administração de recursos materiais, financeiros e humanos a que tem estado sujeito nas últimas décadas.
k) Porque temos hoje uma geração de jovens com um nível de educação e preparação académica como Portugal nunca teve.
l) Porque só com um discurso positivo poderemos voltar a acreditar que é possível levar a sociedade portuguesa a reencontrar o seu caminho no mundo.

E, finalmente, porque não há alternativa. Cabe-nos a cada um e a todos nós construir o mundo em que queremos viver.
Do medo , temos que gerar coragem.
Do desespero temos que fazer nascer esperança.
Do pouco temos que construir muito.
O futuro só se ganha de uma forma: CONSTRUINDO-O !


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