O presidente francês Jacques Chirac nomeou o ministro do interior Dominique de Villepin para substituir Jean-Pierre Raffarin como primeiro-ministro da França, para assim tentar recuperar a confiança no seu governo, após a derrota do referendo à Constituição Europeia.

O primeiro-ministro francês Raffarin demitiu-se hoje depois dos eleitores do país terem rejeitado o Tratado para a Constituição Europeia no referendo de dia 29 de Maio. Os eleitores «chumbaram» o Tratado para a Constituição Europeia, com 55% a votarem «não» e 45% dos votos no «sim».

Os analistas políticos já antecipavam que Chirac – cujo ‘rating’ de aprovação atingiu um mínimo de oito anos - teria que remodelar o Governo depois de ter sofrido a terceira derrota eleitoral em 14 meses.

Villepin é considerado um dos principais aliados de Chirac e foi seu chefe de gabinete entre 1995e 2002, tendo ficado mais conhecido como porta-voz da França na oposição aos Estados Unidos na Guerra do Iraque.

Esta votação de Domingo reflecte as preocupações de que a Constituição vai prejudicar o bem-estar do sistema da França e as perspectivas de reduzir o desemprego cuja taxa se encontrava nos 10,2% em Março, disse ontem Eric Chaney, director económico europeu da Morgan Stanley, citado pela Bloomberg acrescentando que o governo francês poderá não aumentar os gastos com os serviços sociais uma vez que a economia está a abrandar.

O veto da França à Constituição Europeia ameaça as ambições da Europa em tornar-se numa super-potência global e põe um travão a 50 anos de integração, afectando o crescimento económico da região, afirmou ontem também à agência noticiosa norte-americana o secretário-geral da Unice, a federação europeia dos empresários, Christopher de Buck.

Também Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, admitiu anteontem à noite em Bruxelas que a vitória do «não» no referendo francês à Constituição europeia coloca dificuldades, mas sublinhou que o processo de ratificação do Tratado prosseguirá.