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China distribui milhões em vales para alavancar consumo

Cidades chinesas estão a distribuir vouchers para impulsionar consumo afetado por um fraco crescimento económico e estritas medidas de contenção da pandemia.

A moeda chinesa arrastou as bolsas de todo o mundo no Verão de 2015. Na madrugada de 10 para 11 de Agosto, o Banco Popular da China anunciou a maior desvalorização do yuan desde os anos 90, ao mesmo tempo que flexibilizava a cotação da sua divisa. A decisão fez tremer os mercados, uma vez que os investidores começaram a ter dúvidas sobre a real saúde da economia chinesa. A desvalorização foi entendida como um sinal de preocupante debilidade, como que numa tentativa de evitar que a sua desaceleração após um crescimento em torno de dois dígitos resultasse numa recessão.
Praticamente todo o mês de Agosto foi de queda nas bolsas, tendo a sessão de dia 24 sido apelidada de 'segunda-feira-negra', uma vez que se viveu 'mini-crash'. No dia seguinte, a China voltou a intervir para tentar travar a espiral de queda nos mercados e o banco central avançou com o quinto corte de juros desde Novembro de 2014, numa tentativa de estimular a economia. Resultou: as bolsas mundiais dispararam, a corrigirem da pior sessão em sete anos.
Reuters
23 de Dezembro de 2021 às 13:32
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Nanjing, Zhengzhou, Hefei e Chongqing figuram entre as cidades chinesas que, a partir do início de dezembro, colocaram em marcha um plano para impulsionar o consumo local que passa pela distribuição de dezenas de milhões de yuan em vouchers, noticia esta quinta-feira o South China Morning Post (SCMP).

Em Hefei, na província de Anhui, prevê-se a entrega de 40 milhões de yuan (5,5 milhões de euros) em vales, uma das maiores rondas de distribuição em todo o país, pensada para estimular os gastos em restaurantes, centros comerciais e supermercados e impulsionar as vendas de automóveis.

Já a província de Jilin vai distribuir vouchers direcionados para o turismo e entretenimento no valor de 10 milhões de yuan (1,4 milhões de euros), estando o foco apontado à promoção das atividades locais na neve e no gelo, refere o jornal com sede em Hong Kong.

Chengdu e Guizhou também estão a distribuir cupões para fomentar os serviços recreativos e de turismo local, ao passo que Hengshui, na província de Hebei, deve canalizar para os residentes 3 milhões de yuan (416 mil euros) em vouchers para despesas em supermercados designados.

Em Yining, na região autónoma do Xinjiang, centenas de milhares de vales foram enviados para mais de 400 negócios locais desde o início do mês, impulsionando, direta ou indiretamente, gastos de dezenas de milhões de yuan, refere o SCMP, citando o jornal estatal Securities Daily.

A nova ronda de estímulos tem lugar depois dos avisos saídos da conferência anual de trabalho, realizada este mês, sobre a contração do consumo, choques nas cadeias de abastecimento e relativamente a menores expetativas de crescimento.

As vendas do retalho da China abrandaram em novembro, com o coronavírus a continuar a provocar disrupções na produção e no mercado de trabalho, estando o contributo do consumo para o crescimento do produto interno bruto a cair desde o início do ano.

O presidente executivo da Sociedade de Reforma de Guangdong, um "think tank" ligado ao governo provincial, considera que os vouchers vão ter um efeito limitado, dado que a maioria está direcionada para serviços recreativos e de turismo. "Os pobres não têm dinheiro para usar os cupões, ao passo que os ricos não querem saber", afirmou Peng Peng, citado pelo South China Morning Post.

"A chave para alavancar o consumo é aumentar o rendimento disponível da camada menos privilegiada financeiramente", defendeu, apontando que elevar o salário mínimo tem-se revelado uma medida eficaz. "Vário setores parecem ter perspetivas sombrias, como o do imobiliário, dos centros de explicações ou da internet. Os trabalhadores destes setores estão a ser sujeitos a massivos 'lay-offs' e cortes salariais, pelo que não têm motivação para gastar", reforçou o mesmo responsável.
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