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César das Neves: Centeno “não fez nenhuma reforma estrutural. Não fez dieta, pôs uma cinta”

O professor de Economia considera que a resposta económica do país à pandemia teve vários erros, e aponta o dedo ao ex-ministro das Finanças Mário Centeno, para quem a covid-19 "foi uma bênção".

Marisa Cardoso / Sábado
24 de Abril de 2021 às 13:34
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O economista João César das Neves acredita que Portugal reagiu "razoavelmente bem" à pandemia, em termos sanitários, nomeadamente em março do ano passado, quando foram impostas medidas rápidas para tentar controlar os contágios. Na vertente económica, porém, foram cometidos muitos erros, segundo o professor de Economia da Universidade Católica.

 

"Até reagimos bem em março do ano passado, fomos rápidos e fizemos uma data de coisas que nem foram necessárias. Mas em geral, em termos sanitários, o balanço é positivo. Em termos económicos a coisa é mais ambígua. Diria que a orientação geral é boa: disse-se que se ia fazer o que se devia, mas com alguns problemas", afirmou, em entrevista ao Dinheiro Vivo e TSF.

 

Para César das Neves, o primeiro erro foi que "em vez de se conceber um ou dois grandes planos para ajudar a economia fez-se muitos e com uma coisa inacreditável: prazos. Em vez de se fazer uma coisa simples e direta fez-se uma complicada. Que teve depois a segunda consequência: a burocracia".

 

O economista argumenta que o problema era saber se o dinheiro chegava mesmo às empresas, "e a verdade é que muitas acabaram por não o ter", aponta.

 

"Em cima disto, há uma coisa inaceitável: não se falou dos pobres. Não houve um plano para tratar dessas pessoas. Os pobres não têm voz em Portugal. Este governo está muito bem montado para lidar com a opinião pública mas os pobres não fazem parte dela", critica.

 

César das Neves aponta ainda o dedo ao antigo ministro das Finanças, Mário Centeno, para quem a pandemia "foi uma bênção por uma razão desagradável".

 

"Centeno fez algo extraordinário e que ninguém contava que foi conseguir um excedente orçamental. Mas fê-lo mal, porque não fez nenhuma reforma estrutural; não fez dieta, pôs uma cinta. Parece que está tudo certinho mas ele sabia que a cinta vai rebentar, e por isso quis ir embora com tanta pressa, sabia que mais cedo ou tarde numa curva do caminho ia correr mal. A bênção é que agora a culpa é do vírus e não dele. Mas é uma maldição porque ele objetivamente saiu com um défice maior do que quando tinha quando chegou - estragou-lhe a pintura", sustenta.

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