Notícia
Bruxelas insiste que países do euro têm de coordenar apoios
Comissão Europeia continua a ver risco de países furarem o limiar da prudência nas medidas orçamentais. Terminar apoios será politicamente mais fácil com resposta coordenada.
O problema identificado em novembro pela Comissão Europeia nos planos orçamentais dos países da Zona Euro ainda não desapareceu, admitiu nesta segunda-feira Paolo Gentiloni, comissário da Economia, após reunião do Eurogrupo. O risco de os governos serem chamados a fazer correções aos desvios mantém-se.
"Há o risco de um fardo mais forte para as finanças públicas se as medidas que vimos nos planos orçamentais forem continuadas ao longo do ano", admitiu o responsável do executivo de Bruxelas, após a reunião que acolheu pela primeira vez a Croácia nas discussões da política económica no espaço da moeda única e serviu também para discutir reformas na governação económica e no Mecanismo de Estabilidade Europeu.
As medidas de resposta dos governos à inflação energética também foram alvo de discussão, com divergências no espaço do euro, reconheceu Gentiloni. Mas, por outro lado, o comissário diz que há consciência comum de que existe um problema.
"A consciência sobre a necessidade de resolver este problema é partilhada por todos. As soluções são diferentes e, por isso, na minha opinião, temos de melhorar a coordenação", disse.
Caso a crise do custo de vida leve os governos a prolongarem medidas de apoio a famílias e empresas ao longo de 2023, os custos poderão duplicar, passando de um peso equivalente a 1% do orçamento da EU para 2%, indicou o comissário. Em 2022, as medidas der apoio dos países representaram 1,3% do orçamento dos 27.
"Eliminar gradualmente este tipo de políticas – se a eliminação não for automática – não é fácil politicamente, mas se isto for feito de forma coordenada é mais razoável de um ponto de vista político", defendeu Gentiloni.
Na avaliação da Comissão Europeia, o Orçamento do Estado português surge entre aqueles que estarão no limiar do cumprimento no que toca à subida da despesa.
A reunião serviu ainda para fazer o endosso final às recomendações da Comissão Europeia para 2023 e para uma avaliação do atual momento económico. Bruxelas mantém a expectativa de uma contratação económica no espaço do euro "menos profunda" que o esperado no quarto trimestre após números encorajadores no trimestre anterior, melhorias no sentimento dos agentes económicos e aparente ultrapassagem do pico da inflação no que toca ao indicador total (a subjacente, que exclui energia e alimentos, pode continuar a acelerar).