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Bloco propõe fundo de resgate como garantia à renegociação da dívida

Francisco Louçã apresentou hoje o programa eleitoral do Bloco de Esquerda, no qual consta a constituição de um fundo de resgate que pode ascender a três mil milhões de euros por ano e que seria financiado com recursos oriundos do capital financeiro.

12 de Maio de 2011 às 14:58
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Na apresentação do compromisso eleitoral para as eleições de 5 de Junho, o coordenador do partido detalhou que este fundo será constituído através de três recursos: um imposto sobre as mais valias urbanísticas, um pequeno imposto marginal de uma milésima sobre as operações bolsistas (agravada no caso da compra de derivados e de produtos especulativos) e uma taxa “exemplar” de 25% sobre todas as transferências para paraísos fiscais.

Este fundo de resgate serviria como “garantia à renegociação” da dívida, um processo que os bloquistas defendem que seja encetado depois de se proceder a uma auditoria. “Nenhum português pode aceitar que nos digam que na próxima década estamos condenados ao pagamento de juros exorbitantes, sempre crescentes, por uma dívida que não conhecemos”, sintetizou Louçã.

O líder do Bloco de Esquerda ilustrou ainda a necessidade desta auditoria à dívida com um exemplo do dia-a-dia: “não há ninguém que vá a um restaurante e que pague a conta sem deitar um olho à factura. E nós queremos saber o que é a factura, o que está a ser pago e a quem”.

Conhecida a dívida, o Bloco projecta que seja depois substituída “aquela dívida que nos foi imposta nos últimos meses por fundos financeiros, companhias de seguros e pela banca internacional e nacional a 7%, 8% e 9%, por um pagamento de juros aceitáveis, compatíveis com o crescimento da economia”. “Isso é proteger as pessoas e chama-se renegociação da dívida”, acrescentou.

Outro resgate financeiro com esta taxa de juro

Na conferência em que apresentou as principais propostas do Bloco para a próxima legislatura – concentradas sobretudo na questão da dívida e do emprego –, Francisco Louçã dramatizou ainda que Portugal deve desde já recusar pagar uma taxa de juro na ordem dos 5%, como a que deverá ser exigida pela União Europeia.

“Portugal assumirá uma conta que, por mais de uma dúzia de anos, vai ser paga a cerca de 5%. Uma economia que decresce 2% de um ano e 2% no outro, fica mais pobre e no final do processo não conseguirá pagar este juro. Não é possível pedir isto aos portugueses. Porque isto só garante uma certeza: que no final deste período Portugal cairá de novo noutro resgate financeiro, vai de empréstimo em empréstimo para pagar empréstimos”, avisou o líder bloquista.

Louçã explicou que a economia portuguesa não suporta pagar a 5% dívidas que estava a pagar a 3% ou 4% porque “o resultado disso é que a divida será maior, como aconteceu na Grécia”. E tal como os gregos e os irlandeses estão a finalizar processos de renegociação da taxa de juro, também Portugal “tem de sair do ciclo da dívida”. Uma saída facilitada pelo tal fundo de resgate agora proposto pelo Bloco de Esquerda.
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