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Blackrock acredita que "pode estar próxima" uma solução para a disputa entre a Grécia e os credores

Depois de uma primeira semana atribulada para o novo Governo grego, a operação de charme lançada esta semana junto dos parceiros europeus e investidores pode estar a dar frutos. O recuo de Atenas sobre a sua dívida perante os seus planos iniciais pode vir a convencer os credores, acreditam os analistas.

Reuters
03 de Fevereiro de 2015 às 14:51
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A Grécia poderá chegar em breve a acordo com a Europa sobre a reestruturação da sua dívida. Depois de Atenas ter metido marcha atrás no seu plano inicial, a BlackRock, a maior gestora de activos do mundo, acredita que é possível as negociações chegarem a bom porto.

 

"A solução para a disputa entre o novo Governo grego e os seus parceiros europeus pode estar próxima", disse Michael Krauztberger da BlackRock esta terça-feira, 3 de Fevereiro, citado pelo jornal espanhol Expansíon. 

 

Inicialmente, o novo Governo grego pretendia que os países europeus perdoassem pelo menos metade dos mais de 200 mil milhões de euros de empréstimos concedidos nos últimos cinco anos.

 

Agora, Atenas pretende que o ritmo do reembolso dessa dívida passe a ser indexado à taxa de crescimento nominal da economia grega. Isto é, a Grécia só pagaria aos seus credores se a economia estiver a crescer.

  

Isto mesmo foi avançado pelo ministro grego das Finanças ao Financial Times na segunda-feira. Foi também ontem que Yanis Varoufakis se reuniu com o seu homólogo britânico, George Osborne. Mais tarde, encontrou-se com investidores na City de Londres, um dos maiores centros financeiros mundiais. No que pode ser interpretado como um piscar de olho de Atenas à alta finança mundial.

 

Michael Krautzberger sublinhou que "apesar de não conhecer os detalhes do plano, parece que existem pontos comum entre o que exigem os credores", afirmou, num encontro com jornalistas em Londres.

 

"No lugar de um perdão sobre o valor nominal da dívida, corte que não seria aceite, chega-se a um compromisso para alargar os prazos e flexibilizar os juros", apontou, considerando que existe "terreno comum" para as duas partes chegarem a um compromisso.

 

Desta forma, "o cenário mais provável é um acordo sobre essas linhas, o que reduz o risco de saída da Grécia do euro apesar de haver volatilidade no mercado até que se concretize esta solução".

 

Actualmente, o valor nominal da dívida grega ascende a 315 mil milhões de euros, dos quais 240 mil milhões estão nas mãos da troika de credores internacionais - Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e União Europeia.

 

Acima de tudo, o volte face grego ajudou a diminuir o "nível de ruído que existia", tanto da parte da Grécia como da parte dos parceiros europeus, desde a vitória do Syriza nas eleições gregas.

 

Alexis Tsipras recua nas suas exigências

 

Os mercados reagiram de forma positiva ao recuo da Grécia nas suas intenções. A praça de Atenas está a subir mais de 10% na sessão desta terça-feira. Já no mercado secundário de obrigações soberanas, as taxas de juro da dívida grega recuam mais de 100 pontos base nos diferentes prazos, o que corresponde à maior queda desde 2012.

 

A marcha atrás da Grécia para mudar  foi precisamente apontada por Philipe Goudin, analista do Barclays. "Após uma semana a fazer petições muito provocadoras aos seus credores - o que aumentava o risco de incumprimento da Grécia e a saída do euro -  parece que o seu Governo deu um passo atrás e vai iniciar uma negociação sensata", disse, citado pelo Expansíon.

 

No entanto, o analista aponta que o "pacto não vai ser fácil" porque manter um superávit orçamental de 1-1,5%, como pretendido por Atenas, vai exigir "grandes esforços" ao Executivo de Alexis Tsipras.

 

Estabilidade política em Portugal

 

O responsável da BlackRock acredita que o risco de contágio a outros países está contido, por o mercado diferenciar a situação da Grécia, da situação de outros países periféricos como Portugal. 

 

E são precisamente as obrigações portuguesas que são as preferidas da BlackRock "já que é possível que as agências de rating subam o rating este ano, e há mais estabilidade política do que em Espanha, por não terem surgido partidos populistas".

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