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Barroso elogia coragem do governo e povo grego

O presidente da Comissão Europeia tentou hoje serenar os ânimos entre a Grécia e alguns países da Zona Euro, elogiando no Parlamento Europeu, a coragem do governo e do povo grego.

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"Quero saudar a coragem do governo e do povo grego durante este período tão exigente", disse José Manuel Durão Barroso, durante uma intervenção no Parlamento Europeu.

A afirmação de Barroso surge numa altura em que tem havido algumas trocas de palavras menos simpáticas entre a Grécia e alguns países da Zona Euro, depois da Alemanha e do Luxemburgo terem admitido que a Grécia pode ser deixada à sua sorte.

"Queremos fazer tudo para ajudar a Grécia", mas se tudo falhar "estamos agora melhor preparados do que há dois anos", respondeu o ministro alemão das Finanças, Wolfgang Schäuble, após ter sido questionado sobre o impacto de um incumprimento declarado da Grécia.

Mais explícito foi o seu colega do Luxemburgo. "É preciso que façamos o nosso melhor para manter a Zona Euro com todos os seus membros". Mas se a Grécia não fizer o necessário "penso que eles próprios se excluem da Zona Euro", disse Luc Frieden.

As declarações de Luc Frieden e Wolfgang Schäuble motivaram uma dura reacção do ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos. "Há muitas pessoas na Zona Euro que já não nos querem. Precisamos de os convencer que podemos ficar na Zona Euro e que podemos recuperar o terreno perdido", disse Evangelos Venizelos durante um encontro com o presidente grego Karolos Papoulias.

Segundo relata a imprensa grega, o ministro afirmou ainda que o país vive no "fio da navalha" e criticou "as pessoas que na Grécia e no estrangeiro estão a brincar com o fogo" e a dificultar as negociações do segundo pacote de resgate.

Ontem ao final do dia, foi a vez do presidente grego - que momentos antes tinha anunciado que ia renunciar ao seu salário num gesto de solidariedade com os gregos, que estão a ser chamados a "sofrer tantos sacrifícios" – responder a Wolfgang Schäuble, que dias antes tinha afirmado que a Grécia não pode ser um "poço sem fundo".

"Não aceito os insultos do Senhor Schaüble ao meu país", afirmou Papoulias. Mas as palavras do presidente grego não se destinaram apenas ao ministro das Finanças alemão.

"Não o aceito como grego. Quem é o Senhor Schaüble para ridicularizar a Grécia? Quem pensam que são os holandeses? Quem pensam que são os finlandeses? Temos o orgulho não só de defender a nossa liberdade, não apenas o nosso país, mas a liberdade de toda a Europa", acrescentou.

É neste clima de alguma tensão que Barroso vem hoje elogiar os gregos e fazer votos de que "os Estados-membros da União Europeia aceitem os compromissos feitos pela Grécia".

Segundo pacote só depois das eleições?

Recorde-se que a Grécia aprovou este domingo um novo pacote de austeridade, condição necessária – mas não suficiente – para que a União Europeia e o FMI aprovem o segundo pacote de ajuda.

A troika exigiu ainda que os líderes gregos se comprometessem, por escrito, com as medidas aprovadas no domingo – exigência que, entretanto, já foi satisfeita pelos líderes da Nova Democracia e do Pasok.

No entanto, a Alemanha e outros países do euro, entre os quais a Holanda, estará a liderar uma frente de países do euro que começa a defender que só se deve emprestar à Grécia o estritamente necessário para garantir que o país terá meios para ressarcir os credores e evitar uma situação de incumprimento desordenado da dívida, que faria mergulhar toda a Zona Euro num contexto de ainda maior incerteza.

A notícia foi avançada ontem pela agência Reuters, que cita fontes europeias, segundo as quais a possibilidade de adiar na íntegra ou em parte o segundo empréstimo à Grécia está a ganhar força, perante o receio de que um novo Governo, a sair das eleições que em princípio terão lugar em Abril, faça letra morta dos acordos rubricados com a troika, que integra representantes da Comissão Europeia, BCE e FMI.

O ministro das Finanças holandês, Jan Kees de Jager, defendeu hoje em entrevista ao jornal "Financieele Dagblad" que o segunto pacote de ajuda deve ser adiado até às eleições de Abril. "Seria preferível esperar pela eleições. Nessa altura, poderemos negociar os compromissos com o novo governo", disse Jan Kees de Jager.

O responsável holandês disse ainda que defende um maior envolvimento do sector privado no plano de resgate grego.

O Eurogrupo realizou, ontem à tarde, uma reunião através de vídeo-conferência e Jean-Claude Juncker afirmou no final do encontro que serão tomadas decisões sobre a Grécia na próxima segunda-feira, dia em que os ministros das Finanças se voltam a reunir.
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