O Senado da Argentina aprovou um projecto de lei visando a eliminação do défice de conta corrente daquele país, ao autorizar o Governo a gastar apenas os montantes recebidos em impostos.

Este projecto, que foi apresentado pelo actual ministro das Finanças argentino, Domingo Cavallo, visa restabelecer a confiança dos consumidores e dos investidores internacionais na segunda maior economia da América Latina.

O projecto aprovado hoje pelo Senado argentino pretende também assegurar à comunidade internacional que a Argentina vai continuar a pagar a sua dívida externa, avaliada em cerca de 130 mil milhões de dólares (148,3 mil milhões de euros ou 29,73 mil milhões de contos).

A Argentina encontra-se mergulhada numa crise económica há três anos, com o produto interno bruto (PIB) em contracção desde 1998, o que tem levado a inflação a aumentar e o peso, a moeda argentina, a desvalorizar face às restantes divisas.

Desde o início do ano, reflectindo a crise que afecta o país, o Merval, principal índice da Bolsa de Buenos Aires, recuou 22,5%. A desvalorização do peso, a moeda argentina, levou entretanto o Executivo daquele país a indexar o valor da divisa ao euro e ao dólar.

A política de redução dos gastos do Estado já vinha sendo posta em prática pelo Executivo argentino, através do congelamento dos salários dos trabalhadores da administração pública e das transferências de dinheiro para a Segurança Social daquele país.

A crise argentina tem afectado a actividade económica de outros países da região, como o vizinho Brasil, ao afastar os investidores internacionais, que receiam o alastrar das dificuldades económicas a outros Estados.

Esta situação tem prejudicado as empresas com interesses nos mercados latino-americanos, entre as quais se encontram companhias espanholas e portuguesas, devido às expectativas de que as desvalorizações das divisas locais poderão ter um impacto negativo nas suas contas consolidadas.

Entre as empresas nacionais com interesses no Brasil encontram-se a Portugal Telecom (PT) [PLTM], a Electricidade de Portugal (EDP) [EDP], a concessionária de auto-estradas Brisa [BRISA], as distribuidoras Modelo Continente [MCON] e Jerónimo Martins [JMAR], entre outras.