Notícia
A bolsa que quer dar "novas respostas para velhos problemas"
Criada pela Fundação EDP, em parceria com a bolsa de Lisboa e a Fundação Calouste Gulbenkian, a Bolsa de Valores Sociais tem como objectivo apoiar projectos sociais.
"Novas respostas para velhos problemas". É esta a principal missão da Bolsa de Valores Sociais, que está há três anos a apoiar empreendedores e investidores sociais, no mercado nacional. No total, esta bolsa já angariou um montante próximo de 1,5 milhões de euros e financiou 30 projectos.
Inspirada no modelo brasileiro, a Bolsa de Valores Sociais foi lançada em Portugal pela Fundação EDP, em parceria com a Bolsa de Lisboa e a Fundação Calouste Gulbenkian. Tem como principal objectivo "identificar e apoiar organização sem fins lucrativos, que apresentem projectos capazes de oferecer respostas efectivas aos mais urgentes problemas sociais", explicou Isabel Ucha ao Negócios.
"Não há nenhuma razão para que estes princípios não se possam aplicar aos empreendedores sociais – as organizações de solidariedade social, que têm necessidades de financiamento – e aos investidores sociais – cidadãos ou empresas e outras instituições – que pretendam financiar obras de reconhecida valia social", sublinhou a responsável.
Desta forma, a bolsa promove o encontro entre a oferta e a procura de fundos para fins pessoais, apostando na transparência e responsabilização. Para tal disponibiliza uma plataforma "on-line", onde "toda a relação com as entidades com projectos cotados e também com os investidores sociais é realizada", permitindo acompanhar estes projectos do princípio até ao fim.
Mais do que dar uma resposta de curto prazo, a bolsa tem como finalidade seleccionar projectos "que actuem sobretudo nas causas dos principais estigmas sociais, promovendo a sua erradicação". E os resultados estão à vista. Desde que foi lançada, em Novembro de 2009, a Bolsa de Valores Sociais, que conta com o apoio de cerca de 20 empresas, além de manter parcerias com vários órgãos de comunicação social, já financiou um total de 30 projectos.
Tornar projectos sociais rentáveis é o próximo passo
Apesar dos resultados já alcançados, Isabel Ucha garante que há margem de progressão. Há "um largo caminho a percorrer na exploração de todas as potencialidades" desta bolsa que já mereceu o reconhecimento num relatório da Comissão Europeia sobre Inovação e Empreendedorismo Social, em Outubro de 2011.
Embora a Bolsa de Valores Sociais tenha começado com projectos de impacto social, sem retorno financeiro, a ideia é que esta bolsa possa evoluir, num futuro próximo. E essa evolução poderá passar pela rentabilização dos projectos sociais.
Esta bolsa "tem potencial para evoluir para projectos que, a par do retorno social, tragam também retorno financeiro", afirmou a responsável da Bolsa de Valores Sociais ao Negócios. Para Isabel Ucha, esta evolução para a rentabilidade poderá valorizar o papel das bolsas especializadas "nesta nova classe de activos", remata.
Tudo sobre a Bolsa de Valores Sociais
Um projecto inspirado na experiência brasileira
A Bolsa de Valores Sociais nasceu no Brasil, em 2003, com o objectivo de desenvolver a sua política de responsabilidade corporativa, mas utilizando os recursos e conhecimentos da bolsa. O projecto foi importado para Portugal em Novembro de 2009.
Bolsa ao serviço de projectos sociais
A Bolsa de Valores Sociais dedica-se em exclusivo a projectos de natureza social, ainda que assente em princípios semelhantes aos de uma bolsa financeira.
Um exemplo único na Europa
"A Bolsa de Valores Sociais é um conceito reconhecido como estando no caminho do futuro da inovação social, enquadrando-se numa categoria de serviços financeiros e tecnológicos ligados a uma classe de investimento emergente", explicou Isabel Ucha. Na mesma linha, estão em desenvolvimento a "Social Stock Exchange" no Reino Unido e a "Impact Investment Exchange - Ásia" em Singapura. A Irlanda tem mantido contactos com a equipa da BVS para o desenvolvimento de um conceito semelhante.
Um projecto com o apoio de cerca de 20 empresas
Companhias como a Jerónimo Martins, a Caixa Geral de Depósitos, o Deutsche Bank ou a Galp Energia estão entre as instituições que apoiam a iniciativa.