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Trump proíbe pessoas transgénero de prestarem serviço militar
Numa série de três tweets, o presidente norte-americano abre nova frente de polémica, depois de durante a campanha eleitoral ter prometido defender os direitos dos cidadãos LGBT. Trump justifica medidas com "custos" e "rupturas".
"Depois de consultas com os meus Generais e peritos militares, estejam cientes que o Governo dos Estados Unidos não aceitará ou permitirá... que indivíduos transgénero sirvam em qualquer função nos serviços militares dos EUA. Os nossos militares devem estar focados na vitória decisiva e esmagadora... e não podem ser sobrecarregados com os tremendos custos médicos e as rupturas que implicaria ter transgéneros nos serviços militares. Obrigado," escreveu Donald Trump no Twitter.
After consultation with my Generals and military experts, please be advised that the United States Government will not accept or allow......
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 26 de julho de 2017
....Transgender individuals to serve in any capacity in the U.S. Military. Our military must be focused on decisive and overwhelming.....
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 26 de julho de 2017
....victory and cannot be burdened with the tremendous medical costs and disruption that transgender in the military would entail. Thank you
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 26 de julho de 2017
A integração de funcionários transgénero (com uma identidade de género diversa da atribuída à nascença ou que não é claramente feminina ou masculina) nos serviços militares norte-americanos tinha sido decidida em 2016 pelo então presidente Barack Obama.
A medida deveria ter efeito este ano e seria aplicada, de acordo com a Reuters, a cidadãos que nos últimos 18 meses tivessem apresentado uma "estabilização" na identidade de género adoptada. Entretanto, o secretário da Defesa da administração Trump, Jim Mattis, implementou uma moratória de seis meses para a introdução da medida.
O New York Times nota que a decisão de Trump coincide com o debate no Congresso da prática decidida pela administração Obama de ser o Pentágono a suportar financeiramente os tratamentos médicos relacionados com a mudança de identidade de género.
Segundo o think-tank RAND Corporation, os custos com estes tratamentos oscilam entre 2,4 e 8,4 milhões de dólares por ano, num orçamento global de 49,3 mil milhões de dólares para gastos de saúde do Departamento da Defesa em 2014.
A decisão de Trump chega depois de, há pouco mais de um ano, depois do ataque à discoteca Pulse em Orlando, e em plena campanha eleitoral, ter garantido à comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgénero) que lutaria pelos seus direitos, ao contrário - disse - do que a sua adversária Hillary Clinton faria.
"Obrigado à comunidade LGBT! Lutarei por vós enquanto Hillary traz mais pessoas que vão ameaçar as vossas liberdades e crenças," escreveu na altura, também na rede social Twitter, uma publicação aqui reproduzida pelo meio Axios.
Há, de acordo com dados divulgados no ano passado pelo RAND Corporation, cerca de 2.500 pessoas transgénero no activo com funções militares nos EUA, a que se juntam mais 1.500 pessoas na reserva.Trump's message to the LGBT community a year ago... pic.twitter.com/7XvOM8dijG
— Axios (@axios) 26 de julho de 2017
Numa mensagem colocada na mesma rede social, a Human Rights Campaign, a maior organização norte-americana de defesa dos direitos das pessoas LGBT, considerou que a medida "prejudica a prontidão militar e põe vidas em risco". Os números da HRC diferem dos do RAND Corporation: a organização afirma que há mais de 15 mil pessoas transgénero a prestar serviço militar nos EUA.
(Notícia actualizada às 15:01 com mais informação)SHAMEFUL. This harms military readiness and puts lives at risk. There are more than 15K active serving #transgender troops. https://t.co/ozWttSu9hi
— HumanRightsCampaign (@HRC) 26 de julho de 2017