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Dos milhões das estrelas aos tostões dos assistentes: os salários de Hollywood

Os CEO da indústria são os que mais dinheiro recebem, ofuscando as grandes estrelas, realizadores e produtores de cinema. Mas há quem seja muito mal pago na indústria.

Bloomberg
01 de Outubro de 2016 às 15:00
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Os actores já não recebem as fortunas de antigamente. Mas mesmo assim estão a anos-luz de distância dos assistentes que trabalham na produção. Muitos deles acabam por precisar de arranjar um segundo emprego para sobreviver. O The Hollywood Reporter (THR) recolheu os dados e fez as contas.

Os CEO dos estúdios e outras empresas ligadas ao "show business" são os mais bem pagos, mesmo acima de estrelas como Jennifer Lawrence. A actriz de Hunger Games recebeu 20 milhões de dólares (17,8 milhões de euros) para o filme Passengers, que deverá estrear no final deste ano. Leonardo di Caprio e Dwayne Johnson estão na mesma ordem de grandeza, mas com os valores a descer.


O que está a mudar são os acordos que as estrelas assinam para participar num filme. Por exemplo, Keanu Reeves já recebeu, à cabeça, 15 milhões de dólares (13,3 milhões de euros) por filme, mais uma parte das receitas (ganhou com isso cerca de 222 milhões de euros) e agora não ganha mais de 2,2 milhões. Mas fica dono de uma posição "accionista" no filme, um tipo de entendimento que Vin Diesel também tem nos filmes "Fast and Furious". A Forbes tem a lista dos actores mais bem pagos de Hollywood este ano.

Realizadores com mais risco

Já os realizadores parecem estar com menos sorte. Um produtor de topo disse ao THR que "já lá vão os dias em que tínhamos um filme do Scorsese e ele ganhava sempre a sua quota". Christopher Nolan, com a obra sobre a segunda guerra mundial, "Dunkirk" conseguiu assegurar 17,8 milhões à cabeça mais 20% das receitas. Mas a publicação dá o exemplo de David Fincher, que perdeu "Steve Jobs" para o realizador Danny Boyle, porque insistia em receber 10 milhões de euros e controlo do marketing.


Em média, o salário de um realizador está entre os 667 mil euros e os 1,3 milhões, de acordo também com os sucessos que foi acumulando. Nos últimos tempos, os estúdios estão a apostar em pagamentos à cabeça mais reduzidos e partilhando mais os riscos das bilheteiras com os realizadores. O que nem sempre corre bem, como no caso de David Frankel que reduziu o seu salário no filme "One Chance", da The Weinstein Co. Só que a produtora mal lançou a obra e deixou o realizador com um prejuízo de 4,2 milhões de euros. Seguiu-se um processo em tribunal. 

CEO no topo dos melhores salários
Os produtores também já não conseguem arrecadar o dinheiro a que tinham direito em outros tempos. Com excepção de alguns "pesos pesados" da indústria, como Scott Rudin e Lorenzo di Bonaventura (e mesmo estes nem sempre), as dezenas de milhões de dólares que estes profissionais recebiam são coisa do passado. E dependem dos resultados do filme para os estúdios, de atingir o "break even" da produção. Claro que, se o filme for um sucesso, o produtor pode receber um bonus chorudo, como no caso de Simon Kinberg, com o filme Deadpool. Recebeu 1,7 milhões à cabeça e mais 33 milhões graças aos montantes arrecadados.  


Quem tem ganho mais dinheiro nestes novos tempos são mesmo os CEO das empresas de Hollywood, ainda que não tanto como seria de esperar, segundo o THR. Em média, os oito mais importantes viram o seu salário crescer cerca de 10% desde 2010. Bob Iger, da Disney, recebeu um aumento de 52% nos últimos seis anos, de 25,8 milhões de euros para 40 milhões. Jeff Bewkes, da Time Warner viu o seu rendimento aumentar 20%, para 28 milhões e Brian Roberts da Comcast em 16%, atingindo os 32 milhões. Mas nem todos tiveram a mesma sorte. Philip Dauman, que saiu da Viacom, viu o seu último salário descer 36%, face a 2010. Mesmo assim ganhou 48,2 milhões.

 

Os mal pagos

No fundo da pirâmide estão assistentes, catering e outras profissões menos reconhecidas. Ainda que estes profissionais tenham recebido aumentos nos últimos anos, os valores são insignificantes, face às estrelas e CEO. A maioria ganha pouco mais do que o salário mínimo, que subiu para 10 dólares (8,9 euros) por hora, na Califórnia. Ainda que alguns consigam salários milionários, como o assistente de Oprah Winfrey (a quem ela ofereceu 890 mil euros para não ir embora), a maioria ganha perto de 26 mil euros por ano, um valor baixo para uma cidade com o nível de vida de Los Angeles. Um deles contou ao THR que foi obrigado a arranjar um segundo emprego, de babysitter, para conseguir viver.

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