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Vacina da AstraZeneca está debaixo de fogo e UE mostra pavio curto
A União Europeia vai avançar com quaisquer ações necessárias para proteger os seus direitos e os seus cidadãos, afirmou a comissária da Saúde.
A britânica AstraZeneca, que produz a vacina mais económica para a covid-19, está sob fogo cruzado. Por um lado, a União Europeia indigna-se contra a redução das entregas que foi agora proposta pela farmacêutica, e recusa-se a aceitá-la. Por outro, a AstraZeneca tenta defender-se de estudos que indicam que a eficácia desta vacina é muito reduzida entre os idosos.
"O novo calendário não é aceitável para a União Europeia" afirmou a comissária europeia da saúde, Stella Kyriakides, num comunicado publicado esta segunda-feira. "A UE quer as doses encomendadas e pré-financiadas entregues tão cedo quanto possível. E queremos que o contrato seja respeitado na íntegra", afirmou. Neste sentido, "a União Europeia vai avançar com quaisquer ações necessárias para proteger os seus direitos e os seus cidadãos".
A mesma comissária diz ter sido surpreendida pela informação de que a AstraZeneca planeia entregar "consideravelmente menos doses nas próximas semanas do que havia anunciado". "Embora não exista um adiamento na calendarização do início da expedição da nossa vacina caso recebamos autorização na Europa, os volumes iniciais serão inferiores aos que antecipámos originalmente", indicou a empresa.
"Vamos fornecer dezenas de milhões de doses em fevereiro e março à União Europeia, à medida que continuamos a acelerar os volumes de produção", acrescentou um porta-voz.
No que toca a soluções, a UE está agora a acordar com os 27 Estados-membros um mecanismo que permita uma maior transparência no transporte e distribuição das vacinas. Paralelamente, vai exigir que todas as empresas que estejam a produzir vacinas em território europeu notifiquem o bloco sempre que queiram exportá-las.
Kyriakides afirma que já enviou uma carta à AstraZeneca a requerer informação sobre quantas doses exatamente foram produzidas e o destino das mesmas, assinalando que, até ao momento, "as respostas da empresa não foram satisfatórias".
A vacina da AstraZenaca está agora na fase final de aprovação por parte da Agência Europeia do Medicamento, que deverá dar luz verde até ao final desta semana.
Dúvidas na eficácia
Além da polémica instalada com o bloco europeu, a farmacêutica debate-se também com notícias veiculadas pelos media alemães, que reportam que a vacina da AstraZeneca tem uma taxa de eficácia baixa – de menos de 10% e 8%, de acordo com, respetivamente, o Bild e o Handelsblatt – quando administradas em pacientes com mais de 65 anos, que é o principal grupo alvo das vacinas, tendo em conta o maior risco de infeção e de morte que enfrentam.
Estas constatações podem afetar a autorização para que a vacina seja administrada em maiores de 65 anos na Alemanha, apontavam ambas as publicações, citando fontes governamentais, sem as identificarem.
A AstraZenaca desmentiu, afirmando que "os relatos de que a vacina da AstraZeneca/Oxford tem uma eficácia tão baixa quanto 8% em adultos com mais de 65 anos estão completamente incorretos". A comprovar a afirmação, a farmacêutica indica os testes, publicados na The Lancet, mostraram 100% de eficácia em gerar anticorpos nos adultos mais velhos depois da segunda dose.