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AstraZeneca culpa UE pelo atraso na entrega de vacinas. Afinal reunião de emergência vai mesmo acontecer

Pascal Soriot diz que a União Europeia não pode reclamar receber a vacina da AstraZeneca ao mesmo tempo que o Reino Unido uma vez que só efetuou as encomendas três meses depois dos britânicos. A reunião de emergência marcada para hoje já foi cancelada.

O CEO da AstraZeneca respondeu às críticas da UE
27 de Janeiro de 2021 às 09:21
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A AstraZeneca já respondeu às violentas críticas avançadas pela Comissão Europeia, culpando a União Europeia pelos atrasos nas entregas das vacinas e que estão a atrasar os planos de inoculação nos países do bloco europeu.

 

Numa entrevista com vários meios de comunicação social europeus, citados pela Bloomberg, o CEO da farmacêutica britânica afirmou que no contrato com a União Europeia a Astrazeneca comprometeu-se com os "melhores esforços" para entregar as vacinas, mas sem especificar quantidades.

 

Pascal Soriot diz que a União Europeia não pode reclamar receber a vacina da AstraZeneca ao mesmo tempo que o Reino Unido uma vez que só efetuou as encomendas três meses depois dos britânicos.   

 

Ainda assim, o CEO da empresa garante que assim que a União Europeia aprovar a vacina que foi desenvolvida com a Universidade de Oxford (o que deverá acontecer esta semana), a UE receberá de imediato 3 milhões de doses e mais 17 milhões de fevereiro.

 

A britânica AstraZeneca produz a vacina mais económica para a covid-19 e ficou debaixo de fogo cruzado da UE depois de ter anunciado uma redução de entregas. "O novo calendário não é aceitável para a União Europeia" afirmou a comissária europeia da saúde, Stella Kyriakides, num comunicado publicado esta segunda-feira. "A UE quer as doses encomendadas e pré-financiadas entregues tão cedo quanto possível. E queremos que o contrato seja respeitado na íntegra", afirmou. Neste sentido, "a União Europeia vai avançar com quaisquer ações necessárias para proteger os seus direitos e os seus cidadãos".

 

Reunião de emergência cancelada afinal vai mesmo acontecer

Com as posições entre ambas as partes cada vez mais extremadas, esta quarta-feira decorreu mais episódio que demonstra a relação complicada entre a Comissão Europeia e a farmacêutica.

Para esta tarde estava jaá agendada uma reunião de emergência que visava superar os problemas existentes.

De acordo com o Político, citando fontes da Comissão Europeia, os gestores da AstraZeneca recusaram reunir-se com responsáveis da UE, optando antes por responder por escrito às dúvidas europeias sobre o corte de 60% na entrega de vacinas.

Contudo, a AstraZeneca veio negar esta informação com origem em Bruxelas, garantindo que afinal a reunião vai mesmo acontecer.

 
Alemanha admite travar exportações da vacina

Depois da AstraZeneca ter citado a menor produção na fábrica na Bélgica para explicar os atrasos, a Comissão Europeia decidiu exigir que todas as empresas que estejam a produzir vacinas em território europeu notifiquem o bloco sempre que queiram exportá-las. A Alemanha admite mesmo limitar a exportação de vacinas para fora da UE.

 

"As vacinas que saem da União Europeia (UE) precisam de uma licença para que, pelo menos, saibamos o que foi produzido e o que saiu da Europa. E que quando saem da Europa, têm uma distribuição justa", disse o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn.
 

Kyriakides já enviou uma carta à AstraZeneca a requerer informação sobre quantas doses exatamente foram produzidas e o destino das mesmas, assinalando que, até ao momento, "as respostas da empresa não foram satisfatórias".

A vacina da AstraZeneca está agora na fase final de aprovação por parte da Agência Europeia do Medicamento, que deverá dar luz verde até ao final desta semana.

 
"Governos estão sob pressão"

O plano de vacinação na União Europeia está muito aquém do registado em países como os Estados Unidos e o Reino Unido.

 

Na entrevista aos jornais europeus, Soriot diz que compreende que a situação é difícil para os líderes dos países europeus, que enfrentam uma forte propagação da covid-19. "Os Governos estão sob pressão", assinalou, lembrando que foi a Comissão Europeia a negociar as compras de vacinas para todos os países da UE.

 

A vacina da AstraZeneca/Oxford tem a vantagem de ser mais barata de produzir do que as das suas concorrentes e também mais fácil de armazenar e transportar, especialmente em relação à vacina da Pfizer/BioNTech, que tem de ser armazenada a uma temperatura muito baixa (-70° C).

 

A Comissão Europeia reservou cerca de 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca, que já está a ser usada no Reino Unido.

 

O coordenador da 'taskforce' do Plano de Vacinação da covid-19, Francisco Ramos, garantiu hoje que o atraso da vacina AstraZeneca/Oxford não comprometerá a primeira fase do plano português, mas não permitirá antecipá-lo, admitindo uma quebra de 50% do esperado.

"Estamos a falar de um atraso superior a 50% daquilo que estava programado [a nível europeu], o que no caso português significaria em vez de 1,4 milhões de doses previstas para fevereiro e março, receber 700 mil doses [da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a farmacêutica AstraZeneca]. Ainda é possível que esse número seja revisto em alta. Será discutido na próxima semana a nível europeu", referiu Francisco Ramos.

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