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Suécia em dificuldade face à segunda vaga leva rei a dizer que país "falhou"

"A autoridade de saúde pública preparou três cenários no verão. Preparámo-nos para o pior, mas é duas vezes pior", explicou Lars Falk, um responsável de cuidados intensivos no hospital Karolinska de Estocolmo, à agência France Presse.

O governo sueco tem sublinhado que a estratégia, controversa, passa por garantir imunidade de grupo.
Henrik Montgomery/EPA
17 de Dezembro de 2020 às 12:37
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A Suécia e a sua estratégia atípica contra a covid-19 enfrentam dificuldades face a uma segunda vaga, alertaram hoje responsáveis locais, no mesmo dia em que o rei diz que o país nórdico "falhou".

"A autoridade de saúde pública preparou três cenários no verão. Preparámo-nos para o pior, mas é duas vezes pior", explicou Lars Falk, um responsável de cuidados intensivos no hospital Karolinska de Estocolmo, à agência France Presse.

Serviços de reanimação sob pressão, pedido de reforço de todo o pessoal de saúde qualificado em Estocolmo, mortalidade até 10 vezes mais alta que a dos seus vizinhos do norte: este outono, a estratégia sueca, menos rígida face à epidemia, repete os maus resultados da primavera. "Infelizmente, o nível de contágio não diminui (…) e é muito preocupante", afirma à AFP o diretor de saúde da região de Estocolmo, Bjorn Eriksson, descrevendo "a enorme pressão sobre o sistema de saúde".

"Agora chega", protestou Erikson na semana passada. "Não vale beber um copo depois do trabalho, encontrar-se com pessoas fora de casa, fazer compras de Natal ou tomar café: as consequências são terríveis".

No início da semana, as hospitalizações ligadas à covid-19 na Suécia igualaram o seu pico de 20 de abril, com quase 2.400 doentes em tratamento, embora a proporção em cuidados intensivos seja duas vezes menor que na primavera, à volta de 10%. O número de mortos atingiu os 7.802 na quarta-feira – mais de 1.800 desde o início de novembro – e o de novos casos ronda em média os 6 mil diários, segundo os dados oficiais.

"Creio que falhámos", afirmou hoje o rei da Suécia, Carlos XVI Gustavo, numa rara incursão no comentário da atualidade. "Morreram muitas pessoas e é terrível. É algo que nos faz sofrer a todos", afirmou à televisão SVT durante uma entrevista de final de ano.

Sem máscaras, nem encerramento dos bares, restaurantes e lojas ou quarentena obrigatória, a Suécia distinguiu-se por uma estratégia baseada essencialmente em "recomendações" e muito poucas medidas coercivas. Face ao forte aumento do número de infetados, foram feitas recomendações mais rigorosas, nomeadamente para não se conviver com pessoas além das de casa. Ao contrário do que muitos acreditam, o país escandinavo nunca visou a imunidade coletiva, mas os responsáveis sanitários pensaram que o elevado nível de contágios na primavera lhes permitiria conter mais facilmente um ressurgimento da epidemia a longo prazo.

A segunda vaga da epidemia atingiu a Suécia um pouco mais tarde do que os restantes países na Europa, mas o excesso de mortalidade ultrapassou os 10% em novembro e deve continuar a agravar-se. Apesar das críticas na terça-feira de uma comissão independente, o primeiro-ministro, Stefan Lovfven, recusou até agora considerar a estratégia um fracasso. Ainda que a maioria mantenha confiança nas autoridades, a taxa desceu desde setembro, segundo uma sondagem Ipsos divulgada hoje.

O médico Lars Falk considera que "se deve fazer mais", aumentando as restrições, nomeadamente durante o período das festas. Nas últimas semanas foram tomadas algumas medidas, tendo sido proibidas as reuniões de mais de oito pessoas e a venda de álcool depois das 22 horas, enquanto os alunos do secundário passaram para o ensino à distância.

Como o resto da Europa, a Suécia deposita grande esperança na vacinação que espera lançar no final de dezembro e disponibilizar a toda a população em meados de 2021. A pandemia da covid-19, transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019 na China, provocou pelo menos 1.636.687 mortos resultantes de mais de 73,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço da agência France Presse.
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