Notícia
Pandemia pode adiar regresso de emigrantes mais qualificados
A pandemia da covid-19 pode levar a um adiamento das intenções de retorno dos emigrantes mais qualificados, com exceção para aqueles que vivem no Reino Unido, afirmou um investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra.
17 de Março de 2021 às 11:21
A pandemia e as suas consequências na economia poderão levar a um "adiamento das intenções de retorno" dos emigrantes portugueses mais qualificados, com exceção daqueles que estão no Reino Unido, face ao Brexit e "sobretudo à falta de um acordo pós-Brexit", disse à agência Lusa o investigador do CES Pedro Góis, co-coordenador de um estudo sobre "expectativas de regressos de emigrantes portugueses", que juntou a Universidade de Coimbra e o Instituto Politécnico de Leiria.
"A economia ajudaria muito, mas não estamos à espera, até pela estrutura do Plano de Resiliência, de um forte investimento industrial que crie novas áreas que permitam atrair quadros portugueses, cientistas e trabalhadores altamente qualificados", constatou.
O estudo, que contou com um inquérito entre maio e novembro de 2020, notou que "a maioria dos inquiridos afirmaram que a sua intenção de regresso não foi afetada pela pandemia em curso", mas os investigadores salientaram que o inquérito foi realizado "num momento em que os efeitos da crise sanitária ainda não se encontravam perfeitamente visíveis e em que se tendia a perspetivar o regresso, a curto prazo, a uma situação de normalidade".
"A situação vivida a este respeito já tinha tido, contudo, reflexos, ainda que pouco expressivos, na situação laboral e económica dos inquiridos. A suspensão da atividade laboral constitui o efeito específico mais assinalado pelos inquiridos (15%), seguindo-se as situações de desemprego (2%)", concluíram os investigadores, notando que 34% dos inquiridos "registaram uma diminuição do seu rendimento e/ou dos rendimentos da sua família, 24% dos quais de forma substancial".
O estudo, com 2.349 respostas válidas, centrou-se em 1.126 inquiridos, que são residentes no Reino Unido, França, Suíça e Luxemburgo.
Segundo as conclusões do projeto, 44,6% dos inquiridos têm a expectativa de regresso a Portugal, contra 27,7% indecisos e 24,7% com intenções de permanecer no país onde estão.
Entre os quatro países analisados, são os residentes na Suíça que manifestam uma maior intenção de regresso (52,6%) e os do Reino Unido os que mostram mais vontade em permanecer (28,1%).
Cerca de 40% dos inquiridos ainda não tinha definido claramente o momento do regresso, sendo que somente um quinto o prevê fazer no curto prazo, concluiu o estudo.
A vida familiar, saudades ou dimensões intrínsecas ao país foram os fatores mais relevantes indicados nas intenções de regresso.
Já para quem não pretende retornar a Portugal, as principais razões centram-se com motivos de natureza profissional, rendimento ou oportunidades de progressão profissional.
Para Pedro Góis, a pandemia poderá influenciar de diferentes formas os emigrantes portugueses, dependendo da sua qualificação, da sua situação laboral, do contexto económico do país onde está inserido face à crise e do de Portugal, onde se prevê uma recuperação mais lenta, face ao peso que o turismo tinha na economia e à forma como este foi afetado.
"É mais complexo do que poderíamos pensar. Se pensarmos em posições com baixas qualificações, com salários médios baixos para o poder de compra, se calhar é mais fácil regressar, consumir essa poupança em Portugal, do que consumir essa poupança no país de destino", notou.
No entanto, num momento em que as migrações pararam e que se prevê um outro tipo de controlo no futuro, isso também "pode influenciar a decisão de portugueses, por exemplo no Luxemburgo ou na Suíça, que percebendo isso não vão sair para não perderem o seu posto".
Porém, vincou Pedro Góis, boa parte das decisões do regresso "deve-se mais a razões menos racionais, como a família ou as saudades do país", realçando que os emigrantes menos qualificados tendem a racionalizar menos a sua decisão.
"A economia ajudaria muito, mas não estamos à espera, até pela estrutura do Plano de Resiliência, de um forte investimento industrial que crie novas áreas que permitam atrair quadros portugueses, cientistas e trabalhadores altamente qualificados", constatou.
"A situação vivida a este respeito já tinha tido, contudo, reflexos, ainda que pouco expressivos, na situação laboral e económica dos inquiridos. A suspensão da atividade laboral constitui o efeito específico mais assinalado pelos inquiridos (15%), seguindo-se as situações de desemprego (2%)", concluíram os investigadores, notando que 34% dos inquiridos "registaram uma diminuição do seu rendimento e/ou dos rendimentos da sua família, 24% dos quais de forma substancial".
O estudo, com 2.349 respostas válidas, centrou-se em 1.126 inquiridos, que são residentes no Reino Unido, França, Suíça e Luxemburgo.
Segundo as conclusões do projeto, 44,6% dos inquiridos têm a expectativa de regresso a Portugal, contra 27,7% indecisos e 24,7% com intenções de permanecer no país onde estão.
Entre os quatro países analisados, são os residentes na Suíça que manifestam uma maior intenção de regresso (52,6%) e os do Reino Unido os que mostram mais vontade em permanecer (28,1%).
Cerca de 40% dos inquiridos ainda não tinha definido claramente o momento do regresso, sendo que somente um quinto o prevê fazer no curto prazo, concluiu o estudo.
A vida familiar, saudades ou dimensões intrínsecas ao país foram os fatores mais relevantes indicados nas intenções de regresso.
Já para quem não pretende retornar a Portugal, as principais razões centram-se com motivos de natureza profissional, rendimento ou oportunidades de progressão profissional.
Para Pedro Góis, a pandemia poderá influenciar de diferentes formas os emigrantes portugueses, dependendo da sua qualificação, da sua situação laboral, do contexto económico do país onde está inserido face à crise e do de Portugal, onde se prevê uma recuperação mais lenta, face ao peso que o turismo tinha na economia e à forma como este foi afetado.
"É mais complexo do que poderíamos pensar. Se pensarmos em posições com baixas qualificações, com salários médios baixos para o poder de compra, se calhar é mais fácil regressar, consumir essa poupança em Portugal, do que consumir essa poupança no país de destino", notou.
No entanto, num momento em que as migrações pararam e que se prevê um outro tipo de controlo no futuro, isso também "pode influenciar a decisão de portugueses, por exemplo no Luxemburgo ou na Suíça, que percebendo isso não vão sair para não perderem o seu posto".
Porém, vincou Pedro Góis, boa parte das decisões do regresso "deve-se mais a razões menos racionais, como a família ou as saudades do país", realçando que os emigrantes menos qualificados tendem a racionalizar menos a sua decisão.