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Pandemia da covid-19 só explica metade da subida nas mortes em Portugal
Entre 1 de março e 5 de julho morreram 40.431 pessoas em Portugal, um número superior em 3.103 óbitos ao registado em igual período do ano passado.
As mortes provocadas pela pandemia da covid-19 representam pouco mais de metade (52,2%) do aumento no número de óbitos registados em Portugal entre 1 de março e 5 de julho, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) esta sexta-feira.
Neste período, marcado pela eclosão da pandemia em território nacional – com o primeiro caso confirmado a 2 de março -, faleceram 40.431 pessoas no país. Este número traduz uma subida de 3.103 óbitos, ou 8,3%, face a igual período no ano passado.
Contudo, a pandemia apenas explica cerca de metades da mortalidade excessiva. Até 5 de julho, a doença causada pelo novo coronavírus tinha vitimado 1.620 pessoas em Portugal, ou seja, 52,2% do incremento na mortalidade.
Óbitos em Portugal entre 1 de março e 5 de julho
E, segundo os dados da Direção-Geral de Saúde (DGS), a covid-19 vitimou 1.085 pessoas com mais de 80 anos. Isto significa que o novo coronavírus foi responsável por 47,3% das mortes adicionais entre os residentes deste escalão etário.
Mas é entre a população até aos 64 anos que a covid-19 teve maior impacto no aumento da mortalidade. A doença provocou, até 5 de julho, 225 mortes neste escalão etário. Tendo em conta que o aumento nos óbitos entre residentes até aos 64 anos aumentou em 185 em termos homólogos, sem as fatalidades devido à covid-19 as mortes nesta fatia da população teriam diminuído em 40 face ao período homólogo.
De notar ainda que as mortes por covid-19 representam 4% dos óbitos registados entre 1 de março e 5 de julho. E mesmo entre a população com mais de 80 anos a pandemia é responsável apenas por 4,4% dos 24.353 óbitos neste período.
Mortes em Portugal devido à covid-19
Mortes aumentam em 142 concelhos
O INE destaca também que nas quatro semanas compreendidas entre 8 de junho e 5 de julho o número de óbitos em 142 dos 308 municípios do país superou o valor médio de 2018 e 2019 para o período homólogo, que designa por valor homólogo de referência.
E, sublinha o relatório, em 28 concelhos as mortes registadas são pelo menos 50% superiores ao valor homólogo de referência.
Já nos 166 municípios restantes os falecimento foram iguais ou inferiores ao observado no período de referência.
O concelho de Monforte, no distrito de Portalegre, que contava apenas com 2.975 habitantes em 2019 (segundo estimativa do INE), foi o município com a maior subida percentual no número de mortes nestas quatro semanas. Embora o INE não divulgue o valor exato, os óbitos neste município terão aumentado quase 10 vezes. Note-se que Monforte é um dos concelhos com dois ou menos casos confirmados de covid-19, segundo a DGS.