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Países ricos são os primeiros da fila na corrida por vacinas para a covid-19

Embora grupos internacionais e vários países tenham prometido tornar as vacinas acessíveis a todos, as doses dificilmente acompanharão a procura para a população global de 7,8 mil milhões.

EPA
08 de Agosto de 2020 às 17:00
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Os países ricos já garantiram mais de mil milhões de doses de vacinas contra o coronavírus, dizem os dados divulgados pela Bloomberg no início desta semana. Esta situação desperta preocupações de que o resto do mundo esteja no fim da fila no esforço global para derrotar o vírus.

EUA e Reino Unido fecharam acordos para serem fornecidos pela Sanofi e GlaxoSmithKline, assim como o Japão e a Pfizer. A União Europeia também tem atuado com rapidez para a obtenção de vacinas, muito antes de se ter a certeza se estas vão funcionar.

Já a meio desta semana, a Johnson & Johnson anunciou que vai desenvolver e entregar 100 milhões de doses da vacina para a covid-19 aos Estados Unidos, num acordo que excede os mil milhões de dólares. O mesmo acordo prevê que os Estados Unidos possam pedir 200 milhões de doses adicionais, de acordo com a empresa, que já está a testar em humanos.

Embora grupos internacionais e vários países tenham prometido tornar as vacinas acessíveis a todos, as doses dificilmente acompanharão a procura para a população global de 7,8 mil milhões. A possibilidade de os países mais ricos monopolizarem a oferta, um cenário que ocorreu na pandemia de gripe suína de 2009, preocupa países pobres e organizações de saúde.

Até agora, EUA, Reino Unido, União Europeia e Japão garantiram cerca de 1,3 mil milhões de doses de potenciais vacinas contra a covid, de acordo com a empresa de análise londrina Airfinity. Opções para comprar mais encomendas ou acordos pendentes adicionariam cerca de 1,5 mil milhões de doses a esse total, segundo os números.

"Mesmo que você tenha uma avaliação otimista do progresso científico, ainda não há vacinas suficientes para o mundo todo", afirma Rasmus Bech Hansen, CEO da Airfinity. Também é importante considerar que a maioria das vacinas pode exigir duas doses, disse.

Alguns líderes na corrida, como a Universidade de Oxford e a parceira AstraZeneca, e uma parceria entre Pfizer e BioNTech, já estão em fase final de estudos, alimentando esperanças de que uma arma para combater a covid-19 estará disponível em breve. Mas os cientistas ainda precisam de superar uma série de obstáculos: provar que as suas vacinas são eficazes, obter aprovação e aumentar o fabrico. A oferta mundial pode não atingir os mil milhões de doses até ao primeiro trimestre de 2022, prevê a Airfinity.

A Organização Mundial de Saúde, a Coligação para Inovações em Preparação para Epidemias e a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi, na sigla em inglês) trabalham juntas para obter um acesso equitativo e amplo. Esboçaram um plano de 18 mil milhões de dólares em junho para desenvolver as vacinas e garantir 2 mil milhões de doses até ao final de 2021.

A iniciativa, conhecida como Covax, visa dar aos governos a oportunidade de cobrir o risco de apoiar vacinas sem êxito e oferecer a outros países com recursos limitados acesso a doses que, de outra forma, não seriam acessíveis.

Em junho, a AstraZeneca tornou-se a primeira fabricante a fazer parte do programa da Gavi, prometendo 300 milhões de doses. Pfizer e BioNTech assinalaram interesse em fornecer vacinas à Covax. O Brasil, o país com o segundo maior número de casos de coronavírus, também chegou a um acordo para garantir doses da vacina Oxford-AstraZeneca.

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