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PS "está absolutamente coeso" e desafia executivo a retirar moção
Federação da Área Urbana de Lisboa do PS diz que "está nas mãos, naturalmente, do PSD e do líder do Governo retirar a moção de confiança".
O PS "está absolutamente coeso" na gestão da crise política e desafiou o Governo a retirar a moção de confiança, salientando que os socialistas sempre disseram que chumbariam este instrumento.
A garantia foi deixada aos jornalistas pela presidente da Federação da Área Urbana de Lisboa do PS (FAUL), a eurodeputada Carla Tavares, que falou no final de um encontro entre todas as federação e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
"O PS foi sempre muito claro que não viabilizaria moções de censura, mas foi absolutamente claro desde o início que não viabilizaria nenhuma moção de confiança. O PS tem sido, ao longo deste ano, o garante da estabilidade", defendeu, lembrando a viabilização do programa do Governo, a eleição do presidente do parlamento ou a rejeição de duas censuras ao executivo.
Para a líder da FAUL, "está nas mãos, naturalmente, do PSD e do líder do Governo retirar a moção de confiança".
"Terminámos a reunião com os presidentes da Federação e o PS está absolutamente coeso relativamente a este processo que se espera que aconteça na terça-feira na Assembleia da República. E o apelo que voltamos a fazer ao primeiro-ministro e ao Governo do PSD é que retire a moção de confiança", desafiou.
Questionada sobre as palavras do dirigente do PSD e ministro Miguel Pinto Luz de que as circunstâncias mudaram desde a noite eleitoral de 10 de março -- quando Pedro Nuno Santos deixou essa posição -, Carla Tavares reiterou que "o PS está onde sempre esteve relativamente a esta moção de confiança e mantém a mesma clareza e os mesmos princípios relativamente àquela que entende deve ser a sua posição na terça-feira no parlamento".
"Com a sua coerência, o PS não quer eleições, o secretário-geral do PS não quer eleições", insistiu.
Questionada se os presidentes das federações temem que uma crise política possa afetar o processo autárquico ou investimentos apoiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência, Carla Tavares distinguiu os dois planos, reforçando a mensagem de coesão interna.
"Os presidentes das federações estão absolutamente unidos nesta posição. Estamos cá para todos os desafios, com a mesma determinação de sempre, com a mesma ambição de sempre. Uma coisa são as eleições legislativas, outra coisa são as eleições autárquicas", afirmou.
O parlamento debate na próxima terça-feira uma moção de confiança apresentada pelo Governo minoritário PSD/CDS-PP, que tem chumbo anunciado, com o PS, que tinha anunciado dois dias antes uma comissão de inquérito ao caso, a advertir que não a viabilizará.
A rejeição de um voto de confiança implica a demissão do Governo. O Presidente da República, face a este cenário, já antecipou que as datas possíveis para realizar legislativas antecipadas o mais breve possível são em 11 ou 18 de maio.
A atual crise política teve início em fevereiro com a publicação de uma notícia, pelo Correio da Manhã, sobre a empresa familiar de Luís Montenegro, Spinumviva, detida à altura pelos filhos e pela mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, - e que passou esta semana apenas para os filhos de ambos - levantando dúvidas sobre o cumprimento do regime de incompatibilidades e impedimentos dos titulares de cargos públicos e políticos.
Depois de mais de duas semanas de notícias -- incluindo a do Expresso de que a empresa Solverde pagava uma avença mensal de 4.500 euros à Spinumviva - de duas moções de censura ao Governo, de Chega e PCP, ambas rejeitadas, e do anúncio do PS de que iria apresentar uma comissão de inquérito, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, anunciou a 05 de março a apresentação de uma moção de confiança.