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O que se sabe da BA.2, a nova versão da ómicron

Espécie de "primo direito" da ómicron tem mutações que podem alterar a forma como vírus se comporta e começou a ultrapassar a variante mais comum da covid na Europa e na Ásia.

31 de Janeiro de 2022 às 15:14
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A ómicron, a altamente contagiosa variante do vírus Sars-CoV-2, cuja forma mais comum é conhecida como BA.1, representa quase metade das infeções por covid registadas em todo o mundo, mas os cientistas estão a seguir de perto o incremento de casos de um "primo" da ómicron, descrito como BA.2 que, aliás, começou a superar a BA.1 em algumas zonas da Europa e da Ásia, mas pouco se sabe ainda sobre a nova sub-variante. 

Globalmente, a BA.1 é responsável por 98,8% dos casos sequenciados que foram submetidos na base de dados pública do vírus GISAID até 25 de janeiro. No entanto, inúmeros países estão a reportar um crescente número de casos da BA.2, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Além disso, adicionalmente à BA.1 e BA.2, a OMS tem listadas duas outras variantes sob o chapéu da ómicron: a BA.1.1.529 e a BA.3. Segundo o The Guardian, todas estão próximas geneticamente, mas cada uma tem mutações próprias que podem alterar a forma como se comportam.

Segundo Trevor Bedford, virologista do Centro Contra o Cancro Fred Hutchinson, nos Estados Unidos, que tem vindo a seguir a evolução da Sars-CoV-2, a BA.2 representa quase 82% dos casos na Dinamarca, 9% no Reino Unido e 8% nos Estados Unidos. A informação, publicada na sexta-feira pelo especialista no Twitter, foi extraída a partir de uma análise aos dados de sequenciamento da GISAID e do cálculo dos casos do projeto "Our World in Data" da Universidade de Oxford, no Reino Unido.

A versão BA.1 da ómicron tem sido, de certa forma, mais fácil de seguir o rasto do que variantes anteriores, algo que se explica com o facto de a BA.1 falhar um dos três genes alvo de um teste PCR comum, pelo que os casos com este padrão foram, por defeito, atribuídos a esta variante.

A BA.2, por vezes conhecida como a sub-variante "furtiva", não tem o mesmo gene alvo em falta. Aliás, os cientistas estão antes a fazer a monitorização como em variantes anteriores, incluindo a Delta, rastreando o número de genomas do vírus submetidos em bases de dados públicos como a GISAID. De acordo com especialistas, tal como noutras variantes, uma infeção com BA.2 pode ser detetada por testes de despistagem feitos em casa, embora não sejam capazes de indicar qual a variante em causa.

Há informações que indicam que a BA.2 pode ser ainda mais contagiosa do que a já altamente transmissível BA.1 mas, segundo o jornal britânico, ainda não há provas até ao momento de que tenha uma maior probabilidade de contornar a proteção conferida pelas vacinas. 

Com efeito, dados preliminares das autoridades da Dinamarca apontam para a possibilidade de a BA.2 ser 1,5 vezes mais contagiosa do que o subtipo clássico da ómicron, indica o El Pais, citado números divulgados na passada semana. A boa notícia, assinala o diário espanhol, é que a vacina continua a ser eficaz na hora de evitar casos graves de covid, independentemente da variante em causa.

Em Inglaterra, o The Guardian sinaliza que uma análise preliminar do rastreamento de contactos entre 27 de dezembro e 11 de janeiro, levada a cabo pela Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido, sugere que a transmissão dentro de casa é maior entre contactos de pessoas infetadas com BA.2 (13,4%) do que noutros casos da ómicron (10,3%). Não foram, no entanto, encontradas provas atestado diferenças na eficácia da vacina.

Uma questão crítica é saber se as pessoas que foram infetadas nos surtos de BA.1 estariam protegidas da BA.2, diz Egon Ozer, especialista em doenças infecto-contagiosas na Northwestern University Feinberg School of Medicine, em Chicago. Tal tem sido uma preocupação na Dinamarca, onde lugares que registaram aumentos de casos de BA.1 estavam a reportar também subidas de infeções pela BA.2.

"É muito cedo para saber o que vai acontecer", realçou, apontando que a boa notícia é que as vacinas continuam a "manter as pessoas fora dos hospitais e a impedi-las de morrer".

Olhando para a prevalência da nova sub-variante no mundo, os dados da GISAID, até 27 de janeiro, mostram que foram reportadas 10.811 sequências de BA.2, segundo Seshadri Vasan, investigador na área das vacinas contra a covid-19 na CSIRO, a agência para a ciência da Austrália. Grande parte estava concentrada em três países: Dinamarca (8.377), Índia (711) e Reino Unido (607).

"Até ao momento, os dados dos nossos colegas da Dinamarca mostram que embora se possa propagar de forma mais rápida, não há provas de um aumento da severidade", afirmou o especialista.

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