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Marcelo: Desconfinamento não explica aumento de casos em Lisboa

Os especialistas em epidemiologia desenharam três hipóteses para a subida de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo: atraso no surto, erro de perceção e peso específico da construção e do trabalho temporário.

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08 de Junho de 2020 às 14:51
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Após mais de três horas de reunião entre os especialistas em epidemiologia e os responsáveis políticos do país, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que "a primeira conclusão provisória é que não há sinais de que as duas primeiras fases de desconfinamento tenham provocado um agravamento de expressão do surto epidémico" e que "a haver sinais é no sentido de uma estabilização na descida".

 

O aumento do número de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) dominou o encontro realizado na sede do Infarmed, na capital. E os seis especialistas ouvidos esta manhã traçaram algumas hipóteses e "pistas de reflexão" que serão aprofundadas nos próximos dias. Porém, segundo o Presidente da República, excluem o desconfinamento como a causa principal.

 

Por um lado, parece estar a haver um "atraso na expressão mais intensa do surto" na zona da capital, isto é, uma "subida retardada no tempo" de novos casos, que começou por ser mais forte no norte e no centro do país. Por outro, "há uma perceção, uma compreensão pela opinião pública, de um agravamento em LVT que é superior ao agravamento efetivo".

 

Uma terceira possível explicação, que está a ser explorada e investigada, é os números nesta região refletirem o peso específico da construção civil e do trabalho temporário. Duas áreas de atividade que não foram interrompidas mesmo durante o período de confinamento, pelo que, concluiu Marcelo, "não se pode dizer que haja inevitavelmente um efeito do desconfinamento".

 

"Olhando para o panorama global, não há sinais de que o desconfinamento tenha trazido um agravamento [da situação epidemiológica]", finalizou o chefe de Estado, sustentando até que os dados transmitidos na reunião apontam para que nas últimas semanas tenha havido um maior desconfinamento a norte do que na Área Metropolitana de Lisboa.

Nas últimas 24 horas, Portugal registou mais 192 casos de covid-19 e o número de doentes nos hospitais baixaram para mínimos de março. O número de óbitos no país devido à pandemia aumentou de 1.479 para 1.485, de acordo com os últimos dados divulgados pela DGS esta segunda-feira, 8 de junho.

Bloco desvaloriza, PSD dramatiza

Também o Bloco de Esquerda, pela voz de Moisés Ferreira, recusou que o aumento de casos na zona da capital seja "fruto do desconfinamento ou da irresponsabilidade individual". "O que acontece é que existem contextos específicos e surtos a serem identificados em contexto laboral, que fazem com que algumas populações tenham riscos mais elevados. Estas pessoas estão em maior risco pela sua condição socioeconómica e pela sua precariedade", rematou.

Mais dramática foi a reação do PSD, que pediu "sentido de urgência" face à concentração de casos, de internamentos e de mortes na Grande Lisboa, que já "está pior do que Roma, Bruxelas ou Amesterdão". Entre as "ações concretas" sugeridas por Ricardo Baptista Leite está o controlo dos passageiros nos aeroportos. "Portugal tem os centros comerciais fechados e a economia parada e não pode permitir a entrada de potenciais casos positivos sem qualquer controlo", sustentou o deputado social-democrata.

Tentação e responsabilidade

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que o processo de desconfinamento é "difícil", mas confia no "bom senso e comportamento cívico das pessoas, que têm de fazer tudo para minimizar os riscos, para eles e para os outros". Sem querer abordar especificamente as manifestações de sábado contra o racismo, que juntaram milhares de pessoas em várias cidades do país, o Presidente da República reconheceu que a descompressão é uma "tentação", insistindo, porém, que acredita na "responsabilidade" dos portugueses. "Saberão fazer o desconfinamento, compatibilizando o arranque da economia e da sociedade, num quadro de normalidade democrática, com a preocupação da vida e da saúde pública", resumiu no final da reunião com especialistas no Infarmed.

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