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"Lockdown" na Malásia ameaça oferta global de luvas de proteção
O mercado global corre o risco de ficar sem luvas de proteção para o coronavírus, devido às medidas tomadas para o conter, num país que domina a sua produção.
A associação de fabricantes de luvas da Malásia, que produz 3 em cada 5 luvas em todo o mundo, alerta para uma "escassez crónica" do suprimento médico, uma vez que as fábricas foram obrigadas a reduzir o número de funcionários devido ao amplo "lockdown" da Malásia.
A Top Glove, a maior fabricante global de luvas, disse que a procura dos EUA, Europa e de outros países ultrapassa a sua capacidade de produção e que a entrega de pedidos está com quatro meses de atraso.
O governo da Malásia restringiu deslocamentos no país e ordenou o encerramento de muitas empresas, além de pedir que outras mantivessem o maior número possível de funcionários em casa para conter a propagação do coronavírus.
A maioria das fabricantes de luvas recebeu isenção para manter 50% dos funcionários nas fábricas. Algumas empresas planeavam reunir-se com uma autoridade do Ministério do Comércio na quinta-feira para poder operar com 100% da força de trabalho, de acordo com a Associação de Fabricantes de Luvas de Borracha da Malásia.
Os governos do mundo todo tentam desesperadamente adquirir suprimentos médicos essenciais, como máscaras, ventiladores e fato de proteção para médicos e enfermeiros da linha de frente, que enfrentam uma grande escassez desses produtos.
"A procura atual é anormal. Os hospitais estão a ficar sem luvas", disse Denis Low, presidente da associação de fabricantes de luvas, numa entrevista por telefone, à Bloomberg, na quinta-feira, acrescentando que "não conseguimos produzir a quantidade que queremos. A escolha não é nossa".
Mesmo em plena capacidade, os produtores da Malásia não poderiam atender à procura atual. A Top Glove disse que recebe pedidos de até 2,6 mil milhões de luvas por semana, o dobro da capacidade total.
A empresa, que fornece pouco mais de 25% das luvas do mundo, recebeu recentemente uma isenção para operar com 100% da força de trabalho nas linhas de produção.
"Estamos a trabalhar 24 horas, em dois turnos, no chão da fábrica", disse Lim Wee Chai, presidente do conselho da Top Glove. "Sem dúvida, já há escassez", concluiu.