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Laboratório têxtil deteta máscaras que são “um perigo para os utilizadores”
O centro tecnológico da indústria têxtil analisou vários equipamentos que estão a chegar ao mercado em resposta à covid-19, “construídos sem a devida validação dos seus efeitos de proteção” nos profissionais de saúde.
Várias empresas estão a mobilizar-se para ajudar no combate à pandemia de covid-19, mas o Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário (CITEVE) pede mais prudência nestas iniciativas, uma vez que já analisou "algumas máscaras que constituiriam, por certo, um perigo para os seus utilizadores".
"Por certo com grande voluntarismo, foram aparecendo no mercado diversas ofertas de máscaras e outros equipamentos de proteção individual (EPI) construídos sem a devida validação dos seus efeitos de proteção", reforça o organismo liderado por António Braz Costa.
O CITEVE decidiu implementar um laboratório dedicado à verificação de conformidade de máscaras e desenvolveu também "métodos de avaliação da capacidade de filtração de máscaras faciais mais rápido do que o tradicional", garantindo já ter recebido a validação e o reconhecimento do Infarmed.
Ao Negócios, o líder do CITEVE já tinha alertado que a experiência da indústria portuguesa nesta área da proteção médica é reduzida, pois "foram produtos deslocalizados há muito para a Ásia". E se nos têxteis-lar e nos fardamentos a reconversão é simples, nos outros equipamentos, como as batas cirúrgicas e as máscaras, o desafio é maior.
"Há normas e especificações técnicas a que tem de se obedecer sob pena de estarmos a dotar o SNS de equipamentos que não protegem os profissionais de saúde. Isso é, de todo, necessário evitar", advertiu Braz Costa, lembrando que "a penúria de equipamentos de proteção é tão grande que os hospitais estão a contactar potenciais fornecedores".
Da oferta à procura
No caso específico das máscaras faciais médicas, o centro tecnológico assinala que os materiais são "os mais difíceis de encontrar no mercado nacional" e já analisou dezenas para encontrar soluções para o fabrico de máscaras descartáveis e também reutilizáveis. "Tem havido trabalho com as empresas produtoras no sentido de os melhorar" e promete disponibilizar informação sobre estas matérias primas "à medida que que as for encontrando".
Numa nota publicada no site, o CITEVE confirma que está a começar a disponibilizar as fichas técnicas necessárias ao fabrico de material têxtil hospitalar para que as empresas possam avaliar as suas capacidades produtivas por artigo. Por outro lado, está também a colaborar com o Ministério da Saúde e o Ministério da Economia "no sentido de promover um ‘marketplace’ onde procura e oferta se possam cruzar".