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Jovens nos EUA investem cheque de estímulos de 600 dólares em ações e bitcoin

Para mitigar as dificuldades causadas pela pandemia, os legisladores dos EUA concordaram enviar cheques de 600 dólares para aqueles com uma renda bruta ajustada de menos de 75.000 dólares.

10 de Janeiro de 2021 às 17:11
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Os cheques de estímulos representam uma tábua de salvação financeira para milhões de norte-americanos, enquanto estes recuperam da devastação económica provocada pela pandemia da covid-19.

Contudo, alguns dos que vão beneficiar com esta ajuda extra mantiveram os seus empregos e rendimentos, e são capazes de cobrir despesas mensais críticas, como a renda da casa, contas de serviços públicos e pagamentos de dívidas. Para eles, os cheques de 600 dólares representam uma oportunidade de aumentar as suas economias, gastar em bens não essenciais ou comprar ações. No TikTok, onde jovens investidores procuraram conselhos de investimento, circulam vídeos sobre como transformar o seu "estímulo" em milhares de dólares.

@audrey.stacks

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Albert Lewis III, um estudante de 19 anos da Universidade Estadual de Iowa e que cresceu em Chicago, já decidiu para onde irá o seu dinheiro: para sua conta de investimento na Robinhood.

"Os 600 dólares não são necessários neste momento", disse Lewis. "Estou a investir para os transformar em algo mais do que isso quando precisar. 600 dólares num ano não se vão transformar em 10.000 dólares, mas se eu investir agora, em 40 anos vão valer muito mais."

Lewis diz que a maior parte das suas despesas essenciais já está coberta. A maior parte das mensalidades da faculdade de Lewis é paga por bolsas de estudo. O estudante mora na casa dos pais, o que significa que não tem de se preocupar com o pagamento da renda. Pequenos trabalhos paralelos permitem cobrir os custos diários, como os de comida e telefone. Ainda não decidiu onde vai investir os seus 600 dólares, mas está a considerar "alguma empresa que não vai a lado nenhum", como a Apple ou o Facebook.

Os planos de Lewis ilustram como as consequências da crise do coronavírus estão a dividir a economia dos Estados Unidos. Os pedidos de subsídio de desemprego atingiram em média 1,45 milhões por semana no ano passado, em comparação com cerca de 220 mil em 2019, com dezenas de milhares de pessoas a lutar por ter comida, abrigo e renda. Ao mesmo tempo, a percentagem do rendimento disponível que as famílias conseguem armazenar aumentou, os proprietários de casas estão a ver os preços dos imóveis aumentarem e o mercado de ações está em alta. A taxa de remuneração anual para funcionários em novembro aproximou-se dos níveis pré-pandémicos.

Para mitigar as dificuldades causadas pela pandemia, os legisladores dos EUA concordaram com um pacote de ajuda que vai enviar 600 dólares para quem tem um rendimento bruto ajustado de menos de 75.000 dólares, ou 150.000 dólares para casais, mais 600 dólares para cada filho dependente. O valor será reduzido em 5 dólares para cada 100 dólares acima do limite de rendimento, o que significa que aqueles que ganham mais de 87.000 dólares individualmente ou 174.000 dólares como casal não recebem nada. A legislação também dá aos desempregados um incentivo federal de 300 dólares por semana por pelo menos 10 semanas.

"Muitas pessoas que não precisam ainda receberão os cheques porque a emissão é puramente baseada no rendimento, não no emprego", afirma R.A. Farrokhnia, professor da Columbia Business School e diretor da Iniciativa Fintech. Com o distanciamento social e lockdowns ainda em vigor, acrescentou Farrokhnia, as pessoas têm limitações sobre onde podem gastar o dinheiro. "Aqueles que realmente tiveram a sorte de ainda ter empregos acabam a economizar mais, porque não estão a investir o dinheiro na economia, não estão a ir a restaurantes e estão no Zoom, então não precisam de muitas roupas ou sapatos novos."

Os dados do Censo dos EUA mostram que a maioria das famílias do país usou a anterior ronda de cheques de estímulo -  1.200 dólares por pessoa - em 2020 para cobrir despesas básicas. Cerca de 80% dos entrevistados na pesquisa Household Pulse relataram utilizar os recursos em alimentação e 77,9% em rendas, prestação do crédito da casa ou contas básicas. Mais de metade dos entrevistados disse que gastou o dinheiro com produtos domésticos e produtos de higiene pessoal e cerca de 20% com roupas. E enquanto 87,6% dos adultos em famílias com rendimentos de 25.000 dólares ou menos planeavam usar os seus pagamentos para simplesmente atender às despesas, mais de um terço dos adultos em famílias com rendimentos acima de 75.000 dólares relataram que usariam o dinheiro para pagar dívidas ou aumentar as suas economias.

"Sabemos que as pessoas reservam dinheiro para fins específicos, então esse ganho inesperado não é visto como parte do que eles precisam receber todos os meses, mas como algo extra a ser investido em algo especial", disse Neil Fligstein, professor de sociologia da Universidade da Califórnia. "É por isso que muitas pessoas podem tentar economizar ou investir."

Assim que Hailey Wiggins, uma empresária de 25 anos de Houston, receber o cheque de 600 dólares, provavelmente vai ficar com 10% em dinheiro, investir 60% em ações e 30% em criptomoedas.

"Tenho investido e tive esse retorno louco por causa da pandemia. Não vejo 600 dólares, vejo muito mais dinheiro", diz Wiggins, que entrou no mercado de ações em março do ano passado. "Estamos prestes e ser inundados por por todo esse dinheiro extra, que vai acabar por estimular o mercado", diz Wiggins.

Para algumas pessoas, este estímulo de 600 dólares é muito pequeno para cobrir grandes despesas e por outro lado também não representa uma grande poupança. Assim, está a motivar muitos jovens a comprar algo atrativo, que os faça sentir melhor depois de um ano tão duro.   

"600 dólares não dá para pagar a renda", diz George takam Jr., jovem de 22 de Maryland, que está a pensar comprar uma PlayStation 5. "Também posso usar [o cheque] em algo bom para mim e estimular a economia".

Takam é um assistente de enfermagem e diz que o seu salário mal chega para pagar a renda se trabalhar 400 horas por semana. Os pais, que também foram penalizados pela pandemia, ajudam a pagar parte da renda. "De uma certa forma, este é dinheiro extra - mas essencial", afirmou. 

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