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Johnson & Johnson acelera ensaios de vacina em corrida contra segunda vaga

A farmacêutica espera arrancar com os testes em humanos já em julho, dois meses antes do inicialmente previsto.

Reuters
14 de Junho de 2020 às 11:00
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A Johnson & Johnson está a acelerar os ensaios da sua vacina para a covid-19 "numa corrida contra o tempo", segundo o diretor científico da empresa, e contra uma possível segunda vaga do vírus.

"Voltará no verão? Não sabemos. Voltará no próximo ano? Não sabemos", disse Paul Stoffels em entrevista. "Se nos prepararmos para o mínimo, não será o suficiente."

Para evitar essa possibilidade, a gigante farmacêutica dos EUA avançou nesta semana o cronograma da sua vacina em desenvolvimento. A empresa planeia iniciar ensaios com humanos na segunda quinzena de julho, cerca de dois meses antes do esperado. Os testes da fase final podem começar em setembro.

A vacina da J&J é uma das mais de 130 em desenvolvimento contra o novo coronavírus, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Outras vacinas de empresas como a Moderna também têm previsão de testes finais em humanos durante o verão no hemisfério norte, já que os investigadores aceleram para garantir proteção contra o vírus e permitir que lojas e escolas reabram com segurança.

A J&J conseguiu adiantar o cronograma com base em resultados pré-clínicos positivos, no sucesso da fabricação de lotes iniciais e no incentivo de autoridades reguladoras, disse Stoffels.

Dois regimes

Em meados de julho, a J&J estudará tanto uma dose única, quanto um regime que inclui uma segunda dose de reforço, em 1.034 adultos saudáveis para determinar qual usar em testes em larga escala, disse Stoffels. O estudo, que avaliará a segurança e a resposta imune dos participantes, será realizado nos EUA e na Bélgica.

Em parceria com o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, a J&J prepara um teste final em meados de setembro, mais cedo do que o cronograma original, se os estudos iniciais mostrarem resultados positivos. Esse estudo de fase 3 terá como objetivo provar que a vacina pode prevenir pelo menos 70% dos casos de Covid-19, que Stoffels descreveu como "meta comum aceite" no setor.

A J&J havia dito anteriormente que sua vacina poderia estar pronta para uso de emergência em profissionais de saúde até janeiro, e tem um acordo de mais de mil milhões de dólares com a unidade de pesquisa biomédica do governo dos EUA para desenvolvê-la.

Os testes na fase final podem incluir até 100 mil pessoas dentro dos esforços da empresa para "acabar com a epidemia", disse Stoffels.

Tendências da pandemia

O número dependerá da taxa de infeção na população em geral no momento em que o teste for realizado. Se for relativamente alto, podem ser necessários apenas 30 mil pacientes. Se os níveis forem baixos, mais participantes serão necessários para provar que a vacina funciona.

Investigadores da J&J estudam as tendências da Covid-19 no mundo todo para prever que locais devem ter taxas de infecção altas o suficiente para que o teste da vacina, que tem um alto custo, seja prático.

"Muito trabalho está a ser feito agora para prever onde precisamos estar em meados de setembro e no final do ano", disse Stoffels. Além dos EUA, a J&J monitoriza dados de infeção na América do Sul, Ásia e África.

Por enquanto, a J&J não pondera realizar os chamados estudos de desafio, nos quais voluntários tratados com doses experimentais são deliberadamente infetados com o vírus para acelerar o processo típico de teste, disse Stoffels.

Escala de produção

A J&J disse que planeia produzir mil milhões de doses até final de 2021, caso sua possível vacina seja bem-sucedida.

"Com a nossa capacidade atual, estamos quase lá", disse Stoffels, "mas queremos ir mais longe."

Em abril, a J&J fechou dois acordos para garantir capacidade de produção extra nas unidades de Baltimore e Bloomington, Indiana. Agora, tenta conseguir mais dois acordos, disse Stoffels.

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