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Covid-19: Vacina chinesa com resultados positivos em ensaio clínico

"A vacina pareceu ser segura e bem tolerada em todas as doses testadas. O efeito colateral mais relatado foi dor no local da injeção", lê-se na informação divulgada pela Lancet.

17 de Novembro de 2020 às 23:57
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Uma vacina chinesa que está a ser desenvolvida para combater o SARS-CoV-2 demonstrou resultados seguros em ensaio clínico e induziu uma resposta imune em voluntários saudáveis, noticiou hoje a revista científica The Lancet, com base num estudo preliminar.

O ensaio clínico de fase 1/2 de um produto candidato a vacina (CoronaVac) envolveu mais de 700 voluntários saudáveis, com idades entre 18 e os 59 anos, recrutados na China entre 16 de abril e 05 de maio.

"A vacina pareceu ser segura e bem tolerada em todas as doses testadas. O efeito colateral mais relatado foi dor no local da injeção", lê-se na informação divulgada pela Lancet.

Passados 14 dias da dose final, foram detetadas "respostas robustas" de anticorpos após duas injeções da vacina candidata, com 14 dias de intervalo, mesmo na dose mais baixa testada.

Os níveis de anticorpos induzidos pela vacina foram mais baixos do que os observados em pessoas que foram infetadas e recuperaram da doença covid-19, provocada pelo novo coronavírus, mas os investigadores afirmam que ainda esperam que a vacina possa fornecer proteção contra o vírus.

O objetivo principal foi avaliar a resposta imune e a segurança da vacina. O estudo não foi elaborado para avaliar a eficácia na prevenção da infeção por SARS-CoV-2.

Os resultados do ensaio clínico de fase inicial da vacina candidata com base no vírus inteiro inativado do SARS-CoV-2 (CoronaVac) foram publicados no jornal The Lancet Infectious Diseases, revelando que a formulação parece segura e induz uma resposta de anticorpos em pessoas saudáveis.

As respostas de anticorpos podem ser induzidas dentro de 28 dias após a primeira imunização, administrando duas doses da vacina candidata com 14 dias de intervalo.

O estudo permitiu também identificar a dose ideal para gerar a melhor resposta de anticorpos, tendo em consideração os efeitos colaterais e a capacidade de produção, o que será estudado mais detalhadamente noutros ensaios já em curso.

Os cientistas acreditam que o CoronaVac pode fornecer proteção suficiente contra a Covid-19, com base na experiência de outras vacinas e dados de estudos pré-clínicos em macacos.

O estudo não foi projetado para avaliar a eficácia e os resultados dos estudos de fase 3 serão cruciais para determinar se a resposta imune gerada pelo CoronaVac é suficiente para proteger da infecção por SARS-CoV-2.

"Além disso, a persistência da resposta do anticorpo precisa de ser verificada em estudos futuros para determinar a duração de qualquer proteção", refere-se no documento.

Serão necessários mais estudo para testar a vacina candidata noutras faixas etárias, bem como em pessoas com doenças preexistentes.

"As nossas descobertas mostram que CoronaVac é capaz de induzir uma resposta rápida de anticorpos dentro de quatro semanas de imunização, dando duas doses da vacina num intervalo de 14 dias. Acreditamos que isso torna a vacina adequada para uso de emergência durante a pandemia. A longo prazo, quando o risco de covid-19 for menor, os nossos resultados sugerem que dar duas doses com um intervalo de um mês, em vez de um intervalo de duas semanas, pode ser mais apropriado para induzir respostas imunológicas mais fortes e potencialmente mais duradouras", explicou Fengcai Zhu, co-autor do estudo, do Centro Provincial de Controle e Prevenção de Doenças de Jiangsu, Nanjing, na China, defendendo a necessidade de mais estudos.

A CoronaVac é uma das 48 vacinas candidatas para a COVID-19 que estão atualmente em ensaios clínicos. É uma vacina de vírus completo quimicamente inativado, baseada numa estirpe de SARS-CoV-2 que foi originalmente isolada num paciente na China.

Recorde-se que no passado dia 10 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, do Brasil, anunciou a decisão de interromper os testes realizados no país com a vacina chinesa contra a covid-19, a CoronaVac.

 

"Após a ocorrência de um evento adverso grave, a Anvisa determinou a interrupção do estudo clínico da vacina CoronaVac. O evento ocorrido no dia 29/10 foi comunicado à Agência, que decidiu interromper o estudo para avaliar os dados observados até o momento e julgar o risco/benefício da continuidade do estudo", referia o comunicado da Anvisa, sem especificar quais os efeitos identificados. Soube-se depois que se tratava da morte de um participante nos testes.

Entretanto, no dia seguinte, a Anvisa autorizou o reinício dos ensaios após ter tomado conhecido que o falecimento do participante não tinha estado relacionado com a vacina, tratando-se de overdose ou suicídio.

A vacina chinesa encontra-se na terceira fase de testes desde 24 de junho nos Emirados Árabes Unidos e desde 21 de julho no Brasil, Turquia e Indonésia, estando também já em testes na Venezuela.

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