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Covid-19: Estudo do INSA aponta para redução de anticorpos três meses após infeção

O INSA considera, no entanto, que esta redução dos anticorpos ao longo do tempo nas pessoas infetadas deve ser alvo de estudos específicos para ter uma melhor avaliação do período de imunização.

José Sena Goulão
17 de Maio de 2021 às 18:37
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A segunda fase do Inquérito Serológico Nacional (ISN) covid-19 alerta para a redução de anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2 três meses após a infeção e defende a vacinação em pessoas anteriormente infetadas, segundo o relatório dos resultados apresentado esta segunda-feira.

O estudo coordenado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), que contou com a participação de 8.463 pessoas, com idades entre 1 e 79 anos, estudadas entre 01 de fevereiro e 31 de março de 2021, em municípios previamente selecionados, considera que este registo "deve ser avaliado em estudo específicos", face à "pertinência de monitorizar a prevalência de anticorpos específicos para o SARS-CoV-2 ao longo do tempo".

"Esta hipótese de decaimento dos anticorpos, justifica a atual opção de vacinar as pessoas previamente infetadas por SARS-CoV-2, apesar de o decaimento de anticorpos ao longo do tempo, e mesmo ausência de anticorpos detetáveis, poderem não corresponder a uma total ausência de proteção, dado o papel da memória imunitária e da manutenção de mecanismos de imunidade celular", indica o documento.

A necessidade de um melhor conhecimento da duração da imunidade pós-infeção e pós-vacinação é reforçada pelo INSA, na medida em que ao expectável aumento do número de pessoas imunes por via das vacinas deverá corresponder uma redução dos anticorpos nas pessoas anteriormente infetadas. O relatório nota as diferenças de seroprevalência nas pessoas que referiram antecedentes relacionados com covid-19, antes e depois de outubro.

"Os nossos resultados sugerem ainda que os indivíduos infetados por SARS-CoV-2 têm valores mais baixos de anticorpos do que os vacinados, à semelhança de resultados obtidos em ensaios clínicos (...), não sendo, no entanto, possível inferir quanto a diferenças no nível de proteção entre pessoas infetadas ou vacinadas. De qualquer modo, estes resultados suportam a opção de vacinação de pessoas previamente infetadas com SARS-CoV-2", pode ler-se no documento.

Sublinhando o aumento da imunidade contra a doença na população em relação à primeira fase do ISN Covid-19 (entre maio e julho de 2020), muito por culpa do aumento da incidência de covid-19 observado em Portugal após outubro de 2020, o relatório antecipa também "um aumento progressivo da imunidade" com a execução do plano de vacinação.

Os resultados preliminares deste estudo já tinham sido anunciados no final de abril, com destaque para a prevalência de anticorpos específicos contra o vírus SARS-CoV-2 na população residente em Portugal, que foi de 15,5%, sendo 13,5% conferida por infeção. Segundo o estudo, as regiões Norte, Lisboa e Vale do Tejo, Centro e Alentejo foram aquelas onde se observou uma maior seroprevalência.

Relativamente às idades, o estudo indica que a "seroprevalência mais elevada foi encontrada na população adulta em idade ativa" e "mais baixa no grupo entre os 70 e os 79 anos". Os resultados preliminares da segunda fase do ISN covid-19 revelam ainda que a seroprevalência estimada para os grupos etários abaixo dos 20 anos não é inferior à da população adulta.

No grupo de indivíduos vacinados contra a covid-19, a proporção de pessoas com anticorpos específicos contra o vírus foi de 74,9%, valor que aumentou para 98,5% quando consideradas apenas as pessoas vacinadas com duas doses há pelo menos sete dias.

Em relação aos antecedentes de covid-19, 35,1% dos participantes indicaram ter tido contacto com um caso suspeito ou confirmado da doença, enquanto 48,6% do total relataram ter realizado previamente um teste de diagnóstico e 11,0% referiram uma infeção prévia. É igualmente destacada uma prevalência de anticorpos mais elevada nos indivíduos que referiram ter tido um contacto com caso suspeito ou confirmado de covid-19 (32,4%) e naqueles que assumiram já ter passado pela infeção (79,8%) depois de outubro de 2020.

A segunda fase do ISN covid-19 deu continuidade ao primeiro inquérito serológico realizado entre maio e julho de 2020, em que foi estimada uma seroprevalência global de 2,9% de infeção pelo novo coronavírus na população residente em Portugal, não tendo sido encontradas diferenças significativas entre regiões e grupos etários.

Em Portugal, morreram 17.009 pessoas dos 842.381 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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