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Covid-19: Bastonário dos Médicos diz que é um "erro" abdicar da matriz de risco
Em declarações à Lusa, Miguel Guimarães reiterou era necessário rever a matriz de monitorização da situação epidemiológica, mas vincou que colocar o foco na população vacinada está sujeita a outras variáveis mais imprevisíveis, como a eficácia das vacinas ao longo do tempo ou eventuais novas variantes do vírus SARS-CoV-2.
30 de Julho de 2021 às 16:02
O bastonário da Ordem dos Médicos considerou hoje um "erro" a decisão do Governo de deixar de associar a evolução na matriz de risco de monitorização da covid-19 às medidas a tomar para o combate à pandemia.
Em declarações à Lusa, Miguel Guimarães reiterou era necessário rever a matriz de monitorização da situação epidemiológica, mas vincou que colocar o foco na população vacinada está sujeita a outras variáveis mais imprevisíveis, como a eficácia das vacinas ao longo do tempo ou eventuais novas variantes do vírus SARS-CoV-2.
"Não ter um indicador associado, que permita ter uma monitorização, é um erro, porque devemos ser muito objetivos e claros naquilo que comunicamos com a população. Só assim é que conseguimos que as pessoas adiram às medidas que vão sendo tomadas, ao processo de vacinação e às medidas básicas de prevenção individual e coletiva. Era fundamental ter um indicador aqui e não apenas um gráfico a dizer a taxa de população vacinada", explicou.
Salientando que "o que o Governo está agora a fazer é basear-se apenas na taxa de população vacinada, sem qualquer cuidado em ter noção de qual é a atividade do vírus ou a gravidade da doença", o líder da ordem profissional lamentou que não tenha sido adotada uma matriz "multi-critério", como aquela que apresentou há cerca de duas semanas em parceria com o Instituto Superior Técnico: "No fundo, o governo prescinde da matriz de risco que tinha".
O bastonário da Ordem dos Médicos lembrou que "a pandemia não desapareceu" e que "implica uma vigilância permanente da situação", mas defendeu que o alívio de restrições já poderia ter começado há cerca de duas semanas. "Algumas medidas tomadas pelo governo já vêm tarde", observou Miguel Guimarães, insistindo na importância da monitorização dos diferentes indicadores de incidência, transmissibilidade, internamentos e letalidade.
"A gravidade da doença reflete de forma direta e indireta aquilo que é a vacinação e conseguimos perceber se a vacinação está ou não a crescer, se está ou não a funcionar ou se há falhas na vacinação. Não tendo a noção destes fatores, temos um campo aberto para seguir sempre no desconfinamento, com medidas cada vez menos restritivas durante o período que se aproxima, sem qualquer matriz e sem qualquer rumo", sublinhou.
Paralelamente, Miguel Guimarães chamou a atenção para o governo ter seguido um caminho "diferente da própria sugestão que foi feita no Infarmed" pela investigadora Raquel Duarte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, apesar de ter considerado a revisão apresentada uma "'cirurgia plástica' da matriz anterior", pelo aumento dos máximos nos indicadores de incidência e de ocupação de camas em cuidados intensivos.
Na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros desta quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que se vai "deixar de fazer a associação das medidas semanalmente adotadas em função da evolução da matriz", por considerar que já "não se justifica nesta fase da taxa de vacinação" contra a covid-19.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.344 pessoas e foram registados 966.041 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.
Em declarações à Lusa, Miguel Guimarães reiterou era necessário rever a matriz de monitorização da situação epidemiológica, mas vincou que colocar o foco na população vacinada está sujeita a outras variáveis mais imprevisíveis, como a eficácia das vacinas ao longo do tempo ou eventuais novas variantes do vírus SARS-CoV-2.
Salientando que "o que o Governo está agora a fazer é basear-se apenas na taxa de população vacinada, sem qualquer cuidado em ter noção de qual é a atividade do vírus ou a gravidade da doença", o líder da ordem profissional lamentou que não tenha sido adotada uma matriz "multi-critério", como aquela que apresentou há cerca de duas semanas em parceria com o Instituto Superior Técnico: "No fundo, o governo prescinde da matriz de risco que tinha".
O bastonário da Ordem dos Médicos lembrou que "a pandemia não desapareceu" e que "implica uma vigilância permanente da situação", mas defendeu que o alívio de restrições já poderia ter começado há cerca de duas semanas. "Algumas medidas tomadas pelo governo já vêm tarde", observou Miguel Guimarães, insistindo na importância da monitorização dos diferentes indicadores de incidência, transmissibilidade, internamentos e letalidade.
"A gravidade da doença reflete de forma direta e indireta aquilo que é a vacinação e conseguimos perceber se a vacinação está ou não a crescer, se está ou não a funcionar ou se há falhas na vacinação. Não tendo a noção destes fatores, temos um campo aberto para seguir sempre no desconfinamento, com medidas cada vez menos restritivas durante o período que se aproxima, sem qualquer matriz e sem qualquer rumo", sublinhou.
Paralelamente, Miguel Guimarães chamou a atenção para o governo ter seguido um caminho "diferente da própria sugestão que foi feita no Infarmed" pela investigadora Raquel Duarte, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, apesar de ter considerado a revisão apresentada uma "'cirurgia plástica' da matriz anterior", pelo aumento dos máximos nos indicadores de incidência e de ocupação de camas em cuidados intensivos.
Na conferência de imprensa após o Conselho de Ministros desta quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, anunciou que se vai "deixar de fazer a associação das medidas semanalmente adotadas em função da evolução da matriz", por considerar que já "não se justifica nesta fase da taxa de vacinação" contra a covid-19.
Em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram 17.344 pessoas e foram registados 966.041 casos de infeção, segundo a Direção-Geral da Saúde.