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Vítor Bento: Economia portuguesa vai "inevitavelmente desacelerar"
O economista Vítor Bento avisou hoje que a taxa de crescimento de Portugal vai "inevitavelmente desacelerar" por falta de recursos e de investimento, uma vez que o país "não tem base de suporte para uma taxa de crescimento sustentável".
"Eu entendo que a taxa de crescimento vai inevitavelmente desacelerar por falta de recursos. Não há investimento suficiente. O 'stock' de capital não sobe ao ritmo que era necessário, os recursos laborais estão em exaustão, neste momento a taxa de emprego é elevada para aquilo que são os dados históricos e, portanto, vai haver pouca capacidade laboral e a produtividade não aumenta por falta de suficiente investimento", disse o presidente da SIBS durante a apresentação das propostas da Confederação Empresaria de Portugal (CIP) para o Orçamento do Estado para 2019 (OE2019).
"Não há base de suporte para uma taxa de crescimento sustentável este é o contexto e não vejo consciência suficiente desta debilidade. Está tudo demasiado eufórico com os ganhos de curto prazo, que há que os louvar e preservar (...) agora, convém perceber que não chega, temos que ir mais longe e em algumas coisas temos que mudar a cultura", disse
Durante a sessão, que contou com a presença do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, Vítor Bento mostrou-se preocupado com o facto de Portugal "não estar a realizar poupança".
"O investimento acaba por ser suportado com poupança externa, criando vulnerabilidade", disse.
No documento hoje apresentado "Promover a Produtividade Acelerar o Crescimento", a CIP estrutura as propostas em quatro grandes eixos: promover o investimento, fomentar condições de capitalização e financiamento, adequar o mercado de trabalho e melhorar o ambiente de negócios.
Transversalmente, para assegurar a previsibilidade do sistema fiscal, a CIP quer garantir que a tributação que incide directa ou indirectamente sobre as empresas não é agravada e que não serão criados novos impostos que afectem as empresas.
Pretende ainda incluir em todas as alterações fiscais tendentes a reduzir a carga fiscal sobre as empresas, uma cláusula de compromisso da sua continuidade durante um período não inferior a sete anos.
O documento contou com os contributos dos economistas Vítor Bento, Daniel Traça, Tiago Caiado Guerreiro, João Costa Pinto e Óscar Gaspar.
Durante o debate com o painel de especialistas, João Costa Pinto avisou que o sistema bancário está debilitado "e de novo a repetir erros antigos" e questionou a necessidade e utilidade de um banco público com a dimensão da CGD.
Também no seu discurso, o presidente da CIP propôs a criação de uma carta de missão à CGD para "transformar o banco público num verdadeiro e real parceiro de crédito para as Pequenas e Médias Empresas (PME) e empresas exportadoras nacionais".
"É impensável que o Estado continue a conceber a CGD como banco comercial tradicional, sem qualquer sentido de missão que o diferencie no apoio e assunção de riscos capazes de promover o crescimento económico nacional. Se não for para isto, legítimo é perguntar, então qual a necessidade e a utilidade de um banco público da dimensão da CGD", questionou.