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Ouro que Portugal tem nos cofres pagaria 5% da dívida pública

O Fundo Monetário Internacional calcula que as reservas de ouro de Portugal, que estão entre as 15 maiores do mundo, pagariam 5% da dívida pública portuguesa, ainda que não seja esse o seu objetivo.

15 de Outubro de 2019 às 15:01
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Os dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) atualizados no World Economic Oultlook divulgado esta terça-feira, 15 de outubro, mostram que as reservas portuguesas de ouro equivalem a 383 toneladas. Caso fosse vender a 14.ª maior reserva de ouro, Portugal conseguiria pagar 5% da dívida pública. 

São cerca de 14,5 mil milhões de euros que o Banco de Portugal tem guardado em ouro, um ativo considerado de refúgio há centenas de anos. Apesar de o objetivo principal não seja vendê-lo para pagar a dívida pública, o FMI calcula o rácio entre o valor detido em ouro e o total do endividamento do país (mais de 250 mil milhões de euros), o que no caso de Portugal é de 5%. 

As toneladas de ouro em reserva de Portugal foram sendo alienadas ao longo das últimas décadas, representando agora 60% do total das reservas externas que o banco central detém.

Após a Segunda Guerra Mundial, as reservas de ouro serviam para desempenhar uma função monetária e cambial, mas deixaram de ter esse papel na década de 70 quando os EUA acabaram com a convertibilidade do dólar em ouro. Atualmente o metal precioso faz parte dos ativos de reserva dos bancos centrais onde se incluem também os direitos de saque especiais junto do FMI e as reservas em moedas estrangeiras, por exemplo.

Estas reservas são essencialmente uma fonte de segurança face a choques externos, mas também podem ser uma fonte de rendimento para o banco central e dar liquidez a uma economia em casos extremos. Pode também dar confiança aos mercados quanto à capacidade dos países satisfazerem as suas obrigações externas, ainda que não sejam usadas diretamente para esse fim.

Em 2012, uma diretora do World Gold Council, fonte dos dados citados pelo FMI, sugeriu que Portugal podia usar o ouro como colateral na emissão de dívida, o que permitiria reduzir os altos custos de financiamento à época. 

Entre os países considerados pelo FMI, a Rússia, a Suíça, o Cazaquistão e o Uzbequistão são os países com um maior rácio entre o ouro e a dívida: 39%, 15%, 40% e 136%, respetivamente. 

Economias emergentes reforçam reservas de ouro
A ameaça de uma desaceleração económica a espreitar levou as economias emergentes a reforçarem as suas reservas de ouro dado que este é um ativo de refúgio (semelhante ao dólar e aos títulos de dívida norte-americana) que habitualmente valoriza durante as crises.

Exemplo disso é a China e a Rússia. A China reforçou as reservas de ouro de 1.054 toneladas em 2010 para 1.900 toneladas em 2019 ao passo que a Rússia reforçou as reservas de ouro de 710 toneladas em 2010 para 2.183 toneladas em 2019. 

Nos restantes países as reservas de ouro mantêm-se praticamente iguais há várias décadas. Os Estados Unidos continuam a ser o país com mais reservas de ouro ao acumular 8.133 toneladas, o equivalente a 332 mil milhões de dólares (2% da dívida pública norte-americana). 

Segue-se a Alemanha em segundo lugar com 3.368 toneladas (137 mil milhões de dólares, o equivalente a 6% da dívida pública alemã) e o Fundo Monetário Internacional em terceiro lugar com 2.814 toneladas (115 mil milhões de dólares). O Banco Central Europeu detém 505 toneladas de ouro, o equivalente a 21 mil milhões de dólares.

"A redução do papel do ouro no balanço dos bancos centrais nas economias avançadas, no entanto, foi mais do que compensada por um recente impulso nas reservas de ouro nos mercados emergentes", assinala o FMI.
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