Notícia
Manifesto de economistas pede "medidas drásticas" pela "sobrevivência da UE"
Treze economistas de quatro universidades portuguesas apelam à rápida ação da União Europeia. Pode ser preciso pôr o Banco Central Europeu a "imprimir moeda", admitem.
São precisas "medidas drásticas" para lutar pela União Europeia e pelos valores democráticos que representa, perante a pandemia de Convid-19. Quem o diz é um grupo de treze economistas, que apresentou esta segunda-feira um manifesto a defender um conjunto de ações rápidas, a que o Negócios teve acesso. Por exemplo, é preciso um programa de resposta económica e financeira financiado pelo Banco Central Europeu.
O manifesto é assinado por Cátia Batista, Fernando Anjos, José Tavares, Pedro Brinca e Susana Peralta (economistas da Nova SBE), Fernando Alexandre, João Cerejeira, Luís Aguiar-Conraria, Miguel Portela e Odd Straume (da Universidade do Minho), Pedro Bação e Tiago Sequeira (da Universidade de Coimbra) e Sandra Maximiniano (do ISEG, da Universidade de Lisboa).
"A pandemia do Covid-19 é um evento extremo que pode ameaçar a sobrevivência da União Europeia (UE) e dos regimes democráticos dos seus membros", avisam. E por isso "a UE tem de atuar já, não só para evitar o sofrimento da sua população, mas também para se salvar a si mesma e os valores democráticos que diz defender."
Desde logo, para sustentar as medidas de apoio à economia é preciso acesso a financiamento de emergência e isso implica permitir que os países acumulem agora elevados défices orçamentais, sem temerem pela sua capacidade de financiamento futura, argumentam.
"Neste contexto de enorme incerteza, acreditamos que qualquer coisa semelhante à monetização do défice (possivelmente com nome diferente) é uma parte necessária da solução", defendem os economistas. "Face a circunstâncias excecionais, o Banco Central Europeu tem de ser autorizado a financiar tal programa", acrescentam, adiantando que "uma possibilidade é que o BCE o faça na forma de empréstimos de longuíssimos prazos (mais de 50 anos) a taxas de juro muito baixas (possivelmente, zero) e, com certeza, com amortizações muito diferidas no tempo e crescentes no tempo."
O grupo dos treze economistas coloca ainda a hipótese de "medidas drásticas, como imprimir moeda para entregar a alguns sectores da população e das empresas, ou a criação das Eurobonds ou das European Safe Bonds", sublinhando que "devem ser seriamente consideradas pelas autoridades políticas e pelo Banco Central Europeu."
Mais grave do que a última grande crise
Os economistas explicam que a situação que se vive atualmente "afeta a oferta e a procura simultaneamente" e que são de esperar "falhas nos pagamentos", sejam de empresas, sejam das famílias, que "não conseguirão pagar as rendas, as prestações aos bancos, o saldo do cartão de crédito, a escola dos filhos, os impostos". "Tudo isto pode tornar-se realidade para uma fração surpreendentemente grande da economia", em apenas "algumas semanas, possivelmente".
É expectável por isso "uma redução da atividade económica muito mais significativa agora" do que a vivida no pico da última crise financeira, argumentam.
Por isso, pedem um apoio direto ao rendimento das famílias e também várias formas de apoiar as empresas, nomeadamente garantir que continuam a ter acesso a financiamento. Isto para evitar "tensões na sociedade, potencialmente para níveis perigosos". O programa de financiamento tem de ser de "larga escala", nem que para isso seja preciso fazer alterações à legislação da União Europeia, admitem.
O manifesto é assinado por Cátia Batista, Fernando Anjos, José Tavares, Pedro Brinca e Susana Peralta (economistas da Nova SBE), Fernando Alexandre, João Cerejeira, Luís Aguiar-Conraria, Miguel Portela e Odd Straume (da Universidade do Minho), Pedro Bação e Tiago Sequeira (da Universidade de Coimbra) e Sandra Maximiniano (do ISEG, da Universidade de Lisboa).
Desde logo, para sustentar as medidas de apoio à economia é preciso acesso a financiamento de emergência e isso implica permitir que os países acumulem agora elevados défices orçamentais, sem temerem pela sua capacidade de financiamento futura, argumentam.
"Neste contexto de enorme incerteza, acreditamos que qualquer coisa semelhante à monetização do défice (possivelmente com nome diferente) é uma parte necessária da solução", defendem os economistas. "Face a circunstâncias excecionais, o Banco Central Europeu tem de ser autorizado a financiar tal programa", acrescentam, adiantando que "uma possibilidade é que o BCE o faça na forma de empréstimos de longuíssimos prazos (mais de 50 anos) a taxas de juro muito baixas (possivelmente, zero) e, com certeza, com amortizações muito diferidas no tempo e crescentes no tempo."
O grupo dos treze economistas coloca ainda a hipótese de "medidas drásticas, como imprimir moeda para entregar a alguns sectores da população e das empresas, ou a criação das Eurobonds ou das European Safe Bonds", sublinhando que "devem ser seriamente consideradas pelas autoridades políticas e pelo Banco Central Europeu."
Mais grave do que a última grande crise
Os economistas explicam que a situação que se vive atualmente "afeta a oferta e a procura simultaneamente" e que são de esperar "falhas nos pagamentos", sejam de empresas, sejam das famílias, que "não conseguirão pagar as rendas, as prestações aos bancos, o saldo do cartão de crédito, a escola dos filhos, os impostos". "Tudo isto pode tornar-se realidade para uma fração surpreendentemente grande da economia", em apenas "algumas semanas, possivelmente".
É expectável por isso "uma redução da atividade económica muito mais significativa agora" do que a vivida no pico da última crise financeira, argumentam.
Por isso, pedem um apoio direto ao rendimento das famílias e também várias formas de apoiar as empresas, nomeadamente garantir que continuam a ter acesso a financiamento. Isto para evitar "tensões na sociedade, potencialmente para níveis perigosos". O programa de financiamento tem de ser de "larga escala", nem que para isso seja preciso fazer alterações à legislação da União Europeia, admitem.